[:pt]A REAL SITUAÇÃO DAS LAVOURAS NA REGIÃO DA ALTA MOGIANA![:]

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O Dez-24 chegou a cair -1.320 pontos e encerrou @ 248,40 centavos de dólar por libra-peso (fechamento anterior / máxima / mínima / fechamento respectivamente @ 257,30 / 256,10 / 244,10 / 248,40 centavos de dólar por libra-peso). O volume médio diário voltou a ficar acima dos +40.000 lotes por dia. A posição dos fundos + especuladores, segundo a última divulgação do CFTC*, encerrou ainda “grande” nos +42.000 lotes (mesmo com o mercado caindo -3.000 pontos desde o último dia 26 de setembro quando negociou @ 275 centavos de dólar por libra-peso). E o R$ “estável” ao redor dos 5,70 R$/US$.

 

A semana começou em forte queda pois, provavelmente, os algoritmos “reconheceram” nos seus programas que as chuvas do final de semana foram “suficientes para recuperar as lavouras e o Brasil voltar a produzir uma “super safra” no próximo ciclo 25/26”! Junto com as chuvas os “pessimistas de plantão” continuaram publicando notícias indicando uma produção global agora na safra 24/25 em 176,20 milhões de sacas – continuam utilizando os dados do USDA* referente a safra brasileira em 69,90 milhões de sacas (que já está em revisão também).

 

Minha estimativa continua para uma produção global na safra atual 24/25 entre +155 /+ 160 milhões de sacas com um consumo global (segundo projeção da OIC*) em +180 milhões de sacas! Com base nas últimas atualizações das safras do Vietnam, Colômbia, Indonésia e Brasil é praticamente impossível o “mundo” ter produzido 176,20 milhões de sacas no ciclo atual!

 

Da mesma forma, foi divulgado na quarta-feira o conteúdo de um dos painéis realizados na conferência do café que ocorreu em Santos no mês de maio-24. Também “notícia velha e já desatualizada” onde os panelistas aguardavam um equilíbrio entre a oferta mundial x consumo mundial para a safra atual 24/25! Ora, esse painel ocorreu há 5 meses e de lá pra cá muita coisa mudou! Da mesma forma, esse “equilíbrio” entre oferta global x consumo global só faz sentido considerando o estoque de passagem global (estimado ao redor dos 25/30 milhões de sacas)! Porém, com base na “produção global x consumo global” o déficit global nesse ciclo será entre -15/-24 milhões de sacas!

Lembrar que o “estoque de passagem” em cada país não está sendo divulgado por muitas origens há anos (caso do Brasil e dos Estados Unidos, por exemplo), e todos os dados referente “estoque de passagem são apenas estimativas”…

 

A safra brasileira14/25 foi revista para baixo pela Conab* (+54,80 milhões de sacas) e a seca castigou o sudeste / centro-oeste brasileiro por 5-6 meses – uma das piores secas já registradas nas principais áreas produtores de café dos últimos anos! Muitos produtores confirmaram terem ficado 180 dias sem chuvas nas suas lavouras. O déficit hídrico chegou a superar os -300 milímetros em várias regiões, com índices abaixo dos -200 milímetros sendo o padrão normal.

 

As “chuvas milagrosas” dos últimos dias favoreceram as floradas recém divulgadas! Foram lindas, sem dúvidas! Com base nas “floradas” os “baixistas de plantão” conseguiram derrubar os preços momentaneamente! Mas a realidade no campo é outra!

 

Após uma visita in loco nessa semana na região da Alta Mogiana – visitando mais de 15 fazendas e conversando com os proprietários, agrônomos e “palpiteiros de plantão” – o cenário para o próximo ano 25/26 é muito crítico!

 

Muitas lavouras que não deveriam ter sido podadas e com a expectativa para produzirem na próxima safra 25/26 foram finalmente podadas após 150-180 dias sem chuvas! O produtor não teve opção!

 

Muitos produtores também decidiram pela recepa adicional em parte das suas lavouras pois o calor escaldante acabou danificando em muito as lavouras! Ou seja, agora essas lavouras só irão produzir no ciclo 26/27.

 

Mesmo fazendas com irrigação sofreram muito, com planas na mesma linha e talhão completamente irregulares! Apresentam folhagem “satisfatória” porém com pegamento da florada irregular!

