A PEÇA QUE FALTA

 

O fechamento da semana em NY mostrou mais do mesmo, ou seja, mercado sobe e cai na dança dos algoritmos e na falta de elementos fundamentalistas que substanciem uma elevação de preços. Portanto, NY encerrou o pregão de sexta-feira cotado a 27.33 centavos de dólar por libra-peso para o contrato com vencimento em março/24, acumulando uma queda de 44 pontos na semana, equivalentes a quase 10 dólares por tonelada. Os demais vencimentos dos contratos correspondentes à safra 24/25 do Centro-Sul oscilaram entre 32 e 46 pontos de queda (aproximadamente de 7 a 10 dólares por tonelada).

O mercado segue em busca dos 30 centavos de dólar por libra-peso. Bateu 28,18 na semana. Contudo, é essencial reconhecer que as informações que impulsionam essas altas já estão incorporadas ao mercado e, em teoria, devem estar refletidas nos preços vigentes. Os mercados de commodities tipicamente antecipam eventos, não reagindo somente à sua ocorrência. Assim, para que os preços continuem sua trajetória ascendente em direção ao emblemático patamar de 30 centavos de dólar por libra-peso, seria necessário um evento surpreendente e de grande impacto. Resta a questão: quais seriam esses possíveis eventos?

Observe que o mercado já precificou a expectativa de que a Índia não realizará exportações de açúcar este ano. Além disso, antecipou a potencial diminuição da produção açucareira da Tailândia, consequência direta dos efeitos de uma seca severa. O governo tailandês evidencia que a regulação do preço do açúcar no país é um instrumento eficaz no combate à inflação, o que implica em uma expectativa de diminuição das exportações. O discutido déficit global de açúcar, amplamente debatido no setor, assim como o lineup nos portos brasileiros (veja mais logo a seguir) também já estão contemplados nos preços atuais do mercado.

O que ainda pode trazer um quadro mais preocupante (para os vendidos) para os preços do açúcar é um eventual recrudescimento da crise no Oriente Médio com reflexos nos preços do petróleo e o tamanho da cobertura necessária por parte dos consumidores industriais de açúcar. As indústrias, na esperança de preços mais favoráveis, retardaram suas compras de matéria-prima, uma estratégia que pode ter se mostrado ineficaz diante de preços que não diminuíram conforme esperado. Agora, qualquer venda significativa por parte dos fundos especulativos, que atualmente estão em posição de compra, acaba sendo mitigada pela demanda desses consumidores que se encontram atrasados em suas aquisições.

Mas, tem um ponto que é absolutamente importante para a consecução desse plano (os 30 centavos): a presença ativa dos fundos especulativos. Sem eles, a tarefa será muito mais desafiadora e novos fatores terão que surgir com força suficiente para impulsionar o mercado com a mesma eficácia. É essa a peça que falta.

Como se sabe, o mercado de energia está anêmico. Em um mês o petróleo tipo Brent caiu 6.35%, o tipo WTI recuou 9.37% e o gás natural despencou 18.91%. Em paralelo, a UNICA divulgou os recentes números de moagem de cana-de-açúcar do Centro-Sul: até o dia 1º de novembro, foram processadas 560,5 milhões de toneladas de cana, um volume apenas superado pela safra de 2020/2021. Analisando dados históricos dos últimos doze anos, o volume moído até esta data corresponde, em média, a 89,4% do total da safra. Com base nesses dados, estima-se que a moagem total para a safra atual alcance cerca de 627 milhões de toneladas de cana.

A reação do mercado a qualquer indicação de exportação de açúcar pela Índia, a uma safra tailandesa que supere as expectativas ou a uma produção do Centro-Sul que atinja 41,6 milhões de toneladas de açúcar pode ser volátil. Se qualquer um desses eventos se concretizar, os fundamentos que atualmente sustentam as posições compradas dos fundos especulativos poderiam ser questionados, possivelmente levando a uma reavaliação de suas estratégias de investimento. Ou, no popular, “sai de baixo que lá vem venda”.

