A última semana mostrou-se notavelmente calma no mercado de açúcar, dando a entender que os investidores estão explorando oportunidades em outros setores, como nos mercados de cacau e café. O açúcar, apesar de algumas flutuações, encerrou a sexta-feira quase sem mudanças em comparação à semana anterior. O contrato para maio de 2024 fechou o pregão de sexta a 21,94 centavos de dólar por libra-peso, registrando um modesto aumento de apenas 8 pontos ao longo da semana. Para os contratos futuros, abrangendo o período de julho de 2024 a outubro de 2026, observou-se uma variação média ligeiramente negativa de 8 pontos.
Os fundos, de acordo com o COT (Commitment Of Trades), relatório dos comitentes, divulgado nesta sexta-feira pelo CFTC (Commodity Futures Trading Commission), agência independente do governo dos Estados Unidos, que regula os mercados de futuros e opções das commodities, com base nas posições de terça-feira passada, mostra que os fundos estão long(comprados) em 54,702 lotes, equivalentes a 2.8 milhões de toneladas de açúcar.
Na semana em análise, os fundos especulativos aumentaram suas posições no mercado futuro de açúcar em Nova York, comprando um total de 12.435 lotes. Durante este período, o preço do açúcar variou muito pouco: 22.39 centavos de dólar por libra-peso na terça-feira, 26 de março, e caiu ligeiramente para 22,22 centavos na terça-feira seguinte. Este aumento nas compras pelos fundos especulativos foi completamente compensado pelos hedgers, o que significa que não houve pressão significativa sobre os preços do mercado.
Adicionalmente, a valorização do dólar em relação ao real brasileiro, atingindo R$ 5.0921, motivou a intervenção do Banco Central. Este cenário, juntamente com as condições favoráveis oferecidas pelos contratos a termo de moeda sem entrega física (NDF), encorajou as usinas brasileiras a acelerar a fixação de preços de venda de seu açúcar para exportação, obtendo melhores preços em reais por tonelada para seu açúcar no mercado internacional.
Este fato atenua a discussão de algumas semanas atrás sobre se o retorno dos fundos especulativos ao mercado de açúcar poderia impulsionar os preços para patamares mais altos. Contrariando essas expectativas, a entrada dos fundos não alterou significativamente a tendência dos preços. Portanto, parece que apenas fatores climáticos têm o potencial de elevar os preços do açúcar para além da faixa dos 23 centavos de dólar por libra-peso.
O ambiente do setor é agravado pelas tensões geopolíticas crescentes entre Rússia, Ucrânia, Israel, Irã e EUA, colocando em xeque a estabilidade dos preços do petróleo, que nesta semana sofreu uma oscilação preocupante de mais de 4%. Essa instabilidade, aliada à comentada desvalorização do real diante do dólar, provoca uma distorção crítica no preço da gasolina, ultrapassando a marca alarmante de 20% e prejudicando o setor sucroalcooleiro. No entanto, Lula, em uma atitude obstinada e repleta de populismo econômico, particularmente em um período eleitoral, está decidido a interferir na Petrobras para evitar a todo custo o ajuste necessário nos preços dos combustíveis, replicando as práticas questionáveis de seu antecessor. Em Brasília, só mudam as moscas.
Em meio a um ciclo interminável de populismo raso, o Brasil vai se distanciando dos investimentos estrangeiros e solidificando sua reputação de “República das Bananas”. Na era em que a Inteligência Artificial redefine fronteiras do conhecimento humano, somos obrigados a conviver com uma estupefaciente ignorância analógica nos corredores do poder, uma situação sem precedentes de ineptidão que mancha profundamente a imagem do país.
Retomando a discussão sobre o setor açucareiro, minha visão para o médio e longo prazo é inegavelmente otimista. Vamos aos fatos: observamos um crescimento constante no consumo per capita de açúcar nos principais países asiáticos, com exceção da China. Esses países, além de experimentarem um aumento populacional, estão vivenciando uma elevação expressiva em seus níveis de renda. Tomemos como exemplo a Indonésia, o Paquistão e Bangladesh, que juntos somam quase 800 milhões de habitantes. As economias da Indonésia e do Paquistão estão projetadas para expandir em 5,0% e 5,6% respectivamente, enquanto Bangladesh tem alcançado marcos notáveis na erradicação da pobreza absoluta, quantificada pelo Banco Mundial como viver com menos de $1,90 por dia.
