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Açúcar

A CONSISTÊNCIA DE UM PREGO NA GELATINA
04/02/2011

O mercado de açúcar fez de tudo na semana que passou. Atingiu novas altas que incentivaram alguns leitores a disparar e-mails para este que vos escreve “cobrando” o fato de eu ter dito há algumas semanas que já tínhamos visto a máxima do mercado e, em seguida, derreteu “numa velocidade” (como diria um antigo comediante da TV) que fez arrepiar os cabelos dos incrédulos traders como passageiros de carrinho de montanha russa na descida destrambelhada.

Diga-se de passagem, que aquela queda de 300 pontos em 10 segundos foi uma das coisas mais toscas desse malfadado mercado eletrônico. Que saudades do pregão com humanos! Na sexta, NY acabou fechando a 32,64 centavos de dólar por libra-peso no vencimento março. A queda semanal foi de quase 30 dólares por tonelada para esse vencimento, e de 11 a 20 dólares por tonelada de queda nos vencimentos da safra 2011/2012. A maior pressão foi evidentemente nos meses com vencimento mais curto. Dizem os livros que um sinal precursor de enfraquecimento da demanda é a queda dos prêmios, o que tem efetivamente acontecido.

No dia em que NY atingiu novas altas, todo tipo de justificativa era dada pelo mercado, desde a complicada situação política do Egito – que faria o governo comprar alimentos para apaziguar o ânimo das massas enfurecidas – até o ciclone que atingiu a Austrália comprometendo a produção de açúcar daquele país. Inacreditável mesmo, como observou um trader, é de como “analistas” de mercado lá de fora se apressaram em quantificar a perda australiana menos de 48 horas depois do ocorrido. De dar inveja aos nossos agrônomos, ou fazê-los morrer de rir. No entanto, o episódio que supostamente deu mais gás ao mercado na subida não foi capaz de segurar a água de morro abaixo que foi a sessão de quinta-feira. Por que será?

A verdade é que o mercado está extremamente especulativo, funcionando ao sabor de altíssima volatilidade, sem aderência com a realidade, descolando dos fundamentos e deixando os executivos confusos sobre o que fazer e com receio de agir. Prato cheio para os vampiros da volatilidade. E aí que mora o perigo. Deixar de precificar seu produto por esses fatores é temerário. Custo de produção vis-à-vis preço de liquidação deveria fazer qualquer diretor comercial dar pulos de alegria. Mas ter que dar explicações do porque fixou a 25 quando o mercado chegou a 35, mesmo enchendo as burras de dinheiro, pode ser muito desconfortável. Ninguém vai acertar o olho da mosca voando.

Há muitos anos, diz a lenda, num mercado com características similares às desses dias, numa reunião de negócios um jovem executivo queria por que queria ouvir a opinião de um ícone do mercado. Interrompeu a fala do seu interlocutor e perguntou com olhos de curiosidade: “Seo fulano, o que o senhor acha do mercado? Vai cair ou vai subir?”. “Olha meu jovem, ou vai cair ou vai subir. Aonde está ele não fica”.

Baseando-se no fechamento da semana, a liquidação média dos açúcares da safra 2011/2012 chega a R$ 47,6283 por saca posto usina contra um custo de R$ 28,1479. Para 2012/2013 a liquidação está em R$ 38,9356. Ou seja, um retorno “sem osso” de 69,2 e 38,3% respectivamente. Pense bem: no seco, você compraria ou venderia uma commodity com essa remuneração?

Não precisa responder agora. Tem muita gente que ainda assim compraria. Um interessante artigo sobre o mercado de commodities publicado recentemente na revista The Economist observa que “os consumidores ficam tão desesperados em colocar suas mãos nas matérias-primas, que vão pagar por elas um preço bem acima do custo de produção”. Por isso vemos essa subida de preço das commodities numa época em que a economia dos países ricos passa por dias bicudos, o que ”sugere que uma das duas coisas está ocorrendo: ou a necessidade dos emergentes causa o crescimento da demanda que vai superar a oferta por um longo período de tempo, ou que novas fontes de oferta só poderão ser encontradas a um custo mais alto que o atual”. Um super ciclo de commodities pode estar surgindo para durar 15-20 anos, segundo a revista. Para ilustrar, nos últimos seis meses as três commodities que mais subiram foram o algodão (99,8%), o açúcar (72,9%) e o milho (69,5%).

A posição em aberto no contrato de etanol da BM&F Bovespa atingiu os 5.000 lotes (futuros e opções). Os preços apontam para uma remuneração de até 28% acima do custo de produção para os vencimentos mais curtos. No início da safra os preços estão bem deprimidos a ponto de valer a pena apontar os lápis e ficar de olho em oportunidades de arbitragem com o açúcar NY.

No Fundo Fictício da Archer Consulting, como não poderia deixar de ser, ajustamos a posição com prejuízo, comprando 200 lotes a 32,60 e depois reajustando e vendendo a 29,40. Ainda assim, fechamos a semana com um ganho de US$ 207.124,66 graças ao time-value, acumulando o ganho total para US$ 2.479.371,99, com retorno anualizado de 81,50% em 764 dias de existência. Nossa posição é de 53 lotes vendidos no delta. Os níveis de ajustes são 31,90 e 29,10.

Bom final de semana a todos.

Arnaldo Luiz Corrêa

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