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Açúcar

UNS DIAS PAR DE ÁS, OUTROS DIAS PAR DE DOIS
31/07/2015

O mercado futuro de açúcar em NY se comporta como uma interminável reprise de um filme de terror. A cada enxadada, uma minhoca. Desta vez, a semana encerrou a sexta-feira com o vencimento outubro de 2015 cravando 11.14 centavos de dólar por libra-peso, acumulando uma desvalorização de dois a dez dólares por tonelada na semana, pior para os vencimentos mais futuros que devem ter sido pressionados pela desvalorização do real que, combinada com uma taxa de juros brasileira de 14.25%, deixa as operações em reais de longo prazo mais atraentes para aqueles que podem fazer o hedge. Dependendo do vencimento, os valores em reais por tonelada para a safra 2016/2017 estão em torno de R$ 1.100.

Comparando com o fechamento do último dia útil de 2014, o açúcar já acumula este ano uma queda de 75 dólares por tonelada no primeiro mês de vencimento (R$ 12.74 por saca de 50 quilos). Outras commodities também amargam um prejuízo dessa magnitude, entre elas o café (28% de queda), o petróleo (17%) e o trigo (16%)

Os preços em reais por tonelada, no entanto, ainda continuam acima do valor mais baixo observado em setembro do ano passado. Para quebrar esse recorde negativo, considerando o do dólar a 3,4000 reais, por exemplo, podemos dizer que o mínimo que NY poderia negociar é 9.50 centavos de dólar por libra-peso, o mais baixo de sete anos. Os próprios fundos – apesar do cenário macroeconômico mundial desfavorável às commodities – devem ter um nível consensual que os empurre a cobrir as posições vendidas na bolsa e tomar lucro. 

A correlação entre a cotação do açúcar NY em centavos de dólar por libra-peso e o câmbio mostra que nos últimos 20 pregões a desvalorização do real explica 69% da queda da commodity na bolsa. Nos últimos 50 pregões, a importância do câmbio cai para 44% e nos últimos 100 dias ela foi de 57%. Por outro lado, se fizermos a correlação da liquidação diária do açúcar em reais por tonelada com a cotação do açúcar NY em centavos de dólar por libra-peso, notamos que ela é de 81% ou seja o valor em reais por tonelada é menos volátil e sofre influência de apenas 10% da variação cambial, ou seja um aumento do câmbio em um ponto percentual significa uma queda de apenas 0.1 ponto percentual no preço em reais.

E a operação da trading asiática recebendo uma quantidade enorme de açúcar na bolsa, hein? Será que vai vingar? Essa é a pergunta que todos se fazem. Penso que se der errado eles entregam o saldo não vendido de volta no outubro. Mas não acredito que isso vai acontecer. Estou mais propenso a pensar numa aposta dobrada. O mercado de commodities tem dessas peculiaridades. Assim como na mesa de pôquer às vezes recebemos um par de ás ou de figuras, mas em outras só dois e três. O “flop” pode não ter sido favorável até o momento, mas ainda há chance do “turn” e do “river” virarem o jogo. Vai que sai outro par de dois para virar uma quadra! Fichas, por favor.

O modelo desenvolvido pela Archer Consulting indica que em 30/junho passado as usinas estavam fixadas no total de 64.21% de suas vendas para a exportação da safra 2015/2016. O valor médio de fixação obtido pelas usinas, de acordo com o modelo, é de 15.14 centavos de dólar por libra-peso. Esse valor é equivalente R$ 948.76 FOB Santos. O dólar médio conseguido pelas usinas ao longo desse período de fixação foi de 2.7323. Talvez tenhamos menos pressão do que esperávamos visto que o volume fixado até agora é bastante robusto para a época (veja gráfico). 

Até a primeira quinzena de julho,   a produção de cana no Centro-Sul atingiu 230 milhões de toneladas com uma ATR média de 122.48 kg por tonelada de cana. Talvez o mercado ainda não tenha se dado conta, mas para produzir a mesma quantidade de ATR que produzimos o ano passado (78,2 milhões de toneladas ATR), o Centro-Sul terá que ter um rendimento a partir de agora de pelo menos 142.27 kg por ATR para atingir a mesma produção do ano passado (assumindo que vamos moer 581 milhões de toneladas de cana, segundo previsão da Archer). Rendimento como esse só vimos em 2013/2014 durante duas quinzenas em setembro e outubro. Vamos ajustar nossa previsão de safra para baixo.

Sêneca, um dos mais célebres advogados, escritores e intelectuais do Império Romano escreveu um texto, “A Apocoloquintose do Divino Cláudio” atacando o imperador romano, destacando seus vícios, sua inabilidade de governar e suas posições políticas mais controversas além do seu defeito de caráter. Sêneca teria escrito o mordaz texto, após a morte de Cláudio, provavelmente em resposta ao desterro imposto pelo imperador pelo envolvimento do escritor com a sobrinha dele. No texto, Sêneca descreve Cláudio ascendendo ao Olimpo após a morte na esperança de se tornar uma divindade, mas o Senado dos Deuses decide não o deificar por sua conduta na Terra e, depois de passar de mão em mão, Cláudio acaba no Hades (inferno) numa função menor. Essa é a frustração de Cláudio, que esperava a apoteose (transformar-se em Deus) mas acaba encarando a apocoloquintose (transformação em abóbora). O sentido aqui seria o de se transformar em um “banana”. Interessante como a história se repete. Dois mil anos depois, estamos assistindo a Apocoloquintose de Dilma.

 

Tenham todos um ótimo final de semana

 

Arnaldo Luiz Corrêa

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