DE NOVO, A “TEORIA DA CONSPIRAÇÃO” ASSUSTA O PRODUTOR!

O próximo vencimento Dez-24, após negociar na máxima do ano no dia 27 de agosto @ 259,45 centavos de dólar por libra-peso, encerrou a semana @ 236,00 centavos de dólar por libra-peso (abertura / máxima / mínima / fechamento respectivamente @ 240,55 / 246,70 / 235,30 / 236,00 centavos de dólar por libra-peso). Tecnicamente essa correção já era esperada pois o “mercado esticou” e estava negociando acima do topo da banda de Bollinger dos 50 dias! Os fundos + especuladores “comprados” (atentos nessa “oportunidade”) entraram vendendo, liquidando aproximadamente -4.819 lotes – estão agora comprados em 41.956 lotes.

Conforme nosso comentário da semana passada os fundos + especuladores continuarão ditando a direção do mercado no curto/médio prazo: “… Ou seja, não é isso que fez o mercado realizar. Mas sim a combinação da desvalorização do R$ e a correção técnica / liquidação posição dos fundos/especuladores”. A princípio esse movimento de realização poderá continuar nos próximos dias com o Dez-24 podendo buscar o próximo objetivo nos 226,25 centavos de dólar por libra-peso (o “gap” deixado no dia 05 de agosto-24).

O produtor, infelizmente, continuou não aproveitando as oportunidades que o “mercado” proporcionou e segue acreditando que os preços vão subir “em linha reta”. Com a “volatilidade” diária o mesmo se sente prejudicado pelo “mercado”! Porém o grande culpado continua sendo o produtor. A falta da política de hedge, do entendimento da compra do seguro das opções de venda “put*” e/ou a compra das estruturas “put-spread*” leva o produtor a perder excelentes oportunidades para realizar seu hedge / estratégias para garantir o seu “preço mínimo” desejado. Como já demonstramos aqui, a única variável que o produtor não consegue proteger é o seu “basis” (o diferencial de compra – que pode ser positivo ou negativo – e que uma vez fixado será utilizado para o cálculo do preço final). Esse diferencial de compra/venda base “bica corrida / mercado interno” já saiu de -30 pontos para -45/-50 pontos! As outras variáveis como R$/US$, custos com frete / logística / e cotação em NY podem ser fixados com antecedência… 

Em 1 semana, com NY “derretendo” -2.400 pontos e o R$ chegando a valorizar +3,00%, o mercado interno encerrou novamente negociando abaixo dos 1.500 R$/saca para o café arábica tipo 6 “beliscando” os 1.400 R$/saca! E o produtor novamente voltou a pregar a “teoria da conspiração” onde o “mercado” quer “massacrar o produtor” não “repassando” o preço para o produtor na mesma velocidade quando o mercado sobe… Também foi divulgado em alguns grupos de whatsapp que os “compradores” estavam “saindo do mercado em conjunto” por 10 dias para pressionar os produtores a vender mais barato…

O café robusta continua firme negociando na paridade com o café arábica! Londres também “realizou” -158 US$/tonelada com o próximo vencimento Nov-24 encerrando @ 4.770 US$/tonelada (aproximadamente 286,14 US$/saca = 1.596,68 R$/saca). O produtor do café tipo robusta “não pode reclamar” pois o preço do seu produto saltou da expectativa inicial da safra dos 450/500 R$/saca para “inimagináveis” 1.450 R$/saca! Infelizmente muitos produtores tiveram problemas com sua safra mas os que atingiram seus objetivos já estão considerando novos investimentos em tecnologia / irrigação / e “comprar a terra do vizinho”…  

Os fundamentos continuam os mesmos: uma safra brasileira 24/25 indefinida, a seca superando os 150 dias em muitas regiões já comprometendo a próxima safra 25/26, muitas floradas ocorrendo em áreas irrigadas e não irrigadas, nova onde de calor no Brasil com previsão de novas chuvas apenas a partir do dia 20 de setembro, problemas climáticos nas demais origens, o tufão Yagi atingindo o Vietnam nesse final de semana, a expectativa do aumento do consumo nos novos mercados asiáticos, e uma “oferta x demanda mundial” 24/25 com um déficit estimado entre -12/-23,90 milhões de sacas.

