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Açúcar

POR UMA CABEÇA
15/07/2016

Em 1935, o grande Carlos Gardel, o mais famoso dos cantores de tango da história, cuja nacionalidade até hoje é debatida (argentino, francês ou uruguaio), compôs um dos tangos mais belos já tocados cuja letra fala de um jogador compulsivo que arrisca a sorte nos cavalos, vicio só comparado à sua atração e paixão pelas mulheres. Sempre arriscando muito, perdeu tudo numa corrida de cavalos em que o seu favorito foi derrotado por uma cabeça de diferença.

O mercado de açúcar hoje merece – como fundo musical – um tango do imortal Gardel em homenagem àqueles que se apaixonam demasiadamente pelo risco. Serve para os fundos, que ainda carregam uma enorme posição comprada sem embolsar os lucros que chegam aos US$ 2 bilhões, serve também para as usinas que acreditam que os preços só têm uma trajetória (a de alta) e apostam que eles vão melhorar ainda mais e, nada fazem para se proteger de um eventual reverso. Correm o risco de, como o do triste personagem do tango de Gardel, perderem tudo por uma cabeça.

O mercado futuro de açúcar em NY fechou a semana com o primeiro mês de negociação, o vencimento outubro de 2016, cotado a 19.31 centavos de dólar por libra-peso, uma queda de 26 pontos em relação à semana anterior, quase 200 pontos da máxima do contrato negociada há apenas 10 dias (21,10 centavos de dólar por libra-peso).

Com a moagem atingindo bons volumes, quase 20 milhões de toneladas a mais no acumulado do ano comparativamente à safra anterior neste mesmo período e, consequentemente, maior disponibilidade de produto, é natural que os preços se acomodem. No entanto, este pode não ser um bom argumento. Acreditamos que o lucro que os fundos estão admirando neste momento é muito maior do que qualquer análise fundamentalista de encomenda. E a tomada de lucro pode ter sido o protagonista da semana. Isso tudo apesar de – uma vez mais ao longo dos últimos anos – um incêndio, desta vez no terminal açucareiro da Rumo, no porto de Santos, ter colocado mais fogo (sem trocadilho) no mercado, fazendo com que as cotações avançassem além dos 20.30 centavos de dólar por libra-peso.

Continuamos acreditando que o mercado deverá testar os 18.00-18.50 centavos de dólar por libra-peso antes de retomar – no último trimestre do ano – sua trajetória de alta, uma realização em torno de 300 pontos da alta do mercado. O mercado subiu bastante e muito rápido, seria natural que corrigisse no mesmo padrão. Note-se que muitas operações estruturadas foram feitas com puts (opções de venda) fora do dinheiro (19 centavos de dólar por libra-peso) financiadas com call (opção de compra) que estavam com volatilidade mais cara. Entre os preços de exercício de 18 e 19 centavos de dólar por libra-peso, para o vencimento outubro, existem 32.000 lotes em aberto. Os fundos liquidaram muito pouco de suas posições. Qual será a reação a qual assistiremos caso o mercado negocie perto da faixa de 18.00-18.50. Não se apaixone pelo mercado.

A primeira estimativa de fixação de preços das usinas no mercado de NY para a safra 2017/2018 aponta, segundo o modelo desenvolvido pela Archer Consulting, que até o final de junho/2016 entre 2.0 e 2.5 milhões de toneladas já haviam sido fixadas. O preço médio apurado foi de 15.93 centavos de dólar por libra-peso. Esse preço pode parecer baixo, mas temos que lembrar que no final do ano passado quando as cotações do açúcar em NY estavam em torno desse valor, o dólar negociava próximo de 4.0000 reais e foi o grande propulsor para que as fixações ocorressem tão antecipadamente. O valor médio ajustado de fixação, considerando as NDFs (contratos a termo de dólar com liquidação financeira), apontam para R$ 1.508,99 por tonelada, ou 65.78 reais por libra-peso, com prêmio de polarização.

Modelos são falhos. Imaginávamos que o percentual de fixação estivesse em torno de 15-20%, mas é razoável pensar que muitas usinas que dependem do limite de crédito dado pelas tradings (que continuam restritivas e selecionando seus fornecedores) não tenham ainda tido a oportunidade de fixar para 2017/2018 porque estão fora do limite ou do período autorizado pelas tradings. É claro que tem empresa 40% fixada, tem outras com 20% e muitas com quase nada.

Faltam algumas semanas para que o Brasil se livre definitivamente desse fantasma chamado Dilma Rousseff. Nem os mais pessimistas acreditam na volta de presidente afastada. Os investidores estrangeiros estão de olho no Brasil, a bolsa de valores teve uma semana de altas consecutivas enquanto o dólar despenca em relação ao real. Se chegarmos efetivamente à taxa de R$ 3.0000 e assumindo que o preço alvo de fixação das usinas fique em torno de R$ 1.500-1.600 por tonelada FOB, o preço de equilíbrio equivalente em NY teria de ficar entre 21.75 e 23.25 centavos de dólar por libra-peso. Está aí um bom nível para as usinas colocarem suas vendas de calls (opções de compra) e com o prêmio adquirem um put spread que melhor caiba no seu orçamento. Alternativamente, tem sempre como ouvir Gardel.

Reserve na sua agenda: estão abertas as inscrições para o 26° Curso Intensivo de Futuros, Opções e Derivativos Agrícolas a ser realizado nos dias 27, 28 e 29 de setembro de 2016 das 9 às 17 horas em São Paulo – SP. Para mais informações contate priscilla@archerconsulting.com.br.

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Bom final de semana.

Arnaldo Luiz Corrêa

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