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Açúcar

HORIZONTE DE EVENTOS
20/08/2012

O mercado de açúcar em NY fechou a semana com o outubro cotado a 20,18 centavos de dólar por libra-peso. Isso representa 12,35 dólares por tonelada de queda na semana. O vencimento outubro fechou a sexta com uma esquelética alta de 3 pontos depois de amargar torturantes 13 sessões no negativo. Os demais meses de vencimento fecharam com quedas entre 0,50 e sete dólares por tonelada. Desde que iniciou sua temporada de permanência em território negativo, em 31 de julho, o açúcar caiu 262 pontos em outubro, ou 58 dólares por tonelada e entre 59 e 216 pontos ao longo da curva no mesmo período, ou seja, quedas entre 13 e 48 dólares por tonelada nesse mês de agosto. A propósito, o açúcar foi a segunda commodity que mais caiu este mês (11.6%) logo depois do café (12.3%).
O spread outubro/março, termômetro para o mercado físico de exportação, negocia com desconto de 72 pontos, ou seja, desvalorizou-se mais 5 dólares por tonelada na semana. Quanto custa para uma trading de primeira linha receber açúcar na expiração do contrato futuro de outubro e carregá-lo até o vencimento seguinte, de março de 2013? Com 72 pontos para pagar a conta, deve ter muita gente apontando os lápis e se preparando para comprar esse spread. Vale o risco pelo mar de incertezas que teremos nos cinco meses que separam um vencimento e outro. E, cá entre nós, estamos cansados de ver esse filme.

O debate sobre energia versus alimento chegou até as Nações Unidas com o problema de seca nos Estados Unidos. A entidade pressiona os Estados Unidos para interromper a produção de etanol o que pode fazer com que, no longo prazo, o Brasil possa se beneficiar disso exportando para os americanos.

Os físicos chamam de horizonte de eventos a fronteira teórica que circunda um buraco negro, cuja força da gravidade é tão violenta que até mesmo a luz, que viaja no espaço à velocidade de 300 mil quilômetros por segundo, é sugada para dentro dele, pois a velocidade de escape do buraco – cujo adjetivo negro se deve ao fato de não refletir nenhuma parte da luz – é maior que a velocidade da própria luz. Nesse campo, dizem os cientistas, as leis da física vivem um paradoxo e não podem ser aplicadas, pois resultariam em absurdos matemáticos. O horizonte de eventos é a fronteira do espaço-tempo.

Antes que o leitor pergunte se eu fiz uso de alguma substância antes de escrever esse texto, o tal horizonte de eventos foi a primeira coisa que me veio à cabeça analisando o mercado atual do açúcar. Desde 1961, quando o mercado futuro de açúcar foi inaugurado no atual formato, apesar de ter sido lançado em 1914, a semana passada, após 12.876 pregões, foi a primeira vez na história que o primeiro mês de vencimento negociou em baixa por 13 dias consecutivos. O recorde anterior de quedas contínuas – apenas 9 – ocorrera no século passado, dia 27 de janeiro de 1999 por ocasião da desvalorização cambial no Brasil e antes dele, somente os nove dias de limite de baixa (em vigor na época) em novembro de 1974. Ou seja, esses momentos são raríssimos no cinquentão contrato número 11 de NY.

O horizonte de eventos do açúcar está longe de ser um absurdo matemático, mas o desempenho do mercado tem ora ignorado os fundamentos que estão no horizonte e prometem dar-lhe sustentação, ora exagerado na falta de notícias e propiciando essa situação de deixar boquiaberto muitos traders. A tal fronteira espaço-tempo, a zona de crepúsculo, na antológica criação de Rod Serling, tem endereço e CEP.

Os aspectos baixistas são sobejamente conhecidos e há muito absorvidos no mercado. Os aspectos altistas estão na boca do forno: a) aumento iminente da gasolina; b) perspectiva de cana bisada; c) aumento da mistura de etanol para 2013; d) soja e milho apreciando 40-60%, para mencionar alguns.

O mercado interno está bem morno com pouca atividade. Segundo um executivo do setor, já dá para sentir o esfriamento da economia via consumo de refrigerantes e sucos.

Os consumidores e indústrias alimentícias norte-americanas pagam entre US$ 3.5 e US$ 4.5 bilhões a mais sobre o açúcar devido à política de subsídio daquele país. A Secretaria de Orçamento do Congresso estima que o excedente de açúcar que o governo compra e vende, com prejuízo, para os produtores de etanol, vão custar US$ 374 milhões na próxima década, não incluindo neste número o gasto com pessoal, gestão e fiscalização do programa. Para cada emprego criado sob esse regime de subsídios perdem-se três devido aos custos impostos aos fabricantes por preços artificialmente elevados do açúcar.

Na média do ano, o açúcar para o mercado de exportação liquidou a R$ 43,6621 por saca, posto usina. O preço mais baixo em reais ocorreu em 5 de junho (R$ 38,3923). A média do açúcar para o mercado interno (pegando ESALQ) foi R$ 4 por saca melhor no mesmo período.

O custo de produção do açúcar apurado pelo modelo da Archer Consulting, considerando o CONSECANA médio da safra e o dólar médio dos últimos 30 dias, está em 35,6720 reais por saca na usina, sem custo financeiro.

Tenham todos uma excelente semana

Arnaldo Luiz Corrêa

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