No curto prazo o Brasil continua surpreendendo e exportando acima das expectativas. Segundo dados da Cecafé*, e pela projeção para o mês de setembro-24, o Brasil poderá exportar acima dos 4,50 milhões de sacas – superando o recorde do mês de nov-20 quando o Brasil exportou +4,77 milhões de sacas (teremos logística pra esse volume?)! Nos primeiros 6 dias do mês as “emissões” já estavam em 998.501 sacas (projetando uma exportação recorde – acima dos 5,80 milhões de sacas).

Essa aceleração nas exportações durante os primeiros 4 meses da safra 24/25 deve ser em função das restrições com as novas regras que irão entrar em vigor a partir do dia 01 de janeiro-25 na Europa. Até lá as grandes tradings / torrefadoras deverão continuar acelerando os embarques e montando estoques de segurança no destino. Os fretes marítimos já começaram a subir – ou melhor, explodir. Já existem rotas onde as novas cotações de frete já passaram dos 1.500 US$/contêiner de 20 pés para 3.300 US$/container! As companhias marítimas continuam “nadando de braçada” pois o setor é controlado por 2-3 grandes empresas marítimas!

O mercado continua observando de perto o final da maturação da safra do Vietnam. A princípio, a safra do Vietnam está sendo estimada entre 22-27 milhões de sacas e a brasileira entre 55-65 milhões de sacas. Considerando a estimativa mais otimista nas 2 origens então o déficit global entre “produção x consumo” deverá ficar nos -12 milhões de sacas! Já considerando o lado “pessimista” o déficit aumenta para -23,90 milhões de sacas!   

No curto prazo o Dez-24 encontra suportes @ 237,40 / 226,25 / 220 centavos de dólar por libra-peso e resistências @ 246,65 e 255,05 centavos de dólar por libra-peso.

A posição em aberto nas opções de compra “call*” com vencimento no próximo dia 08 de novembro está bem interessante! A posição em aberto para o vencimento Dez-24 encerrou da seguinte forma (strike centavos de dólar por libra-peso / nr lotes): 225 / 1.275; 230 / 4.578; 235 / 688; 240 / 934; 245 / 1.247; 250 / 4.549; 255 / 692; 260 / 1.402; 265 / 791; 270 / 2.340; 275 / 1.124; 280 / 2.310; 285 / 244; 290 / 3.850; 295 / 228; 300 / 7.001! E nas opções de venda “put*”: 240 / 1.749; 235 / 138; 230 / 1.934; 225 / 2.303; 220 / 3.605!

Continuo positivo para os próximos meses (com alta volatilidade) ainda mais com essa posição em aberto nas opções nos “strikes” acima dos 250 centavos de dólar por libra-peso.

 

Como sempre, proteja-se!

 

Cuidado com as travas para as próximas safras 25/26 em diante!

 

Travas sem “contra hedge” (através da compra de uma opção de compra “call*”) são um perigo!

 

Produzir sem garantir um piso mínimo (através da compra de uma opção de venda “put*”), um seguro contra eventual correção no mercado também.

 

Anote na sua agenda: o próximo Curso Avançado de Futuros e Opções – Commodities Agrícolas, presencial, já tem data marcada: 29 e 30 de outubro em São Paulo. Junte-se aos mais de 3.000 profissionais que já fizeram esse curso ao longo de quase 20 anos. Quer mais informações? Contate

priscilla@archerconsulting.com.br

 

Boa semana a todos!

 

Marcelo Fraga Moreira*

 

*Marcelo Fraga Moreira é um profissional há mais de 30 anos atuando no mercado de commodities agrícolas, escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.

