[:pt]SAÍRAM OS NÚMEROS DO USDA. E agora?[:]

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Mercado de Café – Comentário Semanal – 19 – 23 de maio de 2025.

 

 

SAÍRAM OS NÚMEROS DO USDA. E agora?

 

Mais uma vez a semana começou otimista com o julho-25 subindo +1.400 pontos nos 2 primeiros pregões da semana chegando a negociar @ 379,25 centavos de dólar por libra-peso (fechamento anterior / máxima / mínima / fechamento atual respectivamente @ 363,65 / 379,25 / 355,25 / 361,00 centavos de dólar por libra-peso). Nesse nível estava a média-móvel dos 50 dias e uma importante resistência, que, se rompida, poderia levar o mercado novamente a buscar os 400 e até mesmo os 407 centavos de dólar por libra-peso no curto prazo.

 

Então saíram os números do USDA*… Para o Vietnam a produção saiu de 28 para 31 milhões de sacas; para a Colômbia houve uma redução de 15,00 para 12,50 milhões de sacas; e para o Brasil uma estimativa em 65 milhões de sacas. Mesmo com esses ajustes o cenário global ainda projeta uma “produção global x consumo global” em déficit ao redor dos -6 milhões de sacas. Se formos continuar utilizando a produção do Brasil com base na estimativa da Conab* então o déficit aumenta para -16 milhões de sacas.

 

Outra notícia baixista veio da Abic* indicando que o consumo de café no Brasil caiu 5,13% no primeiro quadrimestre de 2.025. Apenas no mês de abril-25 a queda chegou a 15,96% em comparação ao mês de abril-24. Ora, essa queda já era esperada pois os preços no mercado interno chegaram a dobrar nos últimos meses e o poder de compra do brasileiro segue sendo corroído pela inflação generalizada no país. Mesmo assim essa queda representa apenas -250 mil sacas no consumo interno no período em questão. Segundo a reportagem da Datafolha* “O ano começou animador para o setor, que viu o consumo subir, ainda que em escala modesta. Janeiro e fevereiro registraram crescimento de 1,26% e 0,89%, respectivamente. Em março, a tendência se inverteu e houve uma queda de 4,87%. Em abril, esse movimento se acelerou, e o consumo despencou 15,96%”.

 

Por outro lado, a notícia publicada parece ter mais um interesse com viés político/setorial do que realmente “assustar” o mercado. Segundo a matéria “No entanto, a realidade entre parte dos industriais é financeiramente delicada. Isto porque o café verde acumulou altas históricas ao longo dos últimos dois anos, mas as empresas não conseguiram repassar essas altas para o consumidor final no mesmo ritmo.

 

Por isso, as fabricantes pediram socorro ao Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Cafeeira), como afirmou à Folha o presidente da Abic no mês passado.

 

Na ocasião, Pavel Cardoso disse que a entidade se mobilizava junto ao Conselho Deliberativo da Política do Café para aumentar o capital de giro destinado à indústria, a fim de dar um fôlego às empresas e capitalizar o setor industrial”.

 

Ou seja, novamente o empresário ineficiente buscando “ajuda” do governo e culpando a alta nos preços – e não a sua falta de gestão de risco no seu negócio (como vimos no passado recente com algumas empresas “grandes” também pedindo recuperação judicial e dando calotes milionários no mercado). Da mesma forma que o produtor está aprendendo a realizar operações de hedge o mesmo deveria ocorrer na indústria. As ferramentas de hedge mitigam os riscos de mercado tanto para o produtor quanto para a indústria.

 

Alguém precisa avisar aos “fabricantes” que durante os últimos 2 meses os preços do café tipo robusta já recuaram 600 R$/saca (uma redução ao redor dos -32%) e o café arábica (após negociar nos 3.000 R$/saca) já recuou -17% e está negociando entre R$ 1.750 – 1.850/saca (café tipo “rio”) e entre R$ 2.400 – 2.600/saca (café tipo 6 e cereja descascado)…

 

Essa queda nos preços da matéria prima já está sendo repassada para o consumidor? Ou agora irão justificar que “precisamos recompor as perdas durante o período X”…

 

O mercado, de uma hora para outra, virou “baixista” já contando com a próxima safra brasileira 26/27 acima dos 80 milhões de sacas. Alguns já estão prevendo uma “florada espetacular” nos próximos meses (ago-set para o robusta e set-out para o arábica). Mas parecem esquecer que a colheita da próxima safra 26/27 só começará em abril-maio de 2026. Daqui até lá o mundo segue consumindo café com a demanda ainda firmes na Ásia e estável (por enquanto) na Europa e Estados Unidos.

