O mercado futuro de açúcar em NY teve uma semana de alta vigorosa. O fechamento do vencimento março/2016 na sexta-feira cravou 15.48 centavos de dólar por libra-peso (depois de ter negociado até 15.85 centavos de dólar por libra-peso), representando um acréscimo de 50 pontos em relação à semana anterior, ou seja, mais de 11 dólares por tonelada. Os vencimentos para a safra 2016/2017 do Centro-Sul na bolsa, de maio/2016 até março de/2017, apresentaram variações positivas médias de 8-9 dólares por tonelada. A safra seguinte (2017/2018) ficou de lado.
Os fundos não-indexados continuam mantendo uma posição que segura o mercado nos níveis atuais. São 212.000 contatos comprados que equivalem a 10.8 milhões de toneladas de açúcar. No entanto, acredito que a adição de mais compras além desse volume pode colocar um limite na movimentação dos fundos. Traduzindo: o mercado pode eventualmente ficar pesado. O volume enorme de puts (opções de venda) em aberto para vencimento em janeiro (entre os preços de exercício de 14.00 e 15.50 centavos de dólar por libra-peso) devem somar 16.000 contratos.
O que serve de alento para o mercado físico que anda de lado e não apresenta nenhuma novidade é que o spread (março/maio) continua firme fechando a 46 pontos. Normalmente o spread é o termômetro que antecipa no mercado futuro aquilo que provavelmente vai ocorrer no mercado físico. Por enquanto, tudo leva a crer que os fundamentos vão prevalecer.
A previsão de preços de NY baseada no modelo desenvolvido pela Archer Consulting, que considera os preços médios de cada mês nos últimos quinze anos e a correlação deles na formação de preço dos meses seguintes, aponta que o preço médio de dezembro deve ficar 8% melhor do que o de novembro. E janeiro deve ficar 4% melhor do que o preço de dezembro. Fevereiro teria o pico de preços seguido de março com ligeira queda. Estamos falando de preço médio, não de preço máximo.
A desvalorização do real em relação ao dólar e o descolamento do mercado de açúcar em NY do câmbio incentivaram às usinas a travar seus preços em reais que também atingem recorde. Depois que o contrato de açúcar em NY se descolou das oscilações do dólar, houve um acréscimo surpreendente de fixações de preço dos contratos de exportação de açúcar por parte das usinas como nunca antes. A quarta estimativa do volume fixado para a safra 2016/2017 apurada pelo modelo desenvolvido pela Archer Consulting apresenta um total de 13,174 milhões de toneladas de açúcar ao preço médio de 13,57 centavos de dólar por libra-peso, ou seu equivalente em R$ 1.172 por tonelada FOB. Esse volume deve representar uma fixação de 55.75% da safra, considerando a estimativa da Archer de um volume de exportação brasileira de açúcar da ordem de 25,12 milhões de toneladas. O dólar médio obtido pelas usinas é de 3,7639 reais. O modelo estima um erro para mais ou para menos de 3.74% do preço encontrado. Comparativamente às últimas quatro safras, o percentual acumulado de fixação de 55.75% para a 2016/2017 é o mais alto já visto. O ano passado, por exemplo, o acumulado nesse mesmo período era de apenas 23.23%.
Veja o gráfico do fechamento diário do mercado futuro de açúcar em NY (primeira cotação) convertido em R$/tonelada, pelo câmbio do Banco Central e ajustado pelo IGPM. O maior preço ajustado no período analisado (de janeiro de 2010 até hoje) foi de R$ 1.964.58 (em 29/01/2010) por tonelada, valor que seria obtido hoje, considerando o real a 3.8500 se NY negociasse a 22.25 centavos de dólar por libra-peso. O preço ajustado mais baixo foi de R$ 789.59 por tonelada (equivalente hoje a NY 8.94 centavos de dólar por libra-peso) ocorrido em 16/09/2014.
Em valores nominais as usinas estão recebendo o maior preço em reais por tonelada desde fevereiro de 2011. Preço acima de R$ 1.300 equivalente FOB com prêmio de polarização é extremamente remunerador. Haja vista que muita gente começa a fazer cálculos para fixar também para a safra 2017/2018. Veja bem, as empresas bem capitalizadas e com gestão de risco profissional que conseguem fazer NDF (contrato a termo de dólar com liquidação financeira) para 2017 e fixar futuros para o mesmo período, podem conseguir uma fixação do açúcar equivalente a R$ 1.500 por tonelada.
Caso a situação política se mantenha do mesmo jeito e o dólar médio para 2017 seja de R$ 4.0000, a cotação média de açúcar em NY precisa estar em 16.35 centavos de dólar por libra-peso para que se obtenha os mesmos R$ 1.500 por tonelada, ou seja, precisa subir 200 pontos. Se houver uma melhor do cenário político e o dólar em 2017 fique na média em R$ 3.5000, NY vai precisar negociar a 18.70 centavos de dólar por libra-peso para empatar com o que é possível fixar nas condições de hoje, isto é, uma elevação de 440 pontos.
Se ainda assim a empresa não se sentir segura com os R$ 1.500, pode fazer algumas operações usando derivativos para aproveitar uma eventual elevação do preço em dólares.
Marque na sua agenda para 2016. O Curso Noturno de Opções vai ocorrer dias 22, 23, 24 e 25 de fevereiro em São Paulo. Em março, dias 29, 30 e 31 ocorre o XXV Curso Intensivo de Futuros, Opções e Derivativos em Commodities Agrícolas.
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Bom final de semana a todos.
Arnaldo Luiz Corrêa
The sugar futures market in NY has had a week of strong high. The close of March/2016 on Friday hit 15.48 cents a pound (after having traded at up to 15.85 cents per pound), representing a 50-point increase against last week, that is, over 11 dollars a ton. The maturities for the 2016/2017 Center-South crop at the exchange, from May 2016 to March 2017, showed average positive variations of 8-9 dollars a ton. The next one (2017/2018) has been put aside.
The funds have kept a position which holds the market at the current levels. There are 212,000 long contacts which are equivalent to 10.8 million tons of sugar. However, I believe that the addition of more purchases beyond this volume might set a limit to the movement of funds. In other words, the market can eventually turn heavy. The huge volume of open puts (put options) maturing in January (between the exercise prices of 14.00 and 15.50 cents per pound) should add up to 16,000 contracts.
What’s encouraging for the physical market which has been put aside and doesn’t show anything new is that the spread (March/May) is still strong closing at 46 points. The spread is usually the thermometer which foresees on the futures market what will probably happen on the physical market. For the time being, everything leads us to believe that the fundamentals will prevail.
Price forecasting in NY based on the model developed by Archer Consulting, which takes into account the average prices for each month over the last fifteen years and their correlation to pricing formation for the following months, shows that the average price for December should be 8% better than that for November. In January, it should be 4% better than that for December. February would reach the price peak followed by March with a slight drop. We are talking about average price, not maximum price.
The real devaluation against the dollar and the detachment of the sugar market in NY from the exchange rate have encouraged the mills to lock their prices which have also reached a record. After the sugar contract in NY detached itself from the dollar fluctuations, there was an amazing unprecedented increase in the pricing of export sugar contracts by the mills. The fourth estimate for the fixed volume for the 2016/2017 harvest determined by the model developed by Archer Consulting shows a total of 13.174 million tons of sugar at an average price of 13.57 cents a pound, or its equivalent in R$1,172 an FOB ton. This volume should represent a 55.75% fixation of the harvest, considering Archer’s estimate for a Brazilian export volume of sugar of about 25.12 million tons. The average dollar obtained by the mills is R$3.7639. The model estimates a plus or minus 3.74% error on the determined price. Compared with the last four harvests, the accumulated percentage of 55.75% fixation for 2016/2017 is the highest ever seen. Last year, for instance, the accumulated over this same period of time was only 23.23%.
See graph on daily closing of the sugar futures market in NY (first quotation) converted into R$/ton, by the Central Bank exchange rate and adjusted by the IGPM (Inflation). The highest adjusted price over the analyzed period (from January 2010 up to now) has been R$1,964,58 a ton on January 29, 2010. This value would be obtained today considering the real at 3.8500 and NY trading at 22.25 cents a pound. The lowest adjusted price has been R$789.59 a ton (equivalent to NY at 8.94 cents a ton today) on September 16, 2014.
In nominal values the mills have been getting the highest price in real per ton since February 2011. Price over R$1,300 FOB equivalent with polarization premium is extremely profitable. That’s why so many people are starting to make calculations to fix for the 2017/2018 crop as well. Look, the well-capitalized and professionally risk-managed companies which can make an NDF (non-deliverable forward) for 2017 and fix futures for the same period might be able to get a fixation on sugar equivalent to R$1,500 a ton.
If the political situation doesn’t change and the average dollar for 2017 is R$4.0000, the average sugar quotation in NY has to be at 16.35 cents a pound so that the same R$1.500 a ton can be obtained, that is, it has to go up 200 points. If the political scenario improves and the dollar stays at R$3.5000 on average, NY will have to trade at 18.70 cents a pound to break even based on what we can fix under today’s conditions, that is, a 440-point increase.
If the company still doesn’t feel secure with R$1.500, it can make some operations using derivatives to take advantage of a possible price increase in dollars.
Put it on your 2016 calendar. The Night Course on Options will take place on February 22, 23, 24 and 25 , and the XXV Intensive Course on Futures, Options and Derivatives in Agricultural Commodities will be held on March 29, 30 and 31 in São Paulo.
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Have a nice weekend everybody.
Arnaldo Luiz Corrêa