OS FUNDAMENTOS ESTÃO MUDANDO?

OS FUNDAMENTOS ESTÃO MUDANDO?

Mais uma semana com o Set-24 oscilando +1.690 pontos entre a mínima e a máxima e encerrando @ +217,35 centavos de dólar por libra-peso (mínima / máxima / fechamento respectivamente @ +203,65 / +220,55 / +217,35 centavos de dólar por libra-peso). Já o café tipo robusta voltou a testar os +4.000 US$/tonelada na bolsa de Londres dando novo suporte ao mercado do café robusta (o vencimento julho-24 encerrou @ +3.892 US$/tonelada – equivalente @ +1.207 R$/saca – e o vencimento novembro-24 @ +3.709 US$/tonelada – equivalente @ +1.150 R$/saca). Apesar das chuvas terem voltado nas principais áreas produtoras do Vietnam muitos analistas já estão afirmando que essas chuvas não serão suficientes para conseguir recuperar as lavouras para a safra atual em estágio de desenvolvimento / enchimento dos grãos (então, por ora vamos seguir considerando que a próxima safra do Vietnam 24/25 será ao redor dos +24 milhões de sacas).

O R$ continuou oscilando entre +5,10/+5,18 R$/US$ e encerrou a semana @ +5,1740 R$/US$ com tendência de seguir desvalorizando podendo “buscar os +5,50 R$/US$” em breve (influenciado pelas notícias vinda de Brasília com o governo já sinalizando um certo “conforto” em não respeitar a meta da inflação nos +3,00% ao ano e que os juros deverão encerrar o ano entre +10,00% / + 10,50% ao ano).

Em R$/saca o mercado interno segue negociando a preços “interessantes” com o café tipo robusta voltando a negociar entre +1.000 / +1.100 R$/saca, o café tipo arábica tipo 6 entre +1.150 / +1.250 R$/saca e o café arábica tipo “cereja descascado” entre +1.200 / +1.350 R$/saca (dependendo da localização / certificados).

A Conab* divulgou sua projeção para a safra atual 24/25 em +58,81 milhões de sacas sendo +42,21 milhões de sacas para o café tipo arábica e +16,70 milhões de sacas para o café tipo robusta. O USDA* também divulgou a atualização para algumas outras origens e o mercado segue aguardando com grande expectativa a divulgação da projeção para a safra brasileira (último número está em +66,30 milhões de sacas).

Mesmo sem sabermos o tamanho da safra 23/24 e apenas no início das operações de colheita da safra atual 24/25 (também uma incógnita) já temos alguns “mágicos” estimando que a próxima safra 25/26 deverá superar os +80 milhões de sacas! Possível? Sim. Provável? Por enquanto muito cedo para afirmar / concordar com qualquer estimativa. Poderemos ter uma visão melhor após o período do inverno passar (ainda nem começou) e como será o período/incidência das chuvas entre agosto/dezembro-24 (nesse final de semana, com algumas chuvas já caindo em algumas regiões produtoras, já tivemos a confirmação de algumas floradas antecipadas em algumas regiões)! Sabemos que muitos produtores continuam expandindo na expansão, renovação e investimentos em irrigação/tecnologia nas suas lavouras. Então, creio que o Brasil produzindo acima dos +80 milhões de sacas é apenas uma questão de tempo…

Com todos esses “números” e atualizando o meu quadro da “oferta x demanda” (assumindo as minhas premissas conforme quadro abaixo) o mercado deverá continuar muito firme nos próximos meses! Se os dados iniciais da produção global do USDA* e a expectativa do consumo do ICC* estiverem certos então, mesmo com o Brasil produzindo acima dos +66,30 milhões de sacas na safra 24/25 (e extrapolando as próximas safras 25/26 e 26/27 para +76 / +78 milhões de sacas) o índice “estoque x consumo” estará entrando em níveis críticos, ficando abaixo dos 10% pelos próximos 3 anos! Com isso poderemos ver preços muito firmes voltando em breve a superar os +250 centavos de dólar por libra-peso – e quem sabe, buscando os +300 / +350 centavos de dólar por libra-peso (aproximadamente +1.700 / +2.000 R$/saca)!

 

Durante o seminário do café em Santos nessa semana algumas tradings conceituadas e respeitadas no mercado já sinalizaram um déficit* na oferta do café robusta entre -5/-10 milhões de sacas – em função da possível quebra do Vietnam e problemas na safra brasileira (com uma produção 24/25 estimada no Vietnam entre +24/+25 milhões de sacas e uma safra brasileira do café tipo robusta entre +20/+24 milhões de sacas). Pela minha análise creio que poderemos ter um déficit* global entre -10/-20 milhões de sacas – a depender exclusivamente do Brasil! Pelo relato de muitos produtores creio que dificilmente o Brasil irá produzir uma safra 24/25 total acima dos +60 milhões de sacas!