 

Se o USDA* estiver correto e se o consumo brasileiro reduzir para 21,50 milhões de sacas, então o Brasil poderá exportar aproximadamente 43,50 milhões de sacas no próximo período julho-25/junho-26 – uma queda ao redor de -2,00 milhões de sacas com base no volume projetado para o período atual (provavelmente o Brasil encerrará o período julho-24/junho-25 exportando bem próximo dos 45,50 milhões de sacas).

 

Agora, se a produção vier no “meio do caminho” entre Conab* e USDA* em 60 milhões de sacas, então o Brasil terá apenas 38,50 milhões de sacas para abastecer o mercado externo – uma redução em -15,38% ou -7 milhões de sacas a menos na oferta.

 

Creio que ainda teremos 2 eventos importantes para monitorar nas próximas semanas e que, com certeza, irão “fazer preço”: a) a chegada do inverno no hemisfério sul junto com as frentes frias e os riscos com geadas, e b) a antecipação nas compras do lado das tradings para acelerar os embarques durante o período out-novembro-25 para a Europa. Lembrando que a partir de janeiro-26 as novas regras impostas pela Europa contra o “desmatamento” deverão entrar em vigor. E novamente o Brasil e suas lideranças junto com outros países se curvando ao “imperialismo europeu”… Vamos deixar de exportar para a Europa por 2-3 meses e ver onde eles irão conseguir encontrar alimento suficiente para suprir suas necessidades…

 

A colheita segue firme e forte no café robusta. Por enquanto o rendimento e qualidade do produto estão excelentes. O produtor segue vendendo seu produto com um desconto para o “café rio” ao redor dos -400 R$/saca… A indústria agradece… Mas, como dito acima, continuam “pedindo socorro” ao governo…

 

No curto prazo o julho-25 rompeu e encerrou abaixo da importante média-móvel dos 100 dias @ 365 centavos de dólar por libra-peso. Essa agora resistência precisa ser superada o mais rápido possível. Caso contrário os próximos suportes serão testados nos 355 / 345 e 324 centavos de dólar por libra-peso. Se o mercado perder os 324 centavos de dólar por libra-peso (média-móvel dos 200 dias) os próximos objetivos estão @ 300 e 240 centavos de dólar por libra-peso…

 

Possível? No curto prazo creio que não. Provável? Se o inverno for tranquilo (sem geadas) e as floradas forem mesmo “espetaculares” então para os próximos vencimentos Maio-26 em diante sim… Creio que 240 centavos de dólar por libra-peso será o próximo nível do mercado indicando um preço para o café arábica tipo 6 no Brasil ao redor dos 1.500 R$/saca.

 

No curto prazo a queda nos preços – tanto em NY / Londres quanto no mercado interno – será exclusivamente de responsabilidade do produtor. Se o “efeito manada” ocorrer então em breve estaremos vendo o café tipo robusta negociando abaixo dos R$ 1.000/saca e o café arábica bem próximo dos R$ 1.500/saca (café tipo “rio” já voltou a negociar abaixo dos R$ 2.000/saca @ 1.800/1.850 R$/saca).

 

O mercado segue avido pelo produto “café”…

 

Produtor: como sempre, PROTEJA-SE!

 

 

Boa semana a todos!

 

Marcelo Fraga Moreira*

 

 

PS: Você produtor (arábica e/ou robusta), caso queira saber mais sobre nossa consultoria para as operações de hedge, entre em contato conosco através dos emails:

 

priscilla@archerconsulting.com.br ou

 

mmoreira66@yahoo.com

 

 

 

 

*Marcelo Fraga Moreira é um profissional há mais de 30 anos atuando no mercado de commodities agrícolas, escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.

