MERCADO EM COMPASSO DE ESPERA!

Mais uma semana volátil com o Maio-25 encerrando @ 391,40 centavos de dólar por libra-peso (fechamento anterior / mínima / máxima / fechamento respectivamente @ 377,20 / 372,25 / 397,60 / 391,40 centavos de dólar por libra-peso). O volume diário negociado ficou ao redor dos 25.000 lotes/dia.

Apesar do vencimento Maio-25 ter valorizado +3,76% o R$ valorizou +2,70% encerrando @ R$/US$ 5,70.

 

Já em Londres o vencimento Maio-25 encerrou com ligeira alta @ 5.524 US$/tonelada (331,37 US$/saca = aproximadamente 1.888 R$/saca). Mesmo com a safra do Vietnam em pleno vapor e a safra brasileira já começando a ser colhida (mesmo café “verde”) o café tipo robusta segue firme. O mercado interno brasileiro segue sustentado – negociando ainda ao redor dos 2.000 R$/saca para produto “spot” e já ao redor dos 1.800/1.850 R$/saca para produto entregue abril-maio (safra nova). O deságio para o café tipo arábica segue ao redor dos -25%. Como já mencionado outras vezes, creio não fazer sentido o café robusta já estar negociando novamente abaixo do café arábica padrão “rio”.

 

Se a safra brasileira 25/26 do café arábica vier mesmo abaixo dos 34,70 milhões de sacas (lembrando que a Conab* estima a próxima safra 25/26 em apenas 51, 80 milhões de sacas sendo 34,70 milhões de sacas café tipo arábica e +17,10 milhões de sacas café robusta) então os preços deverão continuar muito firmes pelos próximos 12-18 meses!

 

Considerando que o estoque de passagem da safra 24/25 para a safra 25/26 será praticamente “zero” e o consumo interno ficará em 21,50 milhões de sacas, então o Brasil terá apenas 30,30 milhões de sacas para exportar durante o próximo ano-safra julho-25/junho-26! Uma redução em comparação ao ano safra julho-24/junho-25 ao redor dos -14,50 milhões de sacas!

 

Mesmo se a safra brasileira vier ao redor dos 55-60 milhões de sacas então o Brasil terá produto disponível para exportar entre apenas 30-38 milhões de sacas!

 

Com o consumo mundial estimado para a próxima safra 25/26 pela OIC* em +183,40 milhões de sacas e uma produção mundial total estimada em +164 milhões de sacas (conforme tabela abaixo) então, novamente, o déficit mundial entre “produção x consumo” deverá ficar ao redor dos -20 milhões de sacas!

 

Considerando que a Conab* estará errada mais uma vez (subestimando a produção brasileira) e o mercado considerando a produção brasileira 10% acima da estimativa da Conab*, então a produção brasileira ficará ao redor dos +56 milhões de sacas e o déficit mundial entre produção x consumo “melhora um pouco” para “apenas” -17 milhões de sacas!

 

Da mesma forma, considerando uma recuperação “acima da média”, “super otimista” a partir da safra brasileira 26/27 em diante (conforme a tabela abaixo) então o índice “estoque x consumo mundial” só voltará a patamares seguros (acima dos 15%) apenas na safra 28/29! Agora, considerando outro cenário ajustando a produção brasileira para uma produção “mais realista”, reduzindo em cada ano safra -5 milhões de sacas, então o índice “estoque x consumo mundial” encerrará o ano 28/29 ainda abaixo dos 10%!

 

Para atingir o índice “estoque x consumo mundial” acima dos 15% na safra 28/29 o Brasil precisará produzir nas próximas safras 26/27 / 27/28 e 28/29 pelo menos 76 / 80 / 88 milhões de sacas! E as outras origens ainda aumentando a sua produção conforme tabela abaixo.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA*) divulgou sua projeção para o estoque global para o final da safra 2024/25 em apenas 20,9 milhões de sacas, o menor dos últimos 25 anos.

 

Mesmo com o quadro “oferta x demanda mundial” do USDA* projetando o consumo mundial bem diferente do consumo projetado pela OIC* (170 milhões de sacas x 180 milhões de sacas), pelo menos concordamos que o estoque mundial disponível está mesmo nos menores níveis dos últimos anos!

 

Os estoques certificados seguem abaixo das 800.000 sacas – encerraram a semana com apenas 777.708 sacas! E os fundos + especuladores continuam comprados acima dos 38 mil lotes.