Novamente, creio que o grande “fazedor de preço” daqui para a frente será o tamanho do “estoque de passagem” da safra 23/24 para a safra atual 24/25 e as exportações brasileiras mensais nos próximos 14 meses! Com base nos últimos números da Cecafé* o Brasil deverá exportar em Maio-24 acima dos +4,50 milhões de sacas. E, se em junho-24 o Brasil voltar a exportar acima dos +4,00 milhões de sacas então o Brasil irá terminar o ano safra julho-23/junho-24 acima dos +47,50 milhões de sacas!

Segundo relatos de muitos produtores a safra atual já está sinalizando um “sinal vermelho” tanto no café tipo robusta quanto no café tipo arábica! A operação de secagem vem apresentando quebra significativa (entre -15%/-30%) e muito pouco café sendo classificado acima da peneira 17/18! A quantidade de “café miúdo” está assustando muitos produtores. A confirmação e divulgação dessas noticias durante essa semana serviram para sustentar o mercado e dar novo sinal de compra aos fundos + especuladores. Segundo a última publicação do CFTC* os fundos + especuladores aumentaram a posição “comprada” no período em +1.801 lotes e estão agora “comprados” em +44.258 lotes.

Mesmo com o vencimento das opções no próximo dia 12 de junho se aproximando vejo cada vez mais distante a possibilidade do mercado voltar a buscar os +190 centavos de dólar por libra-peso (apesar da quantidade “razoável” das opções de venda “Put*” em aberto entre os “strikes*” +220 / +195 centavos de dólar por libra-peso). Agora, revendo a posição das opções de compra “call*” em aberto acima dos +215 centavos de dólar por libra-peso e, dependendo do apetite dos fundos + especuladores, então +240 centavos de dólar por libra-peso voltou a ficar na “zona de atenção”!

A posição em aberto encerrou na última sexta-feira respectivamente em “strike / lotes em aberto” como segue:

No curto prazo o vencimento Julho-24 encontra importantes suportes respectivamente @ +209 / +206,90 / +195 centavos de dólar por libra-peso e resistências @ +220 / +230 / +238 centavos de dólar por libra-peso.

Com muitos compromissos assumidos tanto os produtores quanto as cooperativas provavelmente serão obrigados e segregar a partir deagora os grãos “acima da peneira 17/18” para poder “blendar” em doses homeopáticas para conseguir atender outros compromissos com peneira/qualidade já assumidos. Muitos produtores estão aguardando finalizar a colheita para voltar ao mercado para negociar o saldo da sua safra com base no “efetivamente colhido”. Pela expectativa por preços melhores, deverão vender “bem devagar” até o final do ano. Daqui para a frente café “cereja descascado” e “café peneira 17/18” deverão ser negociados “a tapa” entre os compradores e quem tiver essa qualidade de café poderá vender com um ágio significativo! Então, produtor, atenção e invista no curto prazo em “segregação” para cafés acima da peneira 17/18!

Mesmo com o “mosquito da alta” ter voltado ao mercado nessa semana, muito cuidado e, como sempre, PROTEJAM-se!

Cuidado e atenção para as vendas futuras, para as “travas” das safras 25/26, 26/27.

Ainda teremos muitos eventos climáticos nos próximos meses que poderão afetar as próximas safras ao redor do mundo. E, aqui no Brasil, a principal origem do mundo, o inverno ainda nem começou!

 

Não perca o Curso Avançado de Futuros Opções e Derivativos – Commodities Agrícolas, presencial, em São Paulo, dias 25 (terça-feira) e 26 (quarta-feira) de junho. Esta provavelmente será a única oportunidade esse ano de você fazer um curso que virou referência no mercado e já foi atendido por mais de 3.000 profissionais de diversos setores do agronegócio. Para mais informações contate priscilla@archerconsulting.com.br.

Boa semana a todos!

Marcelo Fraga Moreira*

 

*Marcelo Fraga Moreira é um profissional há mais de 30 anos atuando no mercado de commodities agrícolas, escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.

** “Call” = opção de Compra

** “Put” = opção de Venda

** “Compra Call-Spread” = compra e venda simultânea de 2 Opções de Compra comprando a Opção com preço de exercício mais baixo vendendo a Opção com preço de exercício mais alto);

** “Venda Call-Spread” = venda e compra simultânea 2 Opções de Compra vendendo a Opção com preço de exercício mais baixo e comprando a Opção com preço de exercício mais alto);

** “Compra Put-Spread” = compra e venda simultânea 2 Opções de Venda comprando a Opção com preço de exercício  mais alto e vendendo a Opção com preço de exercício mais baixo);

** “Venda Put-Spread” = venda e compra simultânea 2 Opções de Venda vendendo a Opção com preço de exercício  mais alto e comprando a Opção com preço de exercício mais baixo);

** “CFTC” = Commodity Futures Trading Commission – agência independente do governo dos Estados Unidos que regula os mercados de futuros e opções das commodities;

** “IBGE” = Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

** “Cecafé” = Conselho dos Exportadores de Café do Brasil

** “SECEX” = Secretaria comércio exterior

** “CNC” = Conselho Nacional do Café

** “USDA” = Departamento da Agricultura dos Estados Unidos

** “FNC” = Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia

** “FAS” = Serviço Agrícola Estrangeiro do USDA*

** “OIC” = Organização Internacional do Café

** “GCA” = Green Coffee Association

** “ABIC” = Associação Brasileira da Indústria de Café

** “Sincal” = Associação dos Produtores do Brasil

** “NDF” = (Non-Deliverable Forward), um contrato a termo de moeda com liquidação financeira, com vencimento para aquele mês

** “Pib” = Produto Interno Bruto

** “FED” = Banco Central Americano

** “NOAA” = Departamento Nacional da Atmosfera e Oceanos dos Estados Unidos

** “EUROSTAT”  = Serviço de Estatística da União Europeia responsável pela publicação de estatísticas e indicadores de elevada qualidade a nível europeu que permite a comparação entre países e regiões

** “OPEP” = A Organização dos Países Exportadores de Petróleo

** “FOMO” = É caracterizada pela necessidade constante que uma pessoa tem de saber o que outras estão fazendo. FOMO, sigla que vem da expressão em inglês “fear of missing out”, que traduzida para o português significa “medo de ficar de fora”.

o investidor fica com receio em perder uma oportunidade no mercado e sai “comprando ou vendendo” para não ficar de fora da “oportunidade” divulgada na mídia (FOMO = Free of missing out A Organização dos Países Exportadores de Petróleo

** “COOXUPÉ” = Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé

** “Coccamig” = Cooperativa Central de Cafeicultores e Agropecuaristas de Minas Gerais

** “PIB” = Produto interno Bruto de um país

** “COPOM” = Comitê de Política Monetária, é um órgão do Banco Central. Ele foi criado em 1996 com o objetivo de traçar e acompanhar a política monetária do país. Esse é o órgão responsável pelo estabelecimento de diretrizes a respeito da taxa de juros

** “BASIS” = O basis é a disparidade de preço causada pela diferença geográfica entre os pontos de entrega da commodity. Ele é calculado subtraindo o valor da commodity no mercado físico em determinada praça, pelo preço do mesmo produto no mercado futuro.

** “Bandas de bollinger” = do inglês bollinger bands, é um indicador de volatilidade bastante utilizado para prever se um ativo está sobre-comprado, estável ou sobre-vendido. Ele é formado por duas médias móveis, uma superior e outra inferior que indicam tal informação. São alguns atributos desse indicador:

  • Antever os níveis de preço de um ativo
  • Antecipar topos e fundos de preço no gráfico
  • Mostrar a intensidade de valorização ou desvalorização de um ativo

Portanto, este indicador tenta mostrar se uma ação está barata ou cara, em um determinado período de tempo.

Desse modo, ele é indicado para operações de curto prazo, day trade ou swing trade.

O autor da técnica é o americano John Bollinger (nascido em 1950), analista financeiro e colaborador da área de análise técnica. John lançou o seu livro Bollinger on Bollinger Bands em 2001, mas essa técnica começou a ser desenvolvida por ele ainda na década de 1980. As bandas são derivadas das médias móveis e mostram que, independente de qualquer movimento que o preço faça, ele tende a voltar a um equilíbrio. Portanto, temos aí um “estreitamento das bandas” no gráfico de candlestick.

** “PMI” = A sigla PMI significa, em inglês, Purchasing Manager’s Index e é um indicador que mede a atividade econômica de um país a partir de pesquisas mensais realizadas por uma empresa privada.

Assim, o PMI também é conhecido como Índice de Gerentes de Compra e seu principal objetivo é fornecer informações sobre a temperatura de alguns setores da economia e orientar os diversos profissionais do mercado.

 

 

 

Compartilhe

Filtre por palavra chave

Categories

Assine nossa newsletter

pt_BRPT
Pular para o conteúdo