Especificamente, Bangladesh tem visto um avanço significativo em seu setor de vestuário, que se tornou uma das principais fontes de exportação e geração de empregos do país. Esse cenário, caracterizado por um robusto aumento populacional, melhoria substancial na renda, e um consumo per capita de açúcar em ascensão, posiciona a Ásia como um pilar de sustentação para o mercado açucareiro por muitos anos. E isso sem mencionar o potencial transformador que o progresso no continente africano pode representar.
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Um excelente final de semana a todos
Arnaldo Luiz Corrêa
Last week turned out to be notably calm on the sugar market, suggesting that the investors are tapping into opportunities in other sectors, like on the cocoa and coffee markets. Sugar, despite some fluctuations, closed out Friday almost unchanged compared to the previous week. The contract for May/2024 closed Friday’s trading floor at 21.94 cents per pound, registering a slight increase of just 8 points over the week. For the futures contracts, ranging from July/2024 to October/2026, a slightly negative average fluctuation of 8 points was seen.
The funds, according to the COT (Commitment of Trades), report of the principals, released this Friday by the CFTC (Commodity Futures Trading Commission), based on last Tuesday’s positions, shows that the funds are long by 54,702 lots, equivalent to 2.8 million tons of sugar.
In the week under analysis, the speculative funds increased their positions on the sugar futures market in New York, purchasing a total of 12,435 lots. During this period, the sugar price fluctuated very little: 22.39 cents per pound on Tuesday, March 26, and slightly dropped to 22.22 cents per pound on the next Tuesday. This increase in their longs by the speculative funds was totally compensated for by the hedgers, which means that there was no meaningful pressure on the market prices.
In addition, the appreciation of the dollar against the Brazilian real, reaching R$5.0921, triggered the intervention of the Central Bank. This setting, together with the favorable conditions offered by the forward dollar contracts encouraged the Brazilian mills to speed up the fixation of their export sugar fixing prices, obtaining better prices in real per ton for their sugar on the international market.
This fact mitigates the discussion that went on a few weeks ago about whether the return of the speculative funds to the sugar market would drive the prices to higher levels. Contrary to these expectations, the entry of the funds didn’t alter the price trend significantly. Therefore, it seems that just climate factors have the potential to increase sugar prices beyond the 23-34 cents per pound range.
The environment of the sector is worsened by the increasing geopolitical tensions between Russia, Ukraine, Israel, Iran and the United States, jeopardizing the stability of the oil prices, which this week suffered a worrisome fluctuation of more than 4%. This instability, together with the much talked about devaluation of the real against the dollar, causes a critical distortion in gas price, going beyond the alarming range of 20% and harming the sugar-alcohol sector. However, Lula, in an obstinate attitude and full of economic populism, especially in an election period, is bent on interfering in Petrobras to avoid the necessary adjustment of fuel prices at all costs, replicating the questionable practices of its predecessor. In Brasília, only the flies change.
In the midst of an endless cycle of plain populism, Brazil is distancing itself from foreign investments and strengthening its reputation as a “Banana Republic”. In an era where Artificial Intelligence redefines frontiers of the human knowledge, we are obliged to live with a narcotic analogic ignorance in the hallways of power, an unprecedented situation of ineptitude which deeply smears the image of the country.
Going back to the discussion about the sugar sector, my view for the medium and long terms is undeniably optimistic. Let’s look at the facts: we can see a steady growth in the per capita consumption of sugar in the major Asian countries, except for China. These countries, besides going through a population increase, are experiencing a sharp increase in their income levels. Let’s take Indonesia, Pakistan and Bangladesh for instance, which together add up to almost 800 million inhabitants. The economies of Indonesia and Pakistan are projected to expand by 5.0% and 5.6%, respectively, while Bangladesh has been reaching remarkable milestones in absolute poverty eradication, measured by the World Bank as how to live on less than $1.90 per day.
Namely, Bangladesh has seen a meaningful progress in its clothing sector, which has become one of the major sources of the country’s export and job creation. This setting, characterized by a robust population growth, substantial income improvement, and a per capita consumption on the rise, places Asia as a pillar for the sugar market for many years. And not to mention the transformative potential that the progress in the African continent can represent.
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You all have a great weekend
Arnaldo Luiz Corrêa