A história do mercado nos lembra que, frequentemente, após grandes altas, vêm quedas expressivas. O exemplo de janeiro de 2011 é emblemático, onde um preço médio em Nova York de 32,09 centavos de dólar por libra-peso foi seguido por um declínio de 32% em maio. Este padrão repetiu-se nos meses de maio após picos em janeiro de anos subsequentes, com quedas de 16%, 24% e 15% em 2015, 2017 e 2018, respectivamente. Mais recentemente, em 2020, um pico em fevereiro foi sucedido por uma queda de 29% em maio. Ah, mas hoje é diferente…

Contudo, cada ano traz consigo um conjunto distinto de circunstâncias. O ano corrente, com seus desafios e configurações únicas, pode não se alinhar inteiramente aos padrões anteriores, sugerindo que enquanto podemos olhar para o passado em busca de insights, as peculiaridades do presente sempre têm o potencial de surpreender o mercado.

Por outro lado, a análise da sazonalidade do açúcar com base nos últimos 25 anos e nos dados desta safra em curso estima que o preço médio do contrato de NY em fevereiro/24 pode chegar a 28.11 centavos de dólar por libra-peso. Muita informação, não é mesmo?

Até o fechamento dos dados em 31 de outubro de 2023, observamos que as usinas efetuaram a fixação de preços para um volume expressivo de mais de 11,18 milhões de toneladas de açúcar. O preço médio alcançado foi de 22,06 centavos de dólar por libra-peso. Quando convertemos este valor para o real, observamos um equivalente de R$ 2.544 por tonelada FOB Santos, incluindo o prêmio de polarização.

Outubro presenciou uma desaceleração nas atividades de fixação, possivelmente influenciada pela expectativa de preços mais atrativos para os contratos com vencimento a partir de outubro de 2023. Historicamente, a fixação de preços para uma nova safra concentra-se nos primeiros contratos do ciclo (maio e julho). A redução das negociações em bolsa, que apresentou um decréscimo de 43% no mês de outubro, com 2,07 milhões de contratos futuros negociados contra 3,6 milhões no mês anterior, também é um fator relevante.

Segundo a Williams, o lineup no porto de Santos na quarta, dia 8, estava em 5,259,000 toneladas de açúcar esperando para serem embarcadas. O tempo médio de espera dos cinco terminais listados era de 33,54 dias. Há duas semanas, o tempo médio de espera era de 25,19 dias. Resumo: os açúcares que estão chegando hoje, vão esperar um período adicional de 8 dias em média comparativamente há duas semanas. Ou seja, a coisa está piorando.

O crédito é insumo essencial para o agro!! Entenda como funciona o financiamento do agro através do mercado de capitais. Aprenda a dinâmica operacional de estruturas de crédito, como CRAs e FIAGROs. Conheça o programa: https://archereducation.com.br/curso-mercado-de-capitais-e-o-financiamento-no-agronegocio/ Curso online dias 21, 22, 23, 28, 29 e 30 de novembro. Das 19h às 22h. Última oportunidade de 2023!! Mais informações priscilla@archereducation.com.br

Um excelente final de semana para todos

Arnaldo Luiz Corrêa

 

 

New York’s closing this week was more of the same, that is, the market goes up and down to the rhythm of the algorithms and in the absence of fundamentals that substantiate a price increase. Therefore, NY closed out Friday’s trading floor at 27.33 cents per pound for the contract expiring in March/2024, accumulating a fall of 44 points over the week, equivalent to almost 10 dollars per ton. The other contracts corresponding to the Center-South 2024/2025 crop fluctuated between 32 and 46 points down (approximately from 7 to 10 dollars per ton).

The market continues in search of 30 cents per pound. It reached 28.18 over the week. However, it is essential to recognize that the information driving these highs is already incorporated into the market and, in theory, should be reflected on the current prices. continues in search of 30 cents per pound. Thus, in order for prices to continue their upward trajectory towards the iconic level of 30 cents per pound, a surprising and impactful event would be necessary. The question is: what would these possible events be?

Note that the market has already priced in the expectation that India will not export sugar this year. Additionally, it anticipated the potential reduction in Thailand’s sugar production, a direct consequence of the effects of a severe drought. The Thai government indicates that sugar price regulation in the country is an effective tool in combating inflation, implying an expectation of reduced exports. The discussed global sugar deficit, widely debated in the sector, as well as the lineup at Brazilian ports (see more below) are also contemplated in the current market prices.

