Aguenta coração!
O vencimento Maio-25 encerrou a semana @ 384,40 centavos de dólar por libra-peso caindo apenas 225 pontos. Porém, a realidade foi outra! O vencimento Maio-25 chegou trabalhar com uma amplitude de incríveis 8.235 pontos (fechamento semana anterior / mínima / máxima / nova mínima / fechamento atual respectivamente @ 386,50 / 375,70 / 418,55 / 379,05 / 384,40 centavos de dólar por libra-peso)!
Os participantes do mercado estão “assustados” com essas variações diárias porém lembrar que no nível atual de preços (400 c/lb) qualquer +/- 2% representam +/- 800 pontos – quando nos últimos anos, com o mercado negociando ao redor dos 130 centavos de dólar por libra-peso, essa mesma variação representava +/-260 pontos.
O R$ voltou a oscilar entre 6,00 / 5,73 R$/US$ encerrando @ 5,80 centavos de dólar por libra-peso.
O mercado retomou a tendência de alta (até a quarta-feira), chegando a negociar na máxima da semana @ 418,55 centavos de dólar por libra-peso. As expectativas dos estragos potenciais que já estão ocorrendo em muitas lavouras motivaram essa alta. Também algumas ordens de “stop” foram acionadas quando o Maio-25 atingiu os 410,00 centavos de dólar por libra-peso. A posição em aberto das opções deste vencimento a partir dos 400,00 centavos de dólar por libra-peso continua trabalhando como um “imã” para os fundos + especuladores tentarem pegar novamente os “vendidos” (vencerão dia 11 de abril).
Na quinta-feira o mercado “derreteu”, chegando a cair mais de 2.300 pontos, com a previsão climática indicando o fim do veranico e a entrada de uma frente fria trazendo chuvas “abundantes” para as principais zonas produtoras. Essa noticia foi o estopim para que os algorítimos entrassem “vendendo” pesado, acreditando que as chuvas (que ainda não caíram) irão ser suficientes para salvar a safra atual e produzir uma safra abundante em 26/27...
Mesmo assim o volume negociado na quinta-feira foi baixo (apenas ao redor dos 40.000 lotes) indicando que muitos ainda continuam acreditando em um mercado positivo. Para efeito de comparação, em outros momentos, com o mercado variando em uma única sessão os mesmos 2.000 pontos o volume negociado chegou a atingir 90.000 lotes.
Noticias vindas do Vietnam também continuam dando sustentação ao café tipo robusta. No acumulado dos últimos 5 meses o Vietnam exportou 29,62% abaixo do mesmo período ano anterior - apenas 3,78 milhões de sacas. O vencimento Maio-25 em Londres chegou a negociar @ 5.735 US$/tonelada na quarta-feira (344,03 US$/saca = 1.995 R$/saca) e encerrou a semana @ 5.353 US$/tonelada (321,12 US$/saca = 1.862 R$/saca).
O mercado interno segue “de lado” com o produtor capitalizado não aceitando vender nos preços atuais e com a indústria e o exportador precisando comprar para honrar seus compromissos.
A próxima safra brasileira 25/26 está prestes a começar (com a safra do robusta começando a ser colhida já em meados de abril) e o comprador continua acreditando na “pressão de venda” na entrada da safra. Muitos compromissos já foram assumidos então, praticamente muito desse café novo já está comprometido.
Muitos produtores do robusta estão bem capitalizados e o Vietnam, como mencionado acima, segue com dificuldades para “inundar” o mundo com seu produto disponível. Novamente não faz sentido vender café robusta abaixo do café arábica tipo “rio”, ou com um deságio superior a 20% para o café arábica tipo 6. Se a safra brasileira 25/26 do café tipo arábica for mesmo abaixo dos 44 milhões de sacas, então esse spread deverá fechar ainda mais.
Nos últimos dias o “mosquito da alta” voltou a picar a maioria dos produtores brasileiros, com estimativas para o café arábica “pronto para negociar nos R$ 10.000/saca”! E levaram um susto quando o mercado chegou a cair -5% em apenas 1 dia!
