O mercado de açúcar fechou a semana em alta em sintonia com as commodities que se recuperaram na sexta-feira depois de navegarem em território negativo por toda a semana. O contrato para março expira na segunda-feira; o maio fechou a 28,74 centavos de dólar por libra-peso com ganho semanal de 7 dólares por tonelada. Nos demais meses de vencimento houve variação positiva entre 6 e 21 dólares por tonelada. O mercado espera uma entrega sem grandes emoções entre 300-500 mil toneladas enquanto o físico continua mais largado que nunca.
Quem atendeu à conferência em Dubai ocorrida na semana passada, voltou bem menos entusiasmado com os preços. Tom bastante diferente das últimas edições das quais a maioria voltou extremamente altista. Dessa vez as opiniões foram mais divergentes sobre a trajetória de preços.
Acredito já termos visto a alta do mercado esse ano. Mesmo porque, para repetir o valor negociado no vencimento março, que foi de 36,08 centavos de dólar por libra-peso (dia 2 de fevereiro), o maio teria que subir mais de 25%, o outubro/11 e o março/12 teriam que subir mais de 40%. Haja mudança nos fundamentos do mercado para apoiar esse movimento. No entanto, o fato de já termos presenciado a alta do ano não quer dizer que o tom agora tenha que ser baixista. O mercado de açúcar é outro desde 2005 com a chegada dos carros flex. Ou seja, temos que olhar com muita atenção o mercado de combustível. É que, por mais paradoxal que possa parecer, ou seja, apesar da volatilidade altíssima que temos presenciado no açúcar, muito mais em função de fatores exógenos já discutidos aqui, o etanol e o açúcar estão muito mais aderentes (correlacionados em termos de preço) do que estavam antes de 2005. Um estudo da Archer Consulting comprova isso. Correlações entre 0,85 e 0,89 abrem as portas para operações de hedge de etanol usando a bolsa de NY, se o volume necessário for maior do que a BM&F Bovespa pode propiciar.
Num relatório sobre o petróleo, publicado nesta quinta-feira, a MB Associados aponta que “a tendência de elevação nos preços do petróleo teve início já no final de 2010, quando começou a ficar mais claro que a recuperação mundial, em especial nos países emergentes e, mais recentemente, nos EUA, estaria a caminho”. Essa retomada reduziu “os estoques mundiais, os quais haviam subido fortemente no ápice da crise em 2009”. Isso sugere uma situação apertada nesse mercado que começa a se refletir nos preços (esta semana o petróleo subiu quase 15%). A MB observa que “o preço do petróleo deve continuar pressionado nos próximos meses, podendo, inclusive, bater os 120 dólares o barril, mas deverá encerrar o ano, em torno dos 100 a 110 dólares o barril na média anual”. Traduzindo isso para o etanol, o mercado tem um suporte nos preços acima do custo de produção. A queda das cotações em NY pode se constituir numa oportunidade de compra. Por outro lado o governo brasileiro tem a difícil missão de absorver o impacto da elevação do preço do petróleo no mercado internacional, não contaminando o preço da gasolina no mercado interno que é um alimentador da inflação, suprir o mercado de combustível e comprar etanol a preços que não incentivem as usinas a produzirem mais açúcar. Tá fácil, hein? Vamos ver.
Essa me lembra uma história contada pelo Pepe, ex-jogador do Santos e treinador do time no ano de 1973. O Santos jogava contra o Bayern de Munique, de Beckenbauer, camisa 5, sob uma tempestade de neve. O time tomava um vareio de 3 a 0. Pepe chama Pitico, um jogador folclórico, que estava no banco. Pitico toma um gole de conhaque para aguentar o frio, corre até o técnico que lhe passa as instruções: “Pitico, entra lá e faz o seguinte, dá suporte pra defesa, tenta fazer a ligação com o ataque e vai pra frente. Tenta fazer pelo menos um gol. E não deixa o número 5 pegar na bola”. Pitico olhou pra dentro de campo e disparou: “Seu Pepe, tudo isso por 2.000 cruzeiros por mês?”.
A volatilidade das opções dá sinais de fadiga. Os prêmios deterioram mais rapidamente. Quem vendeu volatilidade está com um sorriso largo no rosto e muitos dólares no bolso.
Entra em funcionamento na próxima terça-feira na bolsa de NY o sistema de cotações implícitas, que consiste em combinar ordens de compra e venda, e uma revisão das diretrizes no tratamento de picos de preço no curto prazo. Em outras palavras, a bolsa vai cancelar preços negociados fora de um intervalo razoável de preços (que eles chamam de “limite de razoabilidade”). E o que é considerado um pico de preço? Se o preço do açúcar cair e depois subir, ou subir e depois cair, em 90 segundos ou menos, sem que haja uma notícia amplamente disponível que claramente tenha afetado o açúcar ou produtos relacionados. Para o açúcar o limite de razoabilidade é de 150 pontos. Entendeu?
A Archer Consulting aderiu ao twitter. Você pode nos seguir no @ArcherBrazil.
No Fundo Fictício da Archer Consulting compramos na abertura de terça-feira, 200 lotes no vencimento maio/2011 para zerar nossa exposição ao preço de 28,81 centavos de dólar por libra-peso, o que acabou sendo muito bom. Fechamos a semana com um lucro de US$ 461.937,19, elevando o ganho acumulado (em 785 dias) para US$ 4.328.462,63 com retorno anualizado de 117,81%. Nosso delta está short em 135 lotes. Vamos ajustar a posição se o mercado bater 29,40 no maio (comprando 200 lotes) ou 27,40 (vendendo 200 lotes).
Tenham todos um excelente final de semana.
Arnaldo Luiz Corrêa
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