O mercado de açúcar em NY fechou a semana bastante firme. As altas na bolsa variaram entre 16 e 120 pontos, ou seja, de 3,50 a 26 dólares por tonelada. Evidente que a maior variação positiva foi em cima do outubro que espelha a demanda do mercado internacional que aproveita os mercados consumidores com preço aquecido e reflete via prêmios as dificuldades de logística nos portos do sudeste brasileiro. O outubro explodiu e os preços no físico valem quase 19,50 centavos de dólar por libra-peso.
O mercado físico continua firme com prêmios, mencionados na semana que passou, entre 110 e 130 sobre o outubro. A questão é que na formação de basis, ou seja, na maneira como os prêmios são construídos, entra de maneira direta, entre outras coisas, o frete marítimo e o quão aquecido está o mercado consumidor final (vulgo, oferta e demanda). Entra também o demurrage (sobre-estadia do navio), ou seja, quanto que o vendedor (usina ou trading) estima pagar pela demora no carregamento do navio. Bem, com a fila de espera no porto de Santos de mais de 100 navios, que um executivo do mercado jocosamente comparou com o tipo “pegue a sua a senha e espere ser chamado”, os vendedores correm o risco de ver os polpudos prêmios serem devorados pela conta do demurrage. Assim sendo, se houver necessidade urgente de açúcar, os prêmios terão que subir ainda mais. Mas não parece adiantar pois – como diria o poeta – a espera é triste. Os prêmios para setembro são de 50-60 sobre outubro e para outubro, de apenas 10-20 pontos.
Há duas semanas mencionamos aqui sobre a posição em aberto nas calls que vencem em Outubro. Dissemos que era um perigo escondido o fato de haver naquela ocasião mais de 120.000 lotes (6,096 milhões de toneladas) entre os preços de exercício de 17 e 22 centavos de dólar por libra-peso. De lá para cá o mercado subiu 160 pontos (35 dólares por tonelada), a posição em aberto dos futuros subiu 31.000 lotes (1,575 milhão de toneladas) e a posição nas opções mencionadas aumentou 4.000 lotes (200 mil toneladas). Pelo delta, há duas semanas, a posição era de menos de 2 milhões de toneladas, com o fechamento de sexta-feira pulou para 2,7 milhões de toneladas. Pode ser que o movimento de pressão de compra no futuro de outubro continue por alguns dias, pois os vendedores das calls (opções de compra) a descoberto precisam zerar suas exposições comprando futuros ou recomprando as calls (opções de compra) vendidas. Isso coloca o mercado para cima. Vamos ver.
A estimativa da Archer Consulting é que o volume fixado pelas usinas para a safra 2010/2011 está entre 16,747 e 20,933 milhões de toneladas ao preço médio de 19,78 centavos de dólar por libra-peso. Se estimarmos a exportação brasileira em 25 milhões de toneladas, então as usinas estão fixadas entre 67% e 84%. Houve uma aceleração nesse movimento nas últimas semanas. Os produtores aproveitaram as altas para fixarem mais açúcar.
A volatilidade histórica (calculada sobre 20 pregões) passou os 50%. O mercado continua inseguro e paga mais para ter proteção. Volatilidade em commodities está intimamente relacionada com descompassos na equação da oferta e demanda. A oportunidade agora é de vender opções, seja calls (opções de compra) para as usinas e tradings, ou puts (opções de venda) para os consumidores industriais.
A posição em aberto do contrato de etanol na BM&F Bovespa ultrapassou os 1.000 lotes. Os negócios se estendem até março de 2011. Fique de olho nas arbitragens. Distorções em mercados de menor liquidez são mais freqüentes. As oportunidades estão aí para serem aproveitadas.
No Fundo Fictício da Archer Consulting, conforme anunciado, vendemos 1200 puts (opções de venda) de preço de exercício de 16 centavos de dólar por libra-peso, coletando 44 pontos de prêmio. Encerramos a semana vendidos no delta em 846 lotes equivalentes. Como o mercado fechou em alta e a volatilidade também, amargamos um prejuízo na semana de US$ 899.838,96 diminuindo nosso lucro acumulado para US$ 4.690.317,77. Se o outubro negociar igual ou acima de 18,57 centavos de dólar por libra-peso, vamos comprar 1.000 lotes futuros para zerar a exposição.
Boa semana para todos os leitores!
Arnaldo Luiz Corrêa
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