 

A próxima safra brasileira 25/26 está “sob judice” com o superintendente da Femagri – Sr Jose Eduardo Santos - demonstrando preocupação quanto a qualidade e ao tamanho da próxima safra:


“Porto Alegre, 20 de março de 2025 - Em coletiva de imprensa para jornalistas, durante a Femagri 2025 - Feira de Máquinas, Implementos e Insumos Agrícolas - o Superintendente da Femagri, José Eduardo Santos Júnior, falou sobre a seca prolongada e temperaturas muito acima da média histórica, condições que se prolongaram por mais de 40 dias e que impactarão significativamente a produção de café de 2025 e possivelmente de 2026 na área de atuação da cooperativa.

 

Segundo Santos, apesar de ainda não ser possível mensurar com precisão as perdas, os danos são, em grande parte, irreversíveis. A real extensão do prejuízo será conhecida apenas na colheita e na próxima safra.

 

As altas temperaturas são um desastre para o café, pois a planta não tolera níveis tão

elevados como os que temos vivenciado. Estamos às vésperas da colheita, e o impacto real só será percebido quando o café for seco e beneficiado, apontou, acrescentando que muitas vezes, o problema não é visível no pé de café, mas se reflete no rendimento final do grão.”

 

 

O outono brasileiro começou no dia 20 de março e o inverno começará daqui a 3 meses – a partir do dia 21 de junho! As projeções iniciais do meteorologista sr Molon indicam que o inverno será um dos mais rigorosos dos últimos anos.

 

Se o Brasil tiver qualquer problema climático durante os próximos 6 meses - com reflexo direto na próxima safra 26/27 - quando o mercado projeta uma recuperação total na safra brasileira acima dos 70 milhões de sacas então os preços irão literalmente explodir!

 

Será que o Brasil irá conseguir produzir acima dos 70 milhões de sacas já na próxima safra 26/27? Mesmo com o inverno aproximando o mercado já está aguardando e monitorando como será a próxima florada 26/27 (com reflexo direto na próxima safra 26/27) a partir de setembro/outubro-25!

 

No curto prazo o mercado segue monitorando as notícias das chuvas dos últimos dias e o reflexo no final do enchimento dos grãos da safra atual 25/26. Segundo agrônomos e especialistas agrícolas a safra 25/26 já está finalizada e não tem mais o que fazer. O grande risco agora é saber como será finalizado o enchimento dos grãos e a qualidade dos mesmos e qual será o tamanho da safra: 45-65 milhões de sacas?

 

O Brasil continua exportando acima do esperado (segundo dados da Cecafé* agora em março-25 o Brasil deverá exportar ao redor dos 3,50 milhões de sacas), e essa “oferta abundante” de café brasileiro continua trabalhando como um “teto” para os preços.

 

O contrato Maio-25 apresenta suportes importantes @ 385 / 375 e 335 centavos de dólar por libra-peso e resistências @ 397 / 407 e 418 centavos de dólar por libra-peso. Como notado abaixo, a posição em aberto das opções – tanto de compra quanto de venda – poderão ativar ordens de “stop” tanto para cima quanto para baixo!

 

O vencimento das opções do próximo vencimento Maio-25 (dia 11 de abril) apresenta uma posição em aberto nas opções de compra “call*” e nas opções de venda “put*” bem interessante; com os “vendidos” podendo acionar “stops” caso o mercado volte a negociar abaixo dos 390/80 centavos de dólar por libra-peso e os “comprados” ainda acreditando em “stops” acima dos 400 centavos de dólar por libra-peso:

Mesmo com toda essa posição nas opções de venda “put*” em aberto creio ser muito arriscado “ficar vendido” nesse momento com o inverno chegando e as incertezas com o tamanho das próximas safras.

 

 

Como sempre, PROTEJA-se!

 

Boa semana a todos!

 

 

 

Marcelo Fraga Moreira*

 

*Marcelo Fraga Moreira é um profissional há mais de 30 anos atuando no mercado de commodities agrícolas, escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.

