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Café

CRISE POLÍTICA AFUNDA O REAL E PRESSIONA O CAFÉ
20/05/2017

A semana começou positiva para as commodities, lideradas pelo salto do petróleo e do açúcar – o primeiro influenciado pela conversa entre Rússia e Arábia Saudita em estender o acordo de corte de produção da OPEP e as matérias-primas em geral ajudadas pela queda do índice do dólar.

O café não conseguiu reagir e pegar carona na alta inicial, aliás, muito pelo contrário, o contrato de Nova Iorque foi quem mais caiu. Na terça-feira com o escorregão de algumas commodities o café caiu de novo.

Na quarta-feira, depois de inicialmente cair, finalmente Nova Iorque teve uma boa recuperação fechando tecnicamente firme e apontando para uma reversão da tendência baixista – com uma contribuição contínua do enfraquecimento do dólar, incluindo o Real negociando abaixo de 3.10.

No mesmo dia declarações do ex-diretor do FBI sobre uma nota escrita em uma conversa com Trump, na qual aparentemente o presidente solicitou suspender a investigação de seu ex-conselheiro de segurança, mexeu com os mercados acionários fazendo com que o S&P caísse 1.8% – volatilidade que há tempos não víamos.

Também na noite de quarta-feira uma nova rodada de descobertas de corrupções no Brasil, desta vez provocada pela colaboração “espontânea” do grupo JBS, colocou o presidente Michel Temer na berlinda, movendo o Real no after-market para 3.13.

Na quinta-feira o caos estava instalado com o real afundando para 3.4091 (nível que não víamos desde dezembro último), o IBOVESPA perdendo 11% e o café de novo apanhando com uma perda de quase US$ 5.00 centavos por libra.

A desvalorização da moeda brasileira só não foi maior durante a semana graças à intervenção do Banco Central Brasileiro, que provavelmente continuará atuando para tentar conter a volatilidade acentuada do Real, que pode piorar bastante tanto com a manutenção de um presidente que eventualmente não tenha poder de aglutinar sua base para votar reformas, quanto no momento em que que possa vir renunciar/sair da cadeira – até que surja um nome que devolva uma confiança à nossa tão castigada economia e situação política.

É impossível para o café ter forças de fazer um movimento acentuado de alta dentro deste cenário, ainda que tecnicamente na sexta-feira a performance tenha sido positiva. O grau de incerteza que vai rondar o Brasil pode servir de alento para uma eventual compensação de perdas do contrato “C”, via o enfraquecimento do real, permitindo que o produtor consiga receber o mesmo tanto de reais por saca.

Outro fator limitante pode ser a colheita estar entrando em pleno vapor nas principais regiões produtoras e os produtores terem se retraído de vendas durante praticamente todo o ano de 2017, ou desde a alta de novembro de 2016. Se de fato há um estoque de passagem maior do que se imaginava que teríamos neste momento, e que diversos agentes acreditam ser possível, então haverá também um volume maior de venda nas puxadas do terminal.

Claro que há também quem ache que o estoque é virtualmente zero, e para estes o mercado está dando uma bela oportunidade de compra, assim como creem que não haverá necessidade de venda dos produtores. O problema é a instabilidade do Real e o quanto isto se traduz em Nova Iorque estar “subindo”. Digo isto pois o contrato “C” em centavos de real por libra peso se afastou R$ 30 centavos da mínima de quarta-feira, voltando a negociar nos níveis de meados de abril.

Se por outro lado tudo for apenas um pesadelo e a moeda brasileira firmar novamente, voltamos a ter um mercado construtivo olhando apenas para o déficit em 17/18 de pelo menos 3 ou 4 milhões de sacas.

Na semana o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou diversos relatórios das origens produtoras de café. O órgão estima que a safra 17/18 do Brasil será de 52.1 milhões de sacas, 4 milhões a menos do que a atual, dividida entre 40.5 milhões de arábica e 11.6 milhões de sacas de robusta. Vale notar que o estoque de passagem a ser juntado a safra que está sendo colhida foi estimado em 5.41 milhões de sacas, no mesmo relatório sobre o Brasil. Para Colômbia a estimativa de 17/18 ficou em 14.6 milhões de sacas, 100 mil sacas a mais do que a atual. Índia deve produz 5.45 milhões de sacas, mais do que as 5.17 milhões de sacas do ano anterior. Na Indonésia a colheita esperada é 300 mil sacas maior, ou 10.9 milhões de sacas e, finalmente, para o Perú, o departamento estima uma produção de 4.5 milhões, frente as 4.21 milhões anteriores.

O resumo da oferta e demanda global, o relatório “World Markets and Trade”, só deve ser divulgado em junho somando a produção de todas as origens e constando o consumo e estoque mundial.

No Brasil a CONAB manteve a estimativa da produção de 17/18 em 45.5 milhões de sacas no seu segundo levantamento, ou 11.6% a menos dos 51.4 milhões de sacas da safra 16/17.

A Associação de Café Verde dos Estados Unidos, sigla “GCA” em inglês, divulgou os estoques mantidos em território americano totalizando 6,89 milhões de sacas, um incremento de 165,497 sacas no mês de abril, atingindo o mais alto patamar desde março de 1994.

Os diferenciais de cafés brasileiros não têm firmado com a oscilação do terminal, na verdade alguns corretores internacionais mencionaram em seus comentários semanais inclusive um barateamento para as posições mais largas – sinal negativo aos que potencialmente poderiam prover mais suporte ao mercado.

Como nem tudo é má notícia, os fundos devem ter aumentado suas apostas na baixa, estando provavelmente uns 14 mil lotes líquido-vendidos – considerando o relatório do COT e a atividade dos últimos três dias da semana.

Se o contrato de julho respeitar o nível de US$ 128.65 centavos por libra há chances de romper US$ 135.35 centavos, acionando então “stops” de compra para diminuir um pouco do mal humor recente.

Outro fator positivo é o índice do dólar ter caído para próximo de 97 pontos, nível que não se via desde o dia seguinte à eleição de Donald Trump, e cujo enfraquecimento deixa as commodities mais baratas – em um cenário aonde todo o resto parece caro – vide a alta do CRB recente.

Fora isto tudo não podemos esquecer do clima, sejam chuvas que estraguem a qualidade da produção brasileira ou frio que tragam risco de geada, ambas com potencial forte de alta principalmente se os fundos continuarem vendendo e ficarem com uma posição ainda maior vendida.

Uma ótima semana e bons negócios a todos,

Rodrigo Costa*

*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

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