 

** “Call” = opção de Compra

** “Put” = opção de Venda

** “Compra Call-Spread” = compra e venda simultânea de 2 Opções de Compra comprando a Opção com preço de exercício mais baixo vendendo a Opção com preço de exercício mais alto);

** “Venda Call-Spread” = venda e compra simultânea 2 Opções de Compra vendendo a Opção com preço de exercício mais baixo e comprando a Opção com preço de exercício mais alto);

** “Compra Put-Spread” = compra e venda simultânea 2 Opções de Venda comprando a Opção com preço de exercício  mais alto e vendendo a Opção com preço de exercício mais baixo);

** “Venda Put-Spread” = venda e compra simultânea 2 Opções de Venda vendendo a Opção com preço de exercício  mais alto e comprando a Opção com preço de exercício mais baixo);

** “CFTC” = Commodity Futures Trading Commission – agência independente do governo dos Estados Unidos que regula os mercados de futuros e opções das commodities;

** “IBGE” = Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

 ** “Cecafé” = Conselho dos Exportadores de Café do Brasil

** “SECEX” = Secretaria comércio exterior

** “CNC” = Conselho Nacional do Café

** “USDA” = Departamento da Agricultura dos Estados Unidos

** “FNC” = Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia

** “FAS” = Serviço Agrícola Estrangeiro do USDA*

** “OIC” = Organização Internacional do Café

** “GCA” = Green Coffee Association

** “ABIC” = Associação Brasileira da Indústria de Café

** “Sincal” = Associação dos Produtores do Brasil

** “NDF” = (Non-Deliverable Forward), um contrato a termo de moeda com liquidação financeira, com vencimento para aquele mês

** “Pib” = Produto Interno Bruto

** “FED” = Banco Central Americano

** “NOAA” = Departamento Nacional da Atmosfera e Oceanos dos Estados Unidos

** “EUROSTAT”  = Serviço de Estatística da União Europeia responsável pela publicação de estatísticas e indicadores de elevada qualidade a nível europeu que permite a comparação entre países e regiões

** “OPEP” = A Organização dos Países Exportadores de Petróleo

** “FOMO” = É caracterizada pela necessidade constante que uma pessoa tem de saber o que outras estão fazendo. FOMO, sigla que vem da expressão em inglês “fear of missing out”, que traduzida para o português significa “medo de ficar de fora”.

o investidor fica com receio em perder uma oportunidade no mercado e sai “comprando ou vendendo” para não ficar de fora da “oportunidade” divulgada na mídia (FOMO = Free of missing out A Organização dos Países Exportadores de Petróleo

** “COOXUPÉ” = Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé

** “Coccamig” = Cooperativa Central de Cafeicultores e Agropecuaristas de Minas Gerais

** “PIB” = Produto interno Bruto de um país

** “COPOM” = Comitê de Política Monetária, é um órgão do Banco Central. Ele foi criado em 1996 com o objetivo de traçar e acompanhar a política monetária do país. Esse é o órgão responsável pelo estabelecimento de diretrizes a respeito da taxa de juros

** “BASIS” = O basis é a disparidade de preço causada pela diferença geográfica entre os pontos de entrega da commodity. Ele é calculado subtraindo o valor da commodity no mercado físico em determinada praça, pelo preço do mesmo produto no mercado futuro.

** “Bandas de bollinger” = do inglês bollinger bands, é um indicador de volatilidade bastante utilizado para prever se um ativo está sobre-comprado, estável ou sobre-vendido. Ele é formado por duas médias móveis, uma superior e outra inferior que indicam tal informação. São alguns atributos desse indicador:

Antever os níveis de preço de um ativo

Antecipar topos e fundos de preço no gráfico

Mostrar a intensidade de valorização ou desvalorização de um ativo

Portanto, este indicador tenta mostrar se uma ação está barata ou cara, em um determinado período de tempo.

Desse modo, ele é indicado para operações de curto prazo, day trade ou swing trade.

O autor da técnica é o americano John Bollinger (nascido em 1950), analista financeiro e colaborador da área de análise técnica. John lançou o seu livro Bollinger on Bollinger Bands em 2001, mas essa técnica começou a ser desenvolvida por ele ainda na década de 1980. As bandas são derivadas das médias móveis e mostram que, independente de qualquer movimento que o preço faça, ele tende a voltar a um equilíbrio. Portanto, temos aí um “estreitamento das bandas” no gráfico de candlestick.

** “PMI” = A sigla PMI significa, em inglês, Purchasing Manager’s Index e é um indicador que mede a atividade econômica de um país a partir de pesquisas mensais realizadas por uma empresa privada.

Assim, o PMI também é conhecido como Índice de Gerentes de Compra e seu principal objetivo é fornecer informações sobre a temperatura de alguns setores da economia e orientar os diversos profissionais do mercado.

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