[:pt]
O Maio-25 encerrou a semana @ 379,95 centavos de dólar por libra-peso (fechamento anterior / máxima / mínima / fechamento respectivamente @ 391,40 / 405,40 / 371,20 / 379,95 centavos de dólar por libra-peso). O volume diário negociado voltou a aumentar nos últimos 3 pregões da semana quando alguns “stops” foram acionados (o volume na quinta-feira voltou a ultrapassar os 50.000 lotes).
Para os que acompanharam o “comentário semanal” anterior esse movimento já era esperado como possível “romper tanto para cima quanto para baixo”. Primeiro os fundos + especuladores “jogaram” o mercado “pra cima”, para “estopar” os vendidos nas opções de compra “call*” nos “strikes” 400/402,50/405/410 centavos de dólar por libra-peso. Nos 3 primeiros pregões o Maio-25 chegou a subir 1.500 pontos (saiu dos 390,60 para os 405,40 centavos de dólar por libra-peso).
Em seguida, na quarta-feira, as notícias climáticas sobre “previsão para novas chuvas no cinturão produtor favorecendo o desenvolvimento das lavouras tanto na safra 25/26 quanto na safra 26/27” levaram os fundos + especuladores a “virarem” as mãos derrubando o mercado dos 405,40 centavos de dólar por libra-peso para os 388,55 centavos de dólar por libra-peso! E esse movimento de baixa continuou na quinta feira (quando o Maio-25 negociou na mínima da semana @ 371,20 centavos de dólar por libra-peso) acionando alguns “stops” nos “vendidos” nas opções de venda “put*” nos strikes 390/385/380/375/370/350 centavos de dólar por libra-peso. E encontrou suporte e recompras na importante média-móvels dos 50 dias (380 centavos de dolar por libra-peso)!
Creio que esse movimento foi apenas técnico com os parâmetros imputados nos programas dos algoritmos ditando as “ordens de compra e venda” sem o real conhecimento da verdadeira situação das lavouras nessa fase final do enchimento dos grãos.
Nesses movimentos técnicos os fundos+especuladores estão preocupados com os movimentos de curto prazo, procurando criar volatilidade, e operanando contra os que “apostam contra a minha posição”. Como vimos aqui nos últimos comentários, o “jogo” é pra gente grande”! As chamadas de margens continuam preocupando as grandes posições dos bancos / corretoras / fundos que estão “carregando / financiando” as posições “compradas e/ou vendidas” dos seus clientes.
Como já demonstrado aqui, um movimento de 5.000 pontos em NY representa aproximadamente 66 US$/saca. Com a posição em aberto atual ao redor dos 230.000 lotes (ou 66.200.000 de sacas) um movimento de 5.000 pontos equivale a aproximadamente 4,40 bilhões de dólares “contra ou a favor” de alguém – com esse “caminhão de dinheiro” saindo de uma posição “comprada ou vendida” para uma outra posição “comprava ou vendida”…
Muitos bancos/corretoras estão “sem dormir” (apesar do mercado já ter “zerado a posição” de alguns durante os últimos meses) pois os que continuam “vendidos” nesse mercado já tiveram novos ajustes nas suas garantias exigidas e um novo rallie acima dos 415/450 centavos de dólar por libra-peso poderá criar um novo movimento de liquidação compulsória (justamente por falta de garantias adicionais).
Conforme podcast da Procafé* o último veranico prejudicou sim a fase final do enchimento dos grãos da safra do café tipo arábica e os prejuízos no rendimento serão conhecidos em breve. Da mesma forma, os índices pluviométricos dos últimos 3-6 meses foram abaixo do esperado com reflexos já esperados na safra 26/27.
Vale a pena para os “agrônomos de plantão” e aos “programadores dos algoritmos” assistirem ao vídeo onde o Alexandre e o André nos dão uma aula (de graça) sobre as fases da formação/enchimento dos grãos! Como sempre, temos que ter a humildade para saber que “sempre tem alguém que sabe mais do que eu” e estarmos dispostos a continuar aprendendo e estudando (para não passarmos vergonha) e compartilhar conhecimento, fazendo disso o nosso legado.
