[:pt]ONDE ESTÁ O CAFÉ?[:]

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O vencimento Março-25 encerrou @ 283,30 centavos de dólar por libra-peso após negociar na máxima dos últimos anos @ 285,60 centavos de dólar por libra-peso. O mercado subiu novamente na semana +3.000 pontos (fechamento anterior / mínima / máxima / fechamento respectivamente @ 253,35 / 253,35 / 285,60 / 283,30 centavos de dólar por libra-peso). O R$ continuou pressionado aguardando o “anúncio do pacote do corte de gastos e equilíbrio fiscal” a ser anunciado pelo governo – oscilou entre 5,72 – 5,87 R$/US$. A combinação NY + R$/US$ levou o mercado interno a negociar @ 2.000 R$/saca em algumas praças e para alguns lotes do café arábica tipo 6! Se o R$ voltar para os 5,50 R$/US$ então NY já estará nos 300 centavos de dólar por libra-peso!

 

O café tipo robusta continua firme negociando acima dos 1.500 R$/saca e voltando à realidade do mercado (negociando a um desconto do café tipo arábica). A safra do Vietnam começou e, com a entrada da oferta vietnamita, os preços locais agora estão negociando com um desconto entre 100/150 R$/saca abaixo do café brasileiro. Considerando os custos logísticos mais caros do Vietnam para a Europa (com os navios agora precisando passar pela África do Sul) esse desconto de origem faz todo sentido. Por outro lado, segundo o Departamento Geral de Alfândega do Vietnã, as exportações de café do Vietnã em outubro caíram -11,6% para 45.412 toneladas (apenas 757.018 sacas). Será que a safra 24/25 do Vietnam vai ser mesmo “grande”, superior a 27-28 milhões de sacas?

 

Mesmo com a entrada da safra do Vietnam as cotações em Londres continuam firmes. O vencimento Março-25 encerrou @ 4.699 US$/tonelada (+281,88 US$/saca – aproximadamente 1.635 R$/saca)”

 

Onde está então “todo esse café”? Essa oferta “abundante” do Brasil, Colômbia, Vietnam?

 

O Brasil continua exportando acima do esperado e em breve deveremos ver uma redução drástica nos embarques. Segundo a Cecafé* o Brasil exportou no mês de out-24 +4,93 milhões de sacas e a projeção para o mês de nov-24 indica um novo recorde potencial (acima dos 5,50 milhões de sacas). Nos primeiros 4 meses da safra 24/25 o Brasil já exportou 16,90 milhões de sacas (sendo 11,87 milhões de sacas do café tipo arábica, 3,61 milhões do café robusta e 1,42 milhões de sacas entre “solúvel e torrado”)!

 

Se o Brasil exportar 5,50 milhões de sacas no mês de nov-24, então o Brasil terá exportado 22,40 milhões de sacas – ou aproximadamente 60% do volume disponível para exportação nos primeiros 5 meses (isso considerando uma produção brasileira em 60 milhões de sacas)! Considerando a projeção da Conab* em 54,80 milhões de sacas, então o Brasil já terá exportado +66,47% da quantidade disponível total estimada em 37-39 milhões de sacas!

 

Considerando a produção brasileira na safra atual 24/25 entre 58-60 milhões de sacas, o consumo interno em 21,00 milhões de sacas então o Brasil tem condições em exportar entre 37-39 milhões de sacas! Já exportando 22,40 milhões de sacas nos primeiros 5 meses (julho-24/nov-24) então o Brasil ainda terá disponível entre 14,60-16,60 milhões de sacas para exportar durante os próximos 7 meses! Apenas 2,10-2,37 milhões de sacas por mês!

 

Quando o “mercado” perceber a queda abrupta nas exportações já a partir do mês de dez-24/jan-25 o reflexo nas cotações será bem interessante! Creio que veremos os 300 centavos de dólar por libra-peso já nos próximos dias e próximos objetivos agora nos 350-400 centavos de dólar por libra-peso até o maio-25!

