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Açúcar

O PIOR DESEMPENHO DO ANO
24/01/2014

O mercado de açúcar em NY fez novas mínimas na semana que passou. O vencimento março/2014 encerrou o pregão de sexta-feira cotado a 15,11 centavos de dólar por libra-peso após ter negociado 14,97 centavos de dólar por libra-peso no início da semana, a menor cotação desde 10 de junho de 2010. No mês em que celebra seu 53º ano de existência no modelo atual, o contrato futuro de açúcar na bolsa de NY (conhecido como contrato número 11) parece um moribundo. Lembra a história de Lady Astor, primeira mulher eleita para o Parlamento Inglês, e nora de Waldorf Astor cujo hotel em NY é a sede do Jantar Anual do Açúcar, que acordou no seu leito de morte e vendo toda a família reunida ao redor da cama, perguntou: “Estou morrendo, ou hoje é meu aniversário?”. Ao contrário de Lady Astor, que morreu no mesmo dia, o mercado de açúcar respira por aparelhos, mas deve sobreviver. Haja reza.

O sentimento é muito ruim entre a maioria dos traders. Há tempos não presenciava tamanha apatia no mercado. A falta de demanda e a deterioração crescente dos descontos são assustadoras. 50 pontos de desconto para embarque imediato dá uma ideia da anorexia do mercado. Todos os meses de vencimento até outubro de 2016 fecharam em queda em relação à semana anterior, de 1 a 4 dólares por tonelada. No acumulado do ano, o açúcar já perdeu mais de 8%, liderando negativamente as commodities. O segundo pior desempenho é do trigo 6,8%.

Sabe qual é a média dos fechamentos do primeiro mês de negociação do açúcar em NY nos últimos 10 anos? Atenção, eu disse dez anos: 16,07 centavos de dólar por libra-peso! Ou seja, o mercado de açúcar está 100 pontos abaixo da média do fechamento dos últimos 10 anos. Assustador, não é? Isso não ocorria desde 2007.

Mas será que essa situação é tão desesperadora quanto parece? Alguém aí tem coragem de adicionar mais vendas a descoberto nos atuais níveis de preço? Os fundos contabilizam mais de 110,000 lotes vendidos. As usinas estão fixadas aproximadamente mais de 35% das vendas negociadas para a exportação da safra 2014/2015 e não devem ter muito mais para pressionar o primeiro vencimento (maio/14). A média de 100 dias e 200 dias está em 17,24 e 17,05 centavos de dólar por libra-peso. Os fundos se divertem tentando recuperar as perdas que tiveram quando estavam comprados numa média alta (18,49 centavos de dólar por libra-peso) e não conseguiram sair da posição comprada com lucro.

A média em reais por tonelada FOB desta safra é R$ 869,23. O valor mínimo que vimos foi R$ 783,20. Se o dólar der uma esticada até 2,5000 para alcançar o mínimo em reais equivalente, poderíamos assumir que o mais baixo que esse mercado poderia negociar seria 13,65 centavos de dólar por libra-peso. Se for assim, o potencial de baixa está limitado demais para se aventurar numa nova venda a descoberto. Por outro lado, o modelo da Archer Consulting mostra que o custo de produção médio apurado é de aproximadamente R$ 35 por saca posto Usina, o que daria 16,93 centavos de dólar por libra-peso FOB Santos com custo financeiro. Ou seja, com desconto no mercado de hoje, o açúcar apresenta uma margem líquida negativa de 13,53%, ao passo que etanol anidro e hidratado e açúcar no mercado interno remuneram positivamente. Portanto, vai haver uma priorização na produção de etanol no inicio da safra 2014/2015.

Em condições normais de temperatura e pressão é difícil elencar elementos que nos façam acreditar num mercado acima de 17 centavos de dólar por libra-peso, por exemplo. Mas, como o mercado de commodities não vem com manual de instruções, nunca se sabe. A fila de navios nomeados para carregar açúcar está em 1.262.130 toneladas, segundo informações da Williams, das quais 712 mil toneladas em Santos. Mudanças bruscas no preço do açúcar no mercado internacional, se ocorrem, terão que vir por problemas logísticos, atrasos no inicio da safra, chuvas ou uma combinação dessas. Os altistas, hoje, são espécies raras.

As cotações para 2015/2016, se combinadas com o contrato a termo de dólar sem entrega da moeda (mais conhecido como NDF) mostram uma média de quase R$ 44 por saca posto usina equivalente, que representa uma margem de 25% sobre o custo de produção. Os spreads maio/julho e julho/outubro, ambas para este ano, mostram uma taxa de carregamento embutida de 12% ao ano. Não parece fazer sentido esse spread tão largo (apesar da, ou devido a falta de demanda, mesmo). Para os consumidores industriais cativos, começa a fazer sentido antecipar compras vis-à-vis o custo de carregamento deles. Ou seja, os spreads tem tudo para estreitarem.

São fortes os rumores no mercado de que um executivo do setor financeiro teria sido afastado pela direção do banco, por pressão de Brasília, por ter-se posicionado, na mídia, contra medidas adotadas pelo governo que afetam negativamente o setor sucroalcooleiro. Espero que sejam apenas rumores. Mas não seria de todo estranhar que esses comunistas de caviar e champanhe tenham atitude parecida. O debate de ideias há muito deixou de existir no governo. Daí a dificuldade que o próprio setor tem de encontrar um interlocutor que faça esse papel. O problema não são os interlocutores que o setor elege, mas o nível das pessoas com quem ele/ela tem que interagir. O lema desse pessoal é “ou você concorda comigo ou é contra mim”. Opinar, discutir e fomentar ideias fazem parte do jogo de qualquer economia em países democráticos. Dilma e o partido que ela representa gostam mesmo é de censurar ideias tornando qualquer debate com essa gente um exercício para monge tibetano. O ex-deputado Fernando Gabeira resumiu bem, em artigo no Estadão, em abril do ano passado, o que é dialogar com essa gente: “Discutir com esse governo é o mesmo que jogar xadrez com um pombo. Ele sapateia no tabuleiro, desarranja todas as peças e sai com o peito estufado, proclamando vitória.”

Bom final de semana para todos.

Arnaldo Luiz Corrêa

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