Procafé* – Problemas na granação afetam a safra 2025!
http://www.redepeabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=117082
A safra do café robusta já começou e em breve o mercado interno já estará sendo abastecido com a “safra nova”. Os preços no mercado interno para o café robusta continuam firmes para entrega imediata e já estão sendo negociados com deságio para o café novo, com entrega a partir de junho-25.
O mercado interno para o café tipo robusta segue negociando ao redor dos 2.000 R$/saca no spot e já abaixo dos 1.900 R$/saca para produto entregue a partir de junho-25. Mesmo assim o mercado interno continua pagando um prêmio sobre o café do Vietnam ao redor dos 200 R$/saca. Volta a afirmar que “não faz sentido” o produtor do café tipo robusta vender seu produto abaixo do café arabica tipo “rio”, ainda mais agora, com o consenso do mercado, onde a safra brasileira 25/26 do café tipo arábica será menor que a produção do ano anterior. Creio que em breve o café robusta de boa qualidade voltará a ter demanda e ser competitivo para suprir as demandas do mercado externo.
O café tipo arábica segue negociando entre 2.450-2.550 R$/saca com os produtores (que ainda tem café disponível) aguardando por melhores preços nessa fase final da entressafra 24/25.
Aparentemente o Vietnam estará atravessando uma onda de colar nos próximos dias com impactos negativos também já na safra 25/26 (com inicio da colheita prevista para nov-25). E, segundo a Vicofa*, os produtores locais continuam cadenciando suas vendas também aguardando por melhores preços.
Será que agora, com os impostos de importação zerados, o Brasil vai importar café de alguma outra origem para “ajudar a combater a alta dos preços no Brasil”? Claro que não! Essa “propaganda” serviu apenas para confirmar que o governo atual está completamente perdido… Já já vão anunciar a importação de galinhas para aumentar a produção de ovos para ensinar as “galinhas brasileiras” a botar ovo mais barato…
O Brasil continua exportando “muito” café. Segundo as projeções com os dados da Cecafé* o Brasil deverá exportar novamente ao redor dos 3.50 milhões de sacas no mês de março-25. Se este número se confirmar então nos primeiros 9 meses do ano safra julho-24/junho-25 o Brasil terá exportado 36,90 milhões de sacas. Considerando que nos próximos 3 meses (abril/maio/junho) o Brasil exportará respectivamente 2,80 / 2,50 e 2,50 milhões de sacas, então o Brasil encerrará o ano safra 25/26 exportando 44,75 milhões de sacas!
Se não tivermos uma “morte súbita” nas exportações nos próximos 3 meses, e ocorrendo a confirmação dos números acima, então a safra 25/26 vai precisar ser ajustada em pelo menos uma das nossas principais 3 variáveis que não controlamos (ou que não temos dados estatísticos confiáveis): Estoque de Passagem e/ou Produção e/ou Consumo Interno…
Safra 24/25:
Estoque de passagem: 10 milhões de sacas
Produção Conab*: 54,79 milhões de sacas
Estoque disponível: +64,79 milhões de sacas
Consumo Interno (Abic*): -21,90 milhões de sacas
Exportação Total: -44,75 milhões de sacas
Consumo total: -66,65 milhões de sacas
Estoque de passagem safra 24/25 para 25/26 final: -1,86 milhões de sacas!
Então, o “mercado” precisa encontrar pelo menos +10/+15 milhões de sacas para não faltar café no curto prazo e/ou para os preços não subirem ainda mais! Caso contrário, com estoque de passagem “zerado”, os preços deverão seguir firmes mesmo durante o início das operações de colheita. E o produto disponível será disputado “a tapas” entre os compradores para poderem atender seus compromissos de exportação e mercado interno daqui pra frente.
Os ajustem poderão ser feitos então no estoque de passagem da safra 23/24 para a safra 24/25 (passar de 10 para 15 milhões); na produção (aumentar de 54,79 para 59,79 milhões); e/ou no consumo interno (será que está superestimado? – cair de 21,90 para 20,00 milhões de sacas de sacas?). Uma coisa já é fato: O Brasil ainda tem café disponível “escondido” acima dos números inicialmente estimados pelo mercado (no início da safra 24/25 o mercado estimava uma exportação brasileira entre 36-42 milhões de sacas).