 

A posição dos fundos + especuladores aumentou novamente para +43.293 lotes – um aumento de +3.679 lotes – durante a alta do mercado dos 245 centavos de dólar por libra-peso até 266 centavos de dólar por libra-peso. Da quarta-feira até a sexta-feira o mercado chegou a subir +2.200 pontos e o volume diário novamente ficou acima dos 70 mil lotes/dia. Então, provavelmente a posição a ser publicada na próxima semana já deverá estar novamente acima dos +45.000 lotes! Possivelmente os fundos estão “trocando a mão”, saindo da posição “comprada” do açúcar (agora estão vendidos em -7.000 lotes) e voltando a comprar café!

 

O mercado interno brasileiro segue muito firme! O nível psicológico dos 2.000 R$/saca já foi atingido e a demanda por parte das tradings e cooperativas segue muito muito firme! Há relatos de tradings visitando fazendas procurando adquirir todo o café disponível – já pagando 20/50 R$/saca acima do mercado “desde que a negociação não seja confirmada no mercado”.

 

O diferencial de compra “basis*” segue firme voltando a negociar abaixo dos -30 pontos!

 

Muitos produtores estão preocupados pois realizaram vendas / travas para o próximo ano entre 1.000 – 1.300 R$/saca e não irão ter condições em produzir / entregar os compromissos assumidos! Como mencionado aqui há meses os produtores “com problemas” precisam se proteger – comprando uma opção de compra “call*” ou uma estrutura “call-spread*” para mitigar os riscos / prejuízos já reais! Pelo cenário atual creio que o mercado interno, em breve, estará negociando entre 2.500 – 3.000 R$/saca!

 

Nessa semana uma consultoria divulgou a estimativa para a próxima safra 25/26 – praticamente igual a safra 24/25 – em 65,60 milhões de sacas. Mesmo com a divulgação dos dados aparentemente “baixistas” o “mercado” não acreditou nessa estimativa pois os preços continuaram subindo!

 

Vale a pena assistir o novo vídeo do Gustavo Rennó: “FRUSTRAÇÃO! O pegamento da florada para 2025” no link:

 

https://www.youtube.com/watch?v=nSbD067Dy4E

 

Ora, pelo o que estamos vendo, ouvindo dos produtores, e após as viagens pelas principais regiões produtoras durante o mês de outubro-24, difícil acreditar nesses números! Se a produção total chegar nos 60 milhões de sacas já será um feito épico! Muitas regiões continuam esqueletando / podando as lavouras. As lavouras castigadas pelo longo período da seca só irão atingir produtividade a partir da safra 26/27!

 

Por outro lado, lembrar que algumas consultorias / bancos também participam no mercado de “trading” do café – então precisamos analisar com muito cuidado os dados divulgados! No momento atual as corretoras / tradings / bancos estão tendo muitos problemas com as “chamadas de margem.

 

Eu participei de reuniões com alguns produtores que foram “induzidos” a realizar operações de hedge quando o mercado estava nos 200/210 centavos de dólar por libra-peso quando esses bancos/corretoras estavam equivocados aguardando o mercado voltar para os 150/140 centavos de dólar por libra-peso (café no mercado interno estava negociando equivalente aos “saudosos” 1.000 / 1.100 R$/saca). Esses produtores agora estão tendo chamadas de margem ao redor dos 100 US$/saca ou 580/600 R$/saca! Muitos não tem café suficiente para cumprir com os compromissos assumidos e agora estão sendo obrigados a renegociar suas dívidas!

