O mercado futuro de açúcar em Nova York encerrou a semana com o contrato de março-25 cotado a 21,78 centavos de dólar por libra-peso, representando uma queda de 27 pontos (aproximadamente 6 dólares por tonelada) em comparação com a sexta-feira anterior. Os demais vencimentos, particularmente os relacionados à safra 2025/26 do Centro-Sul, mantiveram-se praticamente estáveis.
A valorização do real frente ao dólar influenciou diretamente os preços em reais. No acumulado da semana, o real se fortaleceu 2,25% em relação à moeda norte-americana, encerrando a cotação em R$ 5,7380, ante R$ 5,8680 na semana passada. Essa valorização resultou em uma queda nos valores em reais por tonelada do açúcar bruto em Nova York: o contrato de março-25 registrou uma redução de R$ 103 por tonelada, enquanto a média para os contratos da safra 2025/26 caiu cerca de R$ 50 por tonelada.
Nota-se uma aceleração nas fixações de preço de açúcar para a safra 2026/27 em reais por tonelada. O motivo por trás disso, segundo um experiente trader, é a expectativa das usinas de um aumento na produção de cana na safra 2026/27, decorrente dos cuidados culturais implementados após a seca e os incêndios, bem como da renovação dos canaviais, alguns dos quais foram destruídos por esses eventos. Uma maior produção de cana implica um menor custo de produção e, consequentemente, margens mais elevadas. Fixar preços para a safra 2026/27, ainda que de forma cuidadosa, permite que as usinas travem parte dos objetivos do orçamento, contribuindo para uma melhor previsibilidade financeira.
De qualquer forma, dada a pressão na curva de preços em centavos de dólar por libra-peso por conta do cupom cambial, os valores hoje obtidos em reais por tonelada, considerando toda a engenharia financeira das operações a termo de dólar (NDF) em seus respectivos vencimentos, comparados com a curva do dólar spot estimada pelo boletim Focus, exigiriam que Nova York negociasse 300-400 pontos acima do nível atual para liquidar o mesmo valor em reais por tonelada. Em resumo, caso se decida por fixar açúcar em reais por tonelada, é prudente a compra de uma call (opção de compra) com preço de exercício 200 pontos acima do nível de mercado.
No Brasil, as regiões canavieiras têm registrado chuvas significativas, o que pode contribuir positivamente para a produtividade da safra no Centro-Sul. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê chuvas acima da média para novembro em várias regiões, incluindo o Sudeste e partes do Centro-Oeste, o que pode beneficiar o desenvolvimento da cana-de-açúcar.
A Índia revisou sua estimativa de produção de açúcar para a safra 2024/25, iniciada em 1º de outubro, para 32,5 milhões de toneladas. Em Uttar Pradesh, 32 usinas (de um total de 121) já iniciaram a moagem. O setor industrial espera que o governo os ajude a atravessar esse período de dificuldades financeiras, trazendo estabilidade ao mercado. O programa de mistura de etanol na gasolina alcançou 15,9% pelo número divulgado em setembro, e o país espera atingir os 20% ainda em 2025.
O mercado interno observa um descolamento entre os preços do açúcar branco e do açúcar bruto. O índice ESALQ, que reflete os preços do açúcar no mercado interno brasileiro, registrou um aumento de 9% nas últimas quatro semanas, enquanto o açúcar bruto em Nova York apresentou uma queda de 3% no mesmo período. A percepção de baixo estoque de passagem, a demanda específica por açúcar branco e a incerteza acerca da disponibilidade de açúcar no início da próxima safra contribuem para a abertura desse gap de qualidades.
A recente vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos impactou os mercados de commodities. A