What could still bring a more concerning scenario (for the shorts) for the sugar prices is a possible escalation of the crisis in the Middle East with impacts on oil prices and the size of the necessary coverage on the part of the industrial sugar consumers. Industries, hoping for more favorable prices, have delayed their purchases of raw material, a strategy that might have turned out ineffective in face of prices that have not gone down as expected. Now, any significant sales on the part of the speculative funds, which are currently at a long position, ends up being mitigated by the demand of these consumers that are behind on their acquisitions.

But there is an absolutely important point for the achievement of this plan (the 30 cents): the active presence of the speculative funds. Without them, the job will be much more challenging and new factors will have to come along with enough strength to push the market with the same efficacy. That’s the missing piece.

As it is known, the energy market is anemic. In a month, Brent oil fell 6.35%, type WTI retreated 9.37% and natural gas plummeted 18.91%. At the same time, UNICA released the recent figures of the Center-South sugarcane crushing: up until November 1, 560.5 million tons of sugarcane have been processed, a volume only surpassed by the 2020/2021 crop. Analyzing historical data of the last twelve years, the crushed volume up until this date corresponds to 89.4% of the crop total on average. Based on these data, it’s estimated that the total crushing for the current crop will reach about 627 million tons of sugarcane.

The market response to any sign of sugar export by India, to a Thai crop that goes beyond the expectations or to a Center-South production that reaches 41.6 million tons of sugar can be volatile. If any of these events materialize, the fundamentals currently supporting the long positions of the speculative funds could be second-guessed, possibly calling for a reassessment of their investment strategies. Or, in layman’s terms, “look out below because here comes selling.”

The history of the market reminds us that, often, after great highs, there are significant falls. The example of January 2011 is emblematic, where an average price in New York of 32.09 cents per pound was followed by a 32% decline in May. This pattern was repeated in the months of May after peaks in January of subsequent years, with falls of 16%, 24%, and 15% in 2015, 2017, and 2018, respectively. More recently, in 2020, a peak in February was followed by a 29% drop in May. Ah, but today is different…

However, each year brings with it a distinct set of circumstances. The current year, with its unique challenges and configurations, may not entirely align with previous patterns, suggesting that while we can look to the past for insights, the peculiarities of the present always have the potential to surprise the market.

On the other hand, the analysis of sugar seasonality based on the last 25 years and on the data of this current crop estimates that the average price of the NY contract in February/2024 can come to 28.11 cents per pound. That’s a lot of information, isn’t it?

Up until the closing of the data on October 31, 2023, we saw that the mills fixed prices for an amazing volume of more than 11.18 million tons of sugar. The reached average price was 22.06 cents per pound. When we convert this value into real, we see an equivalent to R$2,544 per FOB Santos ton, including the polarization premium.

October witnessed a slowdown on the fixation activities, possibly influenced by the expectation of more appealing prices for the contracts maturing from October/2023 on. Historically, pricing for a new crop concentrates on the first contracts of the cycle (May and July). The reduction of negotiations at the exchange, which showed a drop of 43% in October, with 2.07 million futures contracts traded against 3.6 million in the previous month, is also a relevant factor.

According to Williams, the lineup at the Santos port on Wednesday, the 8th, was at 5,259,000 tons of sugar waiting to be loaded. The average waiting time of the five listed terminals was 33.54 days. Two weeks ago, the average waiting time was 25.19 days. In short, the sugar arriving today will wait an additional period of 8 days on average compared to two weeks ago. That is, things are getting worse.

Credit is an essential input for the agribusiness! Understand how agribusiness financing works through the capital market. Learn the operational dynamic of the credit structures, such as CRAs and FIAGROs. Get to know the program: https://archereducation.com.br/curso-mercado-de-capitais-e-o-financiamento-no-agronegocio/ On-line course on November 21, 22, 23, 28, 29 and 30 from 7:00 pm to 10:00pm. Last opportunity in 2023! For further information, contact priscilla@archereducation.com.br.

You all have a great weekend.

 

Arnaldo Luiz Corrêa

 

Compartilhe

Filtre por palavra chave

Assine nossa newsletter

pt_BRPT
Pular para o conteúdo