 

Extrapolando esse mesmo raciocínio para a posição ainda em aberto apenas na bolsa de NY em 233.000 lotes (aproximadamente 58 milhões de sacas) a posição atual dos “vendidos” dos fundos / cooperativas / tradings / hedgers, ainda em aberto, está exigindo uma chamada de margem nos últimos 12 meses ao redor dos 5.825.000.000 US$ (5,82 bilhões de US$)! Considerando o “preço médio” vendido a partir dos 170 centavos de dólar por libra-peso para os atuais 285 centavos de dólar por libra-peso esse valor ultrapassa os 153 US$/saca ou aproximadamente 8,80 bilhões de US$! Ou seja, os bancos / corretoras “x”, cooperativas devem estar muito preocupadas e com muito dinheiro sendo utilizado para garantir as chamadas de margem aguardando uma eventual queda nos preços para liquidarem essas posições…

 

No curto prazo deveremos ter alguma realização com o Março-25 podendo testar os importantes suportes @ 274 / 262 e 255 centavos de dólar por libra-peso. Os indicadores de “curto prazo” estão indicando o mercado “sobre comprado” e uma correção nesse momento será “saudável” para “dar um passo para trás, pegar impulso, e subir mais 5-10.000 pontos!

 

O mercado segue “invertido” com o Março-25 encerrando @ 283,30 centavos de dólar por libra-peso e o vencimento Dez-26 @ 237,50 centavos de dólar por libra-peso! Ou seja, o “mercado” continua apostando na oferta restrita do produto até pelo menos a próxima safra 26/27 – 27/28!

 

Como mencionado acima, sigo positivo no curto prazo com NY finalmente buscando os 300 centavos de dólar por libra-peso e para o médio/longo prazo com NY podendo negociar entre 350-400 centavos de dólar por libra-peso! Tanto o quadro “produção mundial x consumo mundial” quanto o “índice estoque mundial x consumo mundial” seguem críticos durante os próximos 3 anos e com todo mercado aguardando números expressivos no Brasil

O momento agora é “do produtor”. Creio que só depende do produtor o mercado interno começar a negociar na “paridade” com Nova Iorque. Basta o produtor “sentar em cima do seu café” e não aceitar vender com um “basis*” descontado… Nova Iorque base 285 centavos de dólar por libra-peso equivale a um café arábica tipo 6, bica corrida, ao redor dos 2.200 R$/saca!

 

Como sempre, Produtor “vendido” e Industria protejam-se!

 

Para o produtor que ainda tem posição para vender na safra atual e posição em aberto para as próximas safra 25/26 e 26/27 projeta-se comprando o seu seguro contra a queda do mercado. Uma estrutura “put-spread” +240 / -190 contra o vencimento Dez-25 pode ser uma boa opção – garantindo um piso ao redor dos 1.650 R$/saca até 1.270 R$/saca. Esse seguro está custando ao redor dos 155 R$/saca. Parece um seguro caro, mas qualquer “cisne negro” poderá derrubar esse mercado rapidamente para os 1.000 / 800 R$/saca!

 

 

Boa semana a todos!

 

Marcelo Fraga Moreira*

 

*Marcelo Fraga Moreira é um profissional há mais de 30 anos atuando no mercado de commodities agrícolas, escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.

 

** “Call” = opção de Compra

** “Put” = opção de Venda

** “Compra Call-Spread” = compra e venda simultânea de 2 Opções de Compra comprando a Opção com preço de exercício mais baixo vendendo a Opção com preço de exercício mais alto);

** “Venda Call-Spread” = venda e compra simultânea 2 Opções de Compra vendendo a Opção com preço de exercício mais baixo e comprando a Opção com preço de exercício mais alto);

** “Compra Put-Spread” = compra e venda simultânea 2 Opções de Venda comprando a Opção com preço de exercício  mais alto e vendendo a Opção com preço de exercício mais baixo);

** “Venda Put-Spread” = venda e compra simultânea 2 Opções de Venda vendendo a Opção com preço de exercício  mais alto e comprando a Opção com preço de exercício mais baixo);

** “CFTC” = Commodity Futures Trading Commission – agência independente do governo dos Estados Unidos que regula os mercados de futuros e opções das commodities;