 

Muitos botões florais estão com espaçamento inadequado. Quando os chumbinhos começarem a desenvolver provavelmente irão derrubar os chumbinhos vizinhos. Em muitas áreas já foi possível identificar muitas floradas abortadas…

 

Muitas lavouras (em quilômetros de estradas) completamente desfolhadas, bem secas, sem a menor chance de recuperarem para a próxima safra 25/26… Muito triste!

 

Muitos produtores desolados pois já para esse ano estavam prevendo colher 3-5-8 mil sacas e colheram –15%/-20% do esperado! Para a próxima safra 25/26, para essa região, a expectativa geral é para uma quebra adicional entre -20/-30% do que foi colhido na safra atual 24/25…

 

Outros produtores ainda mais preocupados pois realizaram as vendas futuras via “travas” e já sabem que não terão produto para entregar e honrar os compromissos assumidos! Ainda existem travas sendo entregues no valor de 600-700-800 R$/saca!

 

Esse mesmo problema climático e estado atual das lavouras encontradas na região da Alta Mogiana vem sendo confirmado nas demais principais regiões produtoras (cerrado mineiro, sul de Minas, Bahia, Rondônia, Espirito Santo).  

 

Alguns agrônomos presentes (e com quilômetros de “pé no campo”) já estão estimando a próxima safra brasileira 25/26 com produção em pelo menos -20%/-30% abaixo da safra atual 24/25 (independente do “número final escolhido” para essa safra), devendo ficar bem abaixo dos 50 milhões de sacas (safra total entre café tipo arábica e robusta).

 

Considerando então a estimativa da Conab* em 54,80 milhões de sacas, a do “mercado” em 63 milhões de sacas e a do USDA* em 69,90 milhões de sacas, então a próxima safra brasileira 25/26 deverá oscilar entre +44 / +56 milhões de sacas!

 

Considerando uma queda no consumo interno brasileiro para 20 milhões de sacas (em função do aumento dos preços), então o Brasil terá disponível para exportar APENAS entre +24/+36 milhões de sacas!

 

Com o consumo mundial crescendo +2% ao ano, então o consumo para o ano 25/26 deverá ficar acima dos +182 milhões de sacas! Novamente teremos um déficit global entre “produção x consumo” ao redor dos -17 milhões de sacas! Creio que, “tudo indo bem”, a próxima produção global 25/26 será ao redor dos 165 milhões de sacas e o consumo em +182 milhões de sacas.

 

Volto a afirmar que os próximos 3 anos serão críticos para o mercado cafeeiro atingir um “quadro oferta x demanda” equilibrado! Qualquer queda nos preços poderá ser uma oportunidade para os “sobre vendidos” recomprarem as posições e poderem “dormir tranquilo”!

 

O próximo vencimento das opções do contrato Dez-24 será no próximo dia 8 de novembro! Interessante notar que nas opções de compra “call*” do strike 290 centavos de dólar por libra-peso durante os últimos dias a posição em aberto reduziu de 6.123 lotes para 2.264 lotes – e aumentaram as posições nos strikes 270/275/280 centavos de dólar por libra-peso. E no strike dos 300 centavos de dólar por libra-peso a posição ficou praticamente estável (ainda com 4.700 lotes em aberto)!

 

Realmente, após essa viagem pela região da Alta Mogiana não tem como não ficar altista para os próximos anos! 300 centavos de dólar por libra-peso “é logo alí”! E depois? Quando o “cisne negro”, quando a realidade do estado das lavouras pegar os “vendidos” pelo bico? 350/400 centavos de dólar por libra-peso? Possível!!

 

Produtor, como sempre PROTEJA-SE!

 

Se tiver feito travas para o próximo ano e já sabe que não irá conseguir honrar seus compromissos compre uma opção de compra “call*” ou uma estrutura “call-spread*” para se proteger!

 

No curto prazo o Dez-24 encontra suportes importantes @ 242 / 236 / 225 centavos de dólar por libra-peso e resistências @ 253 / 260 / 272 centavos de dólar por libra-peso!

 

 

Como sempre, proteja-se!

 

 

Boa semana a todos!

 

Marcelo Fraga Moreira*

 

*Marcelo Fraga Moreira é um profissional há mais de 30 anos atuando no mercado de commodities agrícolas, escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.