 

** “Call” = opção de Compra

** “Put” = opção de Venda

** “Compra Call-Spread” = compra e venda simultânea de 2 Opções de Compra comprando a Opção com preço de exercício mais baixo vendendo a Opção com preço de exercício mais alto);

** “Venda Call-Spread” = venda e compra simultânea 2 Opções de Compra vendendo a Opção com preço de exercício mais baixo e comprando a Opção com preço de exercício mais alto);

** “Compra Put-Spread” = compra e venda simultânea 2 Opções de Venda comprando a Opção com preço de exercício  mais alto e vendendo a Opção com preço de exercício mais baixo);

** “Venda Put-Spread” = venda e compra simultânea 2 Opções de Venda vendendo a Opção com preço de exercício  mais alto e comprando a Opção com preço de exercício mais baixo);

** “CFTC” = Commodity Futures Trading Commission – agência independente do governo dos Estados Unidos que regula os mercados de futuros e opções das commodities;

** “IBGE” = Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

 ** “Cecafé” = Conselho dos Exportadores de Café do Brasil

** “SECEX” = Secretaria comércio exterior

** “CNC” = Conselho Nacional do Café

** “USDA” = Departamento da Agricultura dos Estados Unidos

** “FNC” = Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia

** “FAS” = Serviço Agrícola Estrangeiro do USDA*

** “OIC” = Organização Internacional do Café

** “GCA” = Green Coffee Association

** “ABIC” = Associação Brasileira da Indústria de Café

** “Sincal” = Associação dos Produtores do Brasil

** “NDF” = (Non-Deliverable Forward), um contrato a termo de moeda com liquidação financeira, com vencimento para aquele mês

** “Pib” = Produto Interno Bruto

** “FED” = Banco Central Americano

** “NOAA” = Departamento Nacional da Atmosfera e Oceanos dos Estados Unidos

** “EUROSTAT”  = Serviço de Estatística da União Europeia responsável pela publicação de estatísticas e indicadores de elevada qualidade a nível europeu que permite a comparação entre países e regiões

** “OPEP” = A Organização dos Países Exportadores de Petróleo

** “FOMO” = É caracterizada pela necessidade constante que uma pessoa tem de saber o que outras estão fazendo. FOMO, sigla que vem da expressão em inglês “fear of missing out”, que traduzida para o português significa “medo de ficar de fora”.

o investidor fica com receio em perder uma oportunidade no mercado e sai “comprando ou vendendo” para não ficar de fora da “oportunidade” divulgada na mídia (FOMO = Free of missing out A Organização dos Países Exportadores de Petróleo

** “COOXUPÉ” = Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé

** “Coccamig” = Cooperativa Central de Cafeicultores e Agropecuaristas de Minas Gerais

** “PIB” = Produto interno Bruto de um país

** “COPOM” = Comitê de Política Monetária, é um órgão do Banco Central. Ele foi criado em 1996 com o objetivo de traçar e acompanhar a política monetária do país. Esse é o órgão responsável pelo estabelecimento de diretrizes a respeito da taxa de juros

** “BASIS” = O basis é a disparidade de preço causada pela diferença geográfica entre os pontos de entrega da commodity. Ele é calculado subtraindo o valor da commodity no mercado físico em determinada praça, pelo preço do mesmo produto no mercado futuro.

** “Bandas de bollinger” = do inglês bollinger bands, é um indicador de volatilidade bastante utilizado para prever se um ativo está sobre-comprado, estável ou sobre-vendido. Ele é formado por duas médias móveis, uma superior e outra inferior que indicam tal informação. São alguns atributos desse indicador:

Antever os níveis de preço de um ativo

Antecipar topos e fundos de preço no gráfico

Mostrar a intensidade de valorização ou desvalorização de um ativo

Portanto, este indicador tenta mostrar se uma ação está barata ou cara, em um determinado período de tempo.

Desse modo, ele é indicado para operações de curto prazo, day trade ou swing trade.

O autor da técnica é o americano John Bollinger (nascido em 1950), analista financeiro e colaborador da área de análise técnica. John lançou o seu livro Bollinger on Bollinger Bands em 2001, mas essa técnica começou a ser desenvolvida por ele ainda na década de 1980. As bandas são derivadas das médias móveis e mostram que, independente de qualquer movimento que o preço faça, ele tende a voltar a um equilíbrio. Portanto, temos aí um “estreitamento das bandas” no gráfico de candlestick.

** “PMI” = A sigla PMI significa, em inglês, Purchasing Manager’s Index e é um indicador que mede a atividade econômica de um país a partir de pesquisas mensais realizadas por uma empresa privada.

Assim, o PMI também é conhecido como Índice de Gerentes de Compra e seu principal objetivo é fornecer informações sobre a temperatura de alguns setores da economia e orientar os diversos profissionais do mercado.

** Vicofa: Associação do Café e Cacau do Vietnam

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