 

** “Call” = opção de Compra

** “Put” = opção de Venda

** “Compra Call-Spread” = compra e venda simultânea de 2 Opções de Compra comprando a Opção com preço de exercício mais baixo vendendo a Opção com preço de exercício mais alto);

** “Venda Call-Spread” = venda e compra simultânea 2 Opções de Compra vendendo a Opção com preço de exercício mais baixo e comprando a Opção com preço de exercício mais alto);

** “Compra Put-Spread” = compra e venda simultânea 2 Opções de Venda comprando a Opção com preço de exercício  mais alto e vendendo a Opção com preço de exercício mais baixo);

** “Venda Put-Spread” = venda e compra simultânea 2 Opções de Venda vendendo a Opção com preço de exercício  mais alto e comprando a Opção com preço de exercício mais baixo);

** “CFTC” = Commodity Futures Trading Commission – agência independente do governo dos Estados Unidos que regula os mercados de futuros e opções das commodities;

** “IBGE” = Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

 ** “Cecafé” = Conselho dos Exportadores de Café do Brasil

** “SECEX” = Secretaria comércio exterior

** “CNC” = Conselho Nacional do Café

** “USDA” = Departamento da Agricultura dos Estados Unidos

** “FNC” = Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia

** “FAS” = Serviço Agrícola Estrangeiro do USDA*

** “OIC” = Organização Internacional do Café

** “GCA” = Green Coffee Association

** “ABIC” = Associação Brasileira da Indústria de Café

** “Sincal” = Associação dos Produtores do Brasil

** “NDF” = (Non-Deliverable Forward), um contrato a termo de moeda com liquidação financeira, com vencimento para aquele mês

** “Pib” = Produto Interno Bruto

** “FED” = Banco Central Americano

** “NOAA” = Departamento Nacional da Atmosfera e Oceanos dos Estados Unidos

** “EUROSTAT”  = Serviço de Estatística da União Europeia responsável pela publicação de estatísticas e indicadores de elevada qualidade a nível europeu que permite a comparação entre países e regiões

** “OPEP” = A Organização dos Países Exportadores de Petróleo

** “FOMO” = É caracterizada pela necessidade constante que uma pessoa tem de saber o que outras estão fazendo. FOMO, sigla que vem da expressão em inglês “fear of missing out”, que traduzida para o português significa “medo de ficar de fora”.

o investidor fica com receio em perder uma oportunidade no mercado e sai “comprando ou vendendo” para não ficar de fora da “oportunidade” divulgada na mídia (FOMO = Free of missing out A Organização dos Países Exportadores de Petróleo

** “COOXUPÉ” = Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé

** “Coccamig” = Cooperativa Central de Cafeicultores e Agropecuaristas de Minas Gerais

** “PIB” = Produto interno Bruto de um país

** “COPOM” = Comitê de Política Monetária, é um órgão do Banco Central. Ele foi criado em 1996 com o objetivo de traçar e acompanhar a política monetária do país. Esse é o órgão responsável pelo estabelecimento de diretrizes a respeito da taxa de juros

** “BASIS” = O basis é a disparidade de preço causada pela diferença geográfica entre os pontos de entrega da commodity. Ele é calculado subtraindo o valor da commodity no mercado físico em determinada praça, pelo preço do mesmo produto no mercado futuro.

** “Bandas de bollinger” = do inglês bollinger bands, é um indicador de volatilidade bastante utilizado para prever se um ativo está sobre-comprado, estável ou sobre-vendido. Ele é formado por duas médias móveis, uma superior e outra inferior que indicam tal informação. São alguns atributos desse indicador:

Antever os níveis de preço de um ativo

Antecipar topos e fundos de preço no gráfico

Mostrar a intensidade de valorização ou desvalorização de um ativo

Portanto, este indicador tenta mostrar se uma ação está barata ou cara, em um determinado período de tempo.

Desse modo, ele é indicado para operações de curto prazo, day trade ou swing trade.

O autor da técnica é o americano John Bollinger (nascido em 1950), analista financeiro e colaborador da área de análise técnica. John lançou o seu livro Bollinger on Bollinger Bands em 2001, mas essa técnica começou a ser desenvolvida por ele ainda na década de 1980. As bandas são derivadas das médias móveis e mostram que, independente de qualquer movimento que o preço faça, ele tende a voltar a um equilíbrio. Portanto, temos aí um “estreitamento das bandas” no gráfico de candlestick.

** “PMI” = A sigla PMI significa, em inglês, Purchasing Manager’s Index e é um indicador que mede a atividade econômica de um país a partir de pesquisas mensais realizadas por uma empresa privada.

Assim, o PMI também é conhecido como Índice de Gerentes de Compra e seu principal objetivo é fornecer informações sobre a temperatura de alguns setores da economia e orientar os diversos profissionais do mercado.

** Vicofa: Associação do Café e Cacau do Vietnam

 

 

 

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