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Açúcar

A CEREJA NO BOLO
17/07/2010

O mercado de açúcar em NY fechou a semana com alta em todos os meses de vencimento, entre 8 e 12,80 dólares por tonelada para alegria e felicidade dos comprados. A demanda contínua de açúcar e os problemas de logística nos portos de Santos e Paranaguá são a cereja no bolo dos altistas. Os prêmios explodiram, com negócios no físico para embarque imediato chegando a 150 pontos de prêmio sobre o outubro/2010. Na média da semana, isso equivale a um preço FOB Santos de 18,89 centavos de dólar por libra-peso. Fazia tempo que não víamos isso. Talvez desde as importações russas que tinham diferenças tarifárias coincidindo com o inicio de safra no Brasil, que faziam com que o vencimento março (em que a oferta de açúcar do Centro Sul era baixa) negociasse a robustos prêmios sobre o maio.

Por que é que os prêmios sobem em vez dos futuros? Porque o problema está no físico (no mercado à vista), ou seja, os compradores querem satisfazer suas necessidades de compra aqui e agora. Não adianta a eles comprar o outubro, pois na melhor das hipóteses eles teriam o açúcar no destino final na primeira quinzena de novembro. A demanda é agora e para ter o produto pagam prêmios cada vez maiores para aproveitarem os altos preços negociados nos seus mercados consumidores. Simples assim.

Segundo alguns traders, a fila de espera para atracação de navios no porto de Santos corresponderia a mais de 3,3 milhões de toneladas de açúcar. Para se ter uma idéia da magnitude desse número, o recorde de embarques de açúcar num único mês foi de 2,55 milhões de toneladas em setembro de 2009. Isso em condições atmosféricas normais. Com a chuva que não para, estima-se que serão necessários pelo menos 45 dias para acomodar todo esse volume mais o embarque previsto para agosto. Ou seja, essa situação pode se arrastar também para o setembro e trazer uma apreciação para o spread outubro/março. Cada dia de chuva empurra com a barriga 85.000 toneladas de açúcar que deixam de embarcar, segundo um trader. Vamos aguardar.

Em um mês vimos o vencimento outubro/2010 em NY apreciando 25 dólares por tonelada e o prêmio para açúcar brasileiro apreciando mais 30 dólares por tonelada. Inimaginável há 2 meses.

Nota-se no mercado futuro um volume maior negociado nas puts (opções de venda) em relação às calls (opções de compra), clara demonstração de que os traders estão se protegendo de uma eventual acomodação de preços por parte do mercado. Particularmente entendo que acomodações de preços nos próximos 45 dias deverão se constituir em oportunidades de compra.

Na semana passada comentamos sobre o declínio da posição em aberto no mercado de NY. Gostaria de trazer a discussão com os leitores sobre o hedge ratio do açúcar (quantidade de lotes negociados no mercado futuro convertida em toneladas, dividida pelo volume físico negociado no mercado internacional). Em sete anos de pregão, de 1997 a 2003, o hedge ratio do açúcar era em média 7 por 1, ou seja, para cada tonelada negociada no mercado físico internacional havia sete toneladas negociada no mercado futuro. Em 2009, esse ratio foi de 28.

Mesmo considerando a presença crescente dos fundos depois de 2003 esse número parece exagerado. Mas qual deles está distorcido? O numerador ou o denominador? O numerador não dá para mudar, pois a quantidade de lotes negociada no ano todos sabem. A questão está no denominador, ou seja, estamos tomando como base apenas os negócios de açúcar no mercado internacional. Essa base (denominador) é maior que isso. Se imaginarmos que o hedge ratio razoável seria 18:1 (para nos aproximarmos da soja, por exemplo, que é um mercado consolidado) poder-se-ia dizer que o mercado de NY abrange uma cobertura de hedge (equivalente em açúcar) de 77 milhões de toneladas. Como o comércio internacional é de 52 milhões de toneladas, existem 25 milhões de toneladas equivalentes que representam outros mercados fora o internacional cujo apreçamento toma NY como base. Só no mercado interno no Brasil estima-se que até 8 milhões de toneladas sejam apreçadas contra NY. Os 17 milhões restantes podem ser hedges de etanol e de açúcar branco já que o volume de Londres minguou de alguns anos para cá. NY supre o hedge de outros mercados que não o do comércio internacional. Isso é notório.

Essas questões de chuva que atrapalham o embarque me remetem a uma história que ouvi quando trabalhei numa exportadora de café americana no final dos anos 70. O gerente geral que ficava em Santos ligava para seu funcionário no Paraná indagando se havia chovido ou não, preocupado que estava com os efeitos da chuva na qualidade da safra. A ligação diária era como relógio. “Fulano, aqui é doutor Beltrano, choveu aí?”, perguntava o chefe. “Não, doutor. Não tivemos chuva nenhuma”. E assim foi por semanas. Um dia, o funcionário paranaense não agüentou a rotineira pergunta e disparou: “Doutor, o senhor quer comprar café ou abrir uma fábrica de guarda-chuvas?”. Foi demitido. Que falta de humor.

No Fundo Fictício da Archer Consulting, o desempenho da semana foi um ganho de US$ 381.536,37. O resultado acumulado chega a US$ 5.590.156,73, com retorno anualizado de 241,32%. Encerramos a semana vendido no delta equivalente em 364 lotes, que vamos zerar na semana que vem vendendo 1200 puts (opções de venda) de preço de exercício de 16 centavos de dólar por libra-peso com vencimento para outubro.

Boa semana para todos.

Arnaldo Luiz Corrêa

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