Para isso ocorrer, mantendo o R$ @ 5,80 e o diferencial de compra @ -40 pontos, então NY precisará negociar acima @ 1.300 c/lb (13,00 US$/libra)! Muito pouco provável ocorrer, na minha opinião – salvo algum problema climático acontecer nos próximos meses (geada / nova seca) afetando a próxima safra 26/27.
Como já vimos recentemente, uma eventual nova disruptura mundial de demanda (mudanças políticas, pandemias, guerras, etc) poderá destruir a demanda e os preços...
Lembrar que 2% no aumento do consumo (com base no consumo mundial estimado pela OIC* no ano passado em 180 milhões de sacas) representa 3,60 milhões de sacas. Ou seja, se ao invés do consumo aumentar 2% no próximo ano cair -2% então o quadro da oferta x demanda mundial irá “economizar” 7,20 milhões de sacas - ajudando em muito a repor o índice “estoque mundial x consumo mundial” para níveis considerados “seguros” pelo mercado.
O Brasil continua sendo a “bola da vez” com o mundo dependendo da produção crescente brasileira durante os próximos 3 anos para repor os estoques. Creio que os preços deverão continuar firmes mas em patamares “realistas”.
Se a safra brasileira 25/26 vier mesmo abaixo dos 50 milhões de sacas então o déficit mundial entre produção x consumo (considerando o consumo mundial em 184 milhões de sacas) deverá ser superior a -20 milhões de sacas! Alguns bancos / analistas continuam indicando possível correção nos preços em 30% até o final do ano (dez-25). Considerando que o Dez-25 encerrou a semana @ 353,60 centavos de dólar por libra-peso então o Dez-25 deverá estar negociando abaixo dos 250 centavos de dólar por libra-peso (aproximadamente 1.600 R$/saca)! Será?
Creio que o mercado mundial irá recompor seus estoques, voltando a trabalhar com o índice “estoque x consumo” acima dos 10% apenas a partir da safra 27/28, desde que o Brasil consiga produzir 65/70/75/80 milhões de sacas durante as próximas 4 safras, já a partir da safra 25/26...
Segundo a Cecafé, as solicitações para exportações agora no início do mês de março-25 começaram bem projetando novamente uma exportação ao redor dos +3.00 milhões de sacas.
Provavelmente, por mais um ano, vamos ter que ajustar tanto o estoque de passagem da safra 23/24 para a 24/25 e aumentar a produção da safra 24/25 para uns 60 milhões de sacas... E/ou reduzir drasticamente o consumo interno brasileiro para apenas 16/18 milhões de sacas. Infelizmente as estatísticas brasileiras e as projeções da Conab* não fecham... E as exportações, por enquanto, estão projetando uma exportação total no ano safra julho-24/junho-25 acima dos 42 milhões de sacas.
Para o produtor “otimista”: não deixe de se proteger e de realizar as proteções através da compra de uma opção de venda “put*” ou uma estrutura “put-spread*” contra os vencimentos Dez-25, Set-26, Dez-26.
Ainda é possível “travar” com um piso ao redor dos 2.400/2.500 R$/saca para o Dez-25 e 2.000 R$/saca para Set-26 / Dez-26
Se você acredita no mercado nos 10.000 R$/saca então compre uma opção de compra “call” strike 400 / 500 c/lb no vencimento Set-26 e “sente em cima da posição”.
Se o mercado for mesmo para os R$10.000/saca você irá participar da alta sem colocar sua produção / receita no risco!
Como sempre, PROTEJA-se!
Boa semana a todos!
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Marcelo Fraga Moreira*
*Marcelo Fraga Moreira é um profissional há mais de 30 anos atuando no mercado de commodities agrícolas, escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.