** “IBGE” = Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

 ** “Cecafé” = Conselho dos Exportadores de Café do Brasil

** “SECEX” = Secretaria comércio exterior

** “CNC” = Conselho Nacional do Café

** “USDA” = Departamento da Agricultura dos Estados Unidos

** “FNC” = Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia

** “FAS” = Serviço Agrícola Estrangeiro do USDA*

** “OIC” = Organização Internacional do Café

** “GCA” = Green Coffee Association

** “ABIC” = Associação Brasileira da Indústria de Café

** “Sincal” = Associação dos Produtores do Brasil

** “NDF” = (Non-Deliverable Forward), um contrato a termo de moeda com liquidação financeira, com vencimento para aquele mês

** “Pib” = Produto Interno Bruto

** “FED” = Banco Central Americano

** “NOAA” = Departamento Nacional da Atmosfera e Oceanos dos Estados Unidos

** “EUROSTAT”  = Serviço de Estatística da União Europeia responsável pela publicação de estatísticas e indicadores de elevada qualidade a nível europeu que permite a comparação entre países e regiões

** “OPEP” = A Organização dos Países Exportadores de Petróleo

** “FOMO” = É caracterizada pela necessidade constante que uma pessoa tem de saber o que outras estão fazendo. FOMO, sigla que vem da expressão em inglês “fear of missing out”, que traduzida para o português significa “medo de ficar de fora”.

o investidor fica com receio em perder uma oportunidade no mercado e sai “comprando ou vendendo” para não ficar de fora da “oportunidade” divulgada na mídia (FOMO = Free of missing out A Organização dos Países Exportadores de Petróleo

** “COOXUPÉ” = Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé

** “Coccamig” = Cooperativa Central de Cafeicultores e Agropecuaristas de Minas Gerais

** “PIB” = Produto interno Bruto de um país

** “COPOM” = Comitê de Política Monetária, é um órgão do Banco Central. Ele foi criado em 1996 com o objetivo de traçar e acompanhar a política monetária do país. Esse é o órgão responsável pelo estabelecimento de diretrizes a respeito da taxa de juros

** “BASIS” = O basis é a disparidade de preço causada pela diferença geográfica entre os pontos de entrega da commodity. Ele é calculado subtraindo o valor da commodity no mercado físico em determinada praça, pelo preço do mesmo produto no mercado futuro.

** “Bandas de bollinger” = do inglês bollinger bands, é um indicador de volatilidade bastante utilizado para prever se um ativo está sobre-comprado, estável ou sobre-vendido. Ele é formado por duas médias móveis, uma superior e outra inferior que indicam tal informação. São alguns atributos desse indicador:

Antever os níveis de preço de um ativo

Antecipar topos e fundos de preço no gráfico

Mostrar a intensidade de valorização ou desvalorização de um ativo

Portanto, este indicador tenta mostrar se uma ação está barata ou cara, em um determinado período de tempo.

Desse modo, ele é indicado para operações de curto prazo, day trade ou swing trade.

O autor da técnica é o americano John Bollinger (nascido em 1950), analista financeiro e colaborador da área de análise técnica. John lançou o seu livro Bollinger on Bollinger Bands em 2001, mas essa técnica começou a ser desenvolvida por ele ainda na década de 1980. As bandas são derivadas das médias móveis e mostram que, independente de qualquer movimento que o preço faça, ele tende a voltar a um equilíbrio. Portanto, temos aí um “estreitamento das bandas” no gráfico de candlestick.

** “PMI” = A sigla PMI significa, em inglês, Purchasing Manager’s Index e é um indicador que mede a atividade econômica de um país a partir de pesquisas mensais realizadas por uma empresa privada.

Assim, o PMI também é conhecido como Índice de Gerentes de Compra e seu principal objetivo é fornecer informações sobre a temperatura de alguns setores da economia e orientar os diversos profissionais do mercado.

 

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