 

** “Call” = opção de Compra

** “Put” = opção de Venda

** “Compra Call-Spread” = compra e venda simultânea de 2 Opções de Compra comprando a Opção com preço de exercício mais baixo vendendo a Opção com preço de exercício mais alto);

** “Venda Call-Spread” = venda e compra simultânea 2 Opções de Compra vendendo a Opção com preço de exercício mais baixo e comprando a Opção com preço de exercício mais alto);

** “Compra Put-Spread” = compra e venda simultânea 2 Opções de Venda comprando a Opção com preço de exercício  mais alto e vendendo a Opção com preço de exercício mais baixo);

** “Venda Put-Spread” = venda e compra simultânea 2 Opções de Venda vendendo a Opção com preço de exercício  mais alto e comprando a Opção com preço de exercício mais baixo);

** “CFTC” = Commodity Futures Trading Commission – agência independente do governo dos Estados Unidos que regula os mercados de futuros e opções das commodities;

** “IBGE” = Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

 ** “Cecafé” = Conselho dos Exportadores de Café do Brasil

** “SECEX” = Secretaria comércio exterior

** “CNC” = Conselho Nacional do Café

** “USDA” = Departamento da Agricultura dos Estados Unidos

** “FNC” = Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia

** “FAS” = Serviço Agrícola Estrangeiro do USDA*

** “OIC” = Organização Internacional do Café

** “GCA” = Green Coffee Association

** “ABIC” = Associação Brasileira da Indústria de Café

** “Sincal” = Associação dos Produtores do Brasil

** “NDF” = (Non-Deliverable Forward), um contrato a termo de moeda com liquidação financeira, com vencimento para aquele mês

** “Pib” = Produto Interno Bruto

** “FED” = Banco Central Americano

** “NOAA” = Departamento Nacional da Atmosfera e Oceanos dos Estados Unidos

** “EUROSTAT”  = Serviço de Estatística da União Europeia responsável pela publicação de estatísticas e indicadores de elevada qualidade a nível europeu que permite a comparação entre países e regiões

** “OPEP” = A Organização dos Países Exportadores de Petróleo

** “FOMO” = É caracterizada pela necessidade constante que uma pessoa tem de saber o que outras estão fazendo. FOMO, sigla que vem da expressão em inglês “fear of missing out”, que traduzida para o português significa “medo de ficar de fora”.

o investidor fica com receio em perder uma oportunidade no mercado e sai “comprando ou vendendo” para não ficar de fora da “oportunidade” divulgada na mídia (FOMO = Free of missing out A Organização dos Países Exportadores de Petróleo

** “COOXUPÉ” = Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé

** “Coccamig” = Cooperativa Central de Cafeicultores e Agropecuaristas de Minas Gerais

** “PIB” = Produto interno Bruto de um país

** “COPOM” = Comitê de Política Monetária, é um órgão do Banco Central. Ele foi criado em 1996 com o objetivo de traçar e acompanhar a política monetária do país. Esse é o órgão responsável pelo estabelecimento de diretrizes a respeito da taxa de juros

** “BASIS” = O basis é a disparidade de preço causada pela diferença geográfica entre os pontos de entrega da commodity. Ele é calculado subtraindo o valor da commodity no mercado físico em determinada praça, pelo preço do mesmo produto no mercado futuro.

** “Bandas de bollinger” = do inglês bollinger bands, é um indicador de volatilidade bastante utilizado para prever se um ativo está sobre-comprado, estável ou sobre-vendido. Ele é formado por duas médias móveis, uma superior e outra inferior que indicam tal informação. São alguns atributos desse indicador:

Antever os níveis de preço de um ativo

Antecipar topos e fundos de preço no gráfico

Mostrar a intensidade de valorização ou desvalorização de um ativo

Portanto, este indicador tenta mostrar se uma ação está barata ou cara, em um determinado período de tempo.

Desse modo, ele é indicado para operações de curto prazo, day trade ou swing trade.

O autor da técnica é o americano John Bollinger (nascido em 1950), analista financeiro e colaborador da área de análise técnica. John lançou o seu livro Bollinger on Bollinger Bands em 2001, mas essa técnica começou a ser desenvolvida por ele ainda na década de 1980. As bandas são derivadas das médias móveis e mostram que, independente de qualquer movimento que o preço faça, ele tende a voltar a um equilíbrio. Portanto, temos aí um “estreitamento das bandas” no gráfico de candlestick.

** “PMI” = A sigla PMI significa, em inglês, Purchasing Manager’s Index e é um indicador que mede a atividade econômica de um país a partir de pesquisas mensais realizadas por uma empresa privada.

Assim, o PMI também é conhecido como Índice de Gerentes de Compra e seu principal objetivo é fornecer informações sobre a temperatura de alguns setores da economia e orientar os diversos profissionais do mercado.

 

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