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Café

CLIMA E DIFERENTES DIFERENCIAIS
04/09/2010

As bolsas de ações voltaram a ter uma performance positiva nesta semana com a leve recuperação dos índices de produção de manufaturados chineses e americanos, e com a queda menor do que esperada de postos de trabalhos nos Estados Unidos.

Na carona de uma nova rodada de alocações de recursos, as commodities se valorizaram bem, com destaque para os grãos, café e gás natural, o último bastante em função dos riscos de furacão.

O café encerrou o período com ganhos de US$ 10.71 por saca em Nova Iorque, subindo US$ 7.50 por saca em São Paulo, e com alta de apenas US$ 0.42 por saca em Londres.

Por mais prematuro que possa parecer para alguns, o mercado de café começa a negociar um prêmio em função do clima seco no Brasil e das chuvas contínuas na Colômbia e América Central.

No caso brasileiro a seca por enquanto é benéfica para o cafezal, dado que este estresse-hídrico ajuda a planta a guardar energia e depois florar tão logo as chuvas cheguem, mas mesmo assim os produtores ficam menos inclinados a oferecerem seus cafés a qualquer preço. Com relação as chuvas na Guatemala o receio é de doenças para as árvores em função da alta umidade, e na Colômbia o risco de redução do potencial de produção para a safrinha deles (conhecida como “mitaca”).

Com as novas altas dos mercados futuros, o Brasil aproveita para ir comercializando a sua safra, porém o custo de reposição para os exportadores se distancia significativamente do interesse de compra externo. Como referência podemos usar a arbitragem de dezembro BM&F contra ICE, que negocia a US$ 20 centavos/libra abaixo, e alguns negócios de FOB que saíram próximos de 30 abaixo, ou seja a conta não fecha. Os fazendeiros estão vendendo bem os seus cafés, cada vez a níveis mais altos, e como a necessidade de caixa não é grande, eles só vendem se o comprador pagar o que querem. Para quem tem café de qualidade a situação é ainda mais confortável. É aquele negócio, como faltou café suave, ou se preferir café-lavado, no mundo, a alternativa da indústria foi correr atrás de semi-lavados brasileiros, porém a maturação irregular no Brasil acabou decepcionando quem imaginava que o país produziria mais de 6 milhões de sacas entre semi e lavado, então o próximo substituto é o café natural finíssimo, e quem vai receber BM&F está considerando o contrato como tal.

Claro que que vendeu muito semi-lavado e não tinha cobertura está sofrendo, assim como sofrem aqueles que tem café grupo II e o baixo (consumo) fixado contra a bolsa, os quais os diferenciais só alargam dado que não acompanham a subida dos futuros. É um mercado difícil, que dá uma lição dura principalmente para os que não atentaram para esta mudança de comportamento dos diferenciais dos tipos distintos de cafés que carregam nos seus estoques. Eu lembro desta situação em 1997 quando eu ainda estava no Brasil trabalhando na exportação, a sintonia tinha que ser fina, e seguida de muito perto.

É bom salientar que o que estamos vivendo em termos de descolamento de diferenciais e subida de bolsa, ainda não tem dimensões de perda de produção em função climática, o que acontecendo poderá provocar uma subida ainda mais descontrolada dos mercados futuros. Como comentei no relatório da semana passada, o Brasil é o único país que pode abastecer a crescente demanda e a queda da produção de Colômbia e América Central. Há dez anos atrás Colômbia produzia em torno de 11 milhões de sacas por ano, enquanto México e os países da América Central (AC) tinham produção ao redor de 21 milhões de sacas. Hoje o primeiro não deve produzir 8 milhões de sacas neste ano, e um dos maiores dealers do mundo diz que a safra 10/11 não será acima de 8.5 milhões de sacas. A produção atual de México e AC está atualmente na casa de 16 milhões de sacas, ou seja, o mundo precisa de safras brasileiras grandes, e este é um dos motivos que fez com que os mercados futuros conseguissem subir em plena safra recorde brasileira. Claro que a alta também foi ajudada pelas compras dos fundos que acabaram tirando o folego dos vendedores, e do incremento da margem inicial que saiu de US$ 1,800.00 para US$ 5,500.00 por contrato. Aliás como o incremento da margem na queda da semana retrasada não trouxe estragos maiores para os comprados, e desde então os preços voltaram às máximas, agora o efeito acaba sendo ainda mais altista, pois “aperta” quem segura os hedges de venda.

Todo cuidado é pouco, e uma estratégia de defesa para o clima deve ser considerada tanto para quem pode ter seu fluxo de caixa exaurido, como para quem está long-basis (diferenciais). Como Londres não tem reagido, a arbitragem está em US$ 112 centavos por libra-peso, extremamente larga, e dado que diferente do arábica não haverá um superávit de café robusta/conillon nem este ano e nem no próximo, creio que seja interessante considerar vender puts (opções de venda) em Londres, e usar o prêmio para comprar calls (opções de compra) em Nova Iorque, mesmo que seja bem fora do dinheiro (com preços de exercícios mais altos), pois caso tenhamos perda com uma seca no Brasil, os preços podem subir MUITO mais.

Segunda-feira dia 6 é feriado nos Estados Unidos, dia do trabalho, e terça-feira o dia da independência do Brasil, uma semana curta mas que pode continuar provocando novas altas no café caso não se confirme a quebra do padrão climático seco no Brasil. Nova Iorque está com todo o jeito que quer testar US$ 200.00 centavos por libra para ver quem consegue continuar na mesa, veremos.

Não haverá comentário de café na próxima semana pois por política da empresa que trabalho não terei acesso aos meus e-mails ou à clientes por 5 dias úteis consecutivos (acontece uma vez por ano com todos aqui, é o tal do “sensitive leaving”).

Uma ótima semana e muito bons negócios para todos.
Rodrigo Costa*
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

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