Conforme o quadro da “Oferta x Demanda mundial” abaixo (e apresentado no comentário semanal anterior) o mundo estará de olho nas projeções / produções do Brasil pelos próximos 2-3 anos. O Brasil sim “irá fazer preço”!
Para atingir o índice “estoque x consumo mundial” acima dos 15% na safra 28/29 o Brasil precisará produzir nas próximas safras 26/27 / 27/28 e 28/29 pelo menos 76 / 80 / 88 milhões de sacas! Considerando que as outras origens ainda aumentarão suas produções conforme tabela abaixo.
Será que o Brasil conseguirá recuperar e aumentar a produção nas próximas safras 26/27, 27/28 e 28/29 (igualando e/ou ultrapassando o Vietnam na produção do café tipo robusta) e voltando a produzir acima dos 50 milhões de sacas no café tipo arábica durante as próximas 3 safras? Será que o Brasil conseguirá ter 3 safras consecutivas com aumento na produção? Será que as outras principais origens (Vietnam/Colômbia/Indonésia dentre outros) irão conseguir ter um crescimento também constante em pelo menos +5% ao ano durante os próximos 3 anos?
Qualquer efeito climático e/ou redução na produção (principalmente no Brasil) irá refletir em uma oferta global de café muito justa durante os próximos 3 anos.
No curto prazo o Maio-25 encontra importante suporte @ 380 centavos de dólar por libra-peso (média móvel dos 50 dias). Perdendo esse suporte poderemos ver novamente os fundos + especuladores “empurrando” o mercado para os 350/340/330 centavos de dólar por libra-peso (procurando “estopar” as posições vendidas das opções de venda “put*” com aproximadamente 3.400 / 2.400 / 1.800 lotes em aberto nos “strikes” acima). E para cima, próximas resistências @ 389 / 400 / 405 / 415 centavos de dólar por libra-peso.
Com base nas informações da Procafé*, dos produtores, das cooperativas (afirmando que “não tem café disponível”), com o inverno chegando, e com as projeções “otimistas” acima creio que qualquer realização no curto prazo será uma grande oportunidade para os “vendidos” recomprarem suas posições e reverem suas estratégias de hedge/compra para os próximos meses/anos.
Como sempre, PROTEJÁ-se!
Nos dias 8 e 9 de abril, em São Paulo, acontece a nova edição do Curso Avançado de Futuros e Opções para Commodities Agrícolas, presencial, direto ao ponto e voltado para quem já conhece o básico e quer aprofundar estratégias, leitura de mercado e gestão de risco de verdade. Se você atua no agronegócio e quer tomar decisões mais seguras e rentáveis, essa é a oportunidade certa para subir de nível. Não haverá outra turma antes do fim do ano — então garanta sua vaga agora. Para mais informações e inscrições, fale com a Priscilla: priscilla@archerconsulting.com.br
Boa semana a todos!
Marcelo Fraga Moreira*
*Marcelo Fraga Moreira é um profissional há mais de 30 anos atuando no mercado de commodities agrícolas, escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.
** “Call” = opção de Compra
** “Put” = opção de Venda
** “Compra Call-Spread” = compra e venda simultânea de 2 Opções de Compra comprando a Opção com preço de exercício mais baixo vendendo a Opção com preço de exercício mais alto);
** “Venda Call-Spread” = venda e compra simultânea 2 Opções de Compra vendendo a Opção com preço de exercício mais baixo e comprando a Opção com preço de exercício mais alto);
** “Compra Put-Spread” = compra e venda simultânea 2 Opções de Venda comprando a Opção com preço de exercício mais alto e vendendo a Opção com preço de exercício mais baixo);
** “Venda Put-Spread” = venda e compra simultânea 2 Opções de Venda vendendo a Opção com preço de exercício mais alto e comprando a Opção com preço de exercício mais baixo);
** “CFTC” = Commodity Futures Trading Commission – agência independente do governo dos Estados Unidos que regula os mercados de futuros e opções das commodities;
** “IBGE” = Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
** “Cecafé” = Conselho dos Exportadores de Café do Brasil
** “SECEX” = Secretaria comércio exterior
** “CNC” = Conselho Nacional do Café
** “USDA” = Departamento da Agricultura dos Estados Unidos
** “FNC” = Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia
** “FAS” = Serviço Agrícola Estrangeiro do USDA*
** “OIC” = Organização Internacional do Café
** “GCA” = Green Coffee Association
** “ABIC” = Associação Brasileira da Indústria de Café
** “Sincal” = Associação dos Produtores do Brasil
** “NDF” = (Non-Deliverable Forward), um contrato a termo de moeda com liquidação financeira, com vencimento para aquele mês
** “Pib” = Produto Interno Bruto
** “FED” = Banco Central Americano
** “NOAA” = Departamento Nacional da Atmosfera e Oceanos dos Estados Unidos
** “EUROSTAT” = Serviço de Estatística da União Europeia responsável pela publicação de estatísticas e indicadores de elevada qualidade a nível europeu que permite a comparação entre países e regiões
** “OPEP” = A Organização dos Países Exportadores de Petróleo
** “FOMO” = É caracterizada pela necessidade constante que uma pessoa tem de saber o que outras estão fazendo. FOMO, sigla que vem da expressão em inglês “fear of missing out”, que traduzida para o português significa “medo de ficar de fora”.
o investidor fica com receio em perder uma oportunidade no mercado e sai “comprando ou vendendo” para não ficar de fora da “oportunidade” divulgada na mídia (FOMO = Free of missing out A Organização dos Países Exportadores de Petróleo
** “COOXUPÉ” = Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé
** “Coccamig” = Cooperativa Central de Cafeicultores e Agropecuaristas de Minas Gerais
** “PIB” = Produto interno Bruto de um país
** “COPOM” = Comitê de Política Monetária, é um órgão do Banco Central. Ele foi criado em 1996 com o objetivo de traçar e acompanhar a política monetária do país. Esse é o órgão responsável pelo estabelecimento de diretrizes a respeito da taxa de juros
** “BASIS” = O basis é a disparidade de preço causada pela diferença geográfica entre os pontos de entrega da commodity. Ele é calculado subtraindo o valor da commodity no mercado físico em determinada praça, pelo preço do mesmo produto no mercado futuro.
** “Bandas de bollinger” = do inglês bollinger bands, é um indicador de volatilidade bastante utilizado para prever se um ativo está sobre-comprado, estável ou sobre-vendido. Ele é formado por duas médias móveis, uma superior e outra inferior que indicam tal informação. São alguns atributos desse indicador:
Antever os níveis de preço de um ativo
Antecipar topos e fundos de preço no gráfico
Mostrar a intensidade de valorização ou desvalorização de um ativo
Portanto, este indicador tenta mostrar se uma ação está barata ou cara, em um determinado período de tempo.
Desse modo, ele é indicado para operações de curto prazo, day trade ou swing trade.
O autor da técnica é o americano John Bollinger (nascido em 1950), analista financeiro e colaborador da área de análise técnica. John lançou o seu livro Bollinger on Bollinger Bands em 2001, mas essa técnica começou a ser desenvolvida por ele ainda na década de 1980. As bandas são derivadas das médias móveis e mostram que, independente de qualquer movimento que o preço faça, ele tende a voltar a um equilíbrio. Portanto, temos aí um “estreitamento das bandas” no gráfico de candlestick.
** “PMI” = A sigla PMI significa, em inglês, Purchasing Manager’s Index e é um indicador que mede a atividade econômica de um país a partir de pesquisas mensais realizadas por uma empresa privada.
Assim, o PMI também é conhecido como Índice de Gerentes de Compra e seu principal objetivo é fornecer informações sobre a temperatura de alguns setores da economia e orientar os diversos profissionais do mercado.
** Vicofa: Associação do Café e Cacau do Vietnam
[:]