** “Call” = opção de Compra
** “Put” = opção de Venda
** “Compra Call-Spread” = compra e venda simultânea de 2 Opções de Compra comprando a Opção com preço de exercício mais baixo vendendo a Opção com preço de exercício mais alto);
** “Venda Call-Spread” = venda e compra simultânea 2 Opções de Compra vendendo a Opção com preço de exercício mais baixo e comprando a Opção com preço de exercício mais alto);
** “Compra Put-Spread” = compra e venda simultânea 2 Opções de Venda comprando a Opção com preço de exercício mais alto e vendendo a Opção com preço de exercício mais baixo);
** “Venda Put-Spread” = venda e compra simultânea 2 Opções de Venda vendendo a Opção com preço de exercício mais alto e comprando a Opção com preço de exercício mais baixo);
** “CFTC” = Commodity Futures Trading Commission – agência independente do governo dos Estados Unidos que regula os mercados de futuros e opções das commodities;
** “IBGE” = Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
** “Cecafé” = Conselho dos Exportadores de Café do Brasil
** “SECEX” = Secretaria comércio exterior
** “CNC” = Conselho Nacional do Café
** “USDA” = Departamento da Agricultura dos Estados Unidos
** “FNC” = Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia
** “FAS” = Serviço Agrícola Estrangeiro do USDA*
** “OIC” = Organização Internacional do Café
** “GCA” = Green Coffee Association
** “ABIC” = Associação Brasileira da Indústria de Café
** “Sincal” = Associação dos Produtores do Brasil
** “NDF” = (Non-Deliverable Forward), um contrato a termo de moeda com liquidação financeira, com vencimento para aquele mês
** “Pib” = Produto Interno Bruto
** “FED” = Banco Central Americano
** “NOAA” = Departamento Nacional da Atmosfera e Oceanos dos Estados Unidos
** “EUROSTAT” = Serviço de Estatística da União Europeia responsável pela publicação de estatísticas e indicadores de elevada qualidade a nível europeu que permite a comparação entre países e regiões
** “OPEP” = A Organização dos Países Exportadores de Petróleo
** “FOMO” = É caracterizada pela necessidade constante que uma pessoa tem de saber o que outras estão fazendo. FOMO, sigla que vem da expressão em inglês “fear of missing out”, que traduzida para o português significa “medo de ficar de fora”.
o investidor fica com receio em perder uma oportunidade no mercado e sai “comprando ou vendendo” para não ficar de fora da “oportunidade” divulgada na mídia (FOMO = Free of missing out A Organização dos Países Exportadores de Petróleo
** “COOXUPÉ” = Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé
** “Coccamig” = Cooperativa Central de Cafeicultores e Agropecuaristas de Minas Gerais
** “PIB” = Produto interno Bruto de um país
** “COPOM” = Comitê de Política Monetária, é um órgão do Banco Central. Ele foi criado em 1996 com o objetivo de traçar e acompanhar a política monetária do país. Esse é o órgão responsável pelo estabelecimento de diretrizes a respeito da taxa de juros
** “BASIS” = O basis é a disparidade de preço causada pela diferença geográfica entre os pontos de entrega da commodity. Ele é calculado subtraindo o valor da commodity no mercado físico em determinada praça, pelo preço do mesmo produto no mercado futuro.
** “Bandas de bollinger” = do inglês bollinger bands, é um indicador de volatilidade bastante utilizado para prever se um ativo está sobre-comprado, estável ou sobre-vendido. Ele é formado por duas médias móveis, uma superior e outra inferior que indicam tal informação. São alguns atributos desse indicador:
Antever os níveis de preço de um ativo
Antecipar topos e fundos de preço no gráfico
Mostrar a intensidade de valorização ou desvalorização de um ativo
Portanto, este indicador tenta mostrar se uma ação está barata ou cara, em um determinado período de tempo.
Desse modo, ele é indicado para operações de curto prazo, day trade ou swing trade.
O autor da técnica é o americano John Bollinger (nascido em 1950), analista financeiro e colaborador da área de análise técnica. John lançou o seu livro Bollinger on Bollinger Bands em 2001, mas essa técnica começou a ser desenvolvida por ele ainda na década de 1980. As bandas são derivadas das médias móveis e mostram que, independente de qualquer movimento que o preço faça, ele tende a voltar a um equilíbrio. Portanto, temos aí um “estreitamento das bandas” no gráfico de candlestick.
** “PMI” = A sigla PMI significa, em inglês, Purchasing Manager’s Index e é um indicador que mede a atividade econômica de um país a partir de pesquisas mensais realizadas por uma empresa privada.
Assim, o PMI também é conhecido como Índice de Gerentes de Compra e seu principal objetivo é fornecer informações sobre a temperatura de alguns setores da economia e orientar os diversos profissionais do mercado.
** Vicofa: Associação do Café e Cacau do Vietnam