[:pt]2025 PROMETE SER UM ANO DE FORTES EMOÇÕES[:]

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Esse é o nosso primeiro comentário do ano depois de recarregarmos as nossas baterias. Ainda bem, pois se janeiro serve de termômetro, podemos dizer que este ano será um daqueles em que a gestão de risco (e os nervos) serão testados ao limite. O contrato futuro de açúcar em NY com vencimento para março cotado a 19.40 centavos de dólar por libra-peso, uma alta de 38 pontos (8.40 dólares por tonelada) em relação à sexta-feira anterior.

A recente queda expressiva do açúcar teve três grandes culpados. O primeiro foi a desvalorização do real em relação à moeda norte-americana, que empurrou as usinas para a fixação de preços, aproveitando os bons valores em reais por tonelada. O segundo fator foi a atuação dos fundos não-indexados (especulativos), que, ao verem o mercado despencando, decidiram vender ainda mais agressivamente. De acordo com o CFTC (Commodity Futures Trading Commission), a agência americana reguladora do mercado de commodities, o Commitment of Traders, com base na posição da última terça-feira, eles estão vendidos a descoberto em 129,000 contratos (uau !!!). O terceiro elemento foi o alívio na narrativa pessimista sobre a safra corrente. No terceiro trimestre do ano passado, o mercado se assustou com os incêndios e a seca, prevendo um estrago considerável na produção do Centro-Sul e um impacto na safra seguinte, essa que se inicia em março. Mas, como sempre, a realidade adora contrariar as previsões mais dramáticas.

Segundo a UNICA, até a primeira quinzena de janeiro, a produção acumulada foi de 614 milhões de toneladas de cana, 39.8 milhões de toneladas de açúcar e 34.6 bilhões de litros de etanol total, dos quais 8.2 bilhões vieram do etanol de milho. Para a safra 2025/26, a Archer Consulting estima que a produção de cana será de 596.75 milhões de toneladas, com um mix açucareiro de 51.9%, impulsionado pelas novas fábricas de açúcar que estarão a todo vapor. Isso deve resultar em uma produção de 41.5 milhões de toneladas de açúcar, um aumento de 4.2% em relação à safra anterior. O etanol total deve alcançar 33 bilhões de litros, incluindo 9.4 bilhões de litros de etanol de milho.

No cenário global, a Índia deve produzir entre 27.5 e 28 milhões de toneladas de açúcar, já descontadas as 4 milhões de toneladas destinadas à produção de etanol. Com um consumo estimado de 29 milhões de toneladas, o estoque de passagem em setembro de 2025 pode cair para 4.5 milhões de toneladas, 2.5 milhões a menos do que no ano anterior. Isso pode gerar preocupações e volatilidade no mercado.

A posse de Trump foi bem mais silenciosa do que muitos esperavam, mas ainda há incertezas. Se o presidente americano decidir elevar as barreiras comerciais contra a China, o Brasil pode acabar sendo beneficiado como fornecedor alternativo, aumentando a demanda por grãos brasileiros e, indiretamente, afetando a formação de preço do etanol de milho e por contaminação, o mercado de etanol de cana.

A fixação das usinas para 2025/26 já chegou a 60.75% do volume exportável, um nível alinhado com os anos anteriores. O preço médio obtido foi de 19.02 centavos de dólar por libra-peso, já incluindo o prêmio de polarização. Em reais, esse valor ficou na casa dos R$ 2.500 por tonelada. Esse alto nível de fixação aumenta a pressão sobre a posição vendida dos fundos. Se eles precisarem recomprar suas posições rapidamente, podem enfrentar problemas de liquidez e o mercado pode exagerar na reação. Não custa lembrar que, em dezembro de 2023, quando os fundos estavam comprados e tentaram sair da posição, vimos uma queda superior a 19% em relação ao preço médio de novembro.

Alguns fatores podem ajudar a sustentar os preços ao longo do ano. Um real mais forte eleva o custo de produção do açúcar em centavos de dólar por libra-peso, o que empurra o ponto de equilíbrio para cima. Além disso, com as usinas já bem vendidas, a pressão de venda na bolsa tende a ser menor nos vencimentos de maio e julho. Outro ponto relevante é que o Brasil deve exportar menos açúcar este ano, depois de ter embarcado 38.2 milhões de toneladas em 2024. A política energética de Trump, que favorece os combustíveis fósseis, também pode dar uma forcinha para os preços do petróleo, o que, por tabela, pode respingar positivamente no etanol.

Por outro lado, há fatores que podem pressionar os preços para baixo. O mix açucareiro desta safra será maior do que o da anterior, o que significa mais açúcar no mercado. A Petrobras continua segurando o preço da gasolina nas refinarias, o que impacta a competitividade do etanol. A crise fiscal brasileira segue sem solução e pode, em algum momento, enfraquecer o real. Além disso, a alta dos juros pode afetar o consumo de maneira geral.

No lado técnico, segundo Marcelo Moreira, o vencimento julho/25 abriu o ano a 18.05 centavos de dólar por libra-peso, caiu para 16.43 no dia 21 de janeiro e fechou a semana a 17.54. O gráfico sugere uma formação ombro-cabeça-ombro invertida, com suportes em 17.27 e 16.29 centavos de dólar por libra-peso. Já as resistências estão em 18.13, 18.85 e 19.96. O spread outubro/25 – março/26 chegou a -40 pontos e fechou a semana a -38. Seguimos acreditando que ele pode abrir até -70, com eventual stop a -30.

Se há uma certeza para 2025, é que a volatilidade será uma companheira constante. O comportamento dos fundos, a política energética global e os fundamentos de oferta e demanda vão ditar o ritmo do mercado. Para quem opera, esse será um ano em que gestão de risco será tão essencial quanto o cafezinho antes de abrir a tela de cotações.

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Um bom final de semana a todos!

Arnaldo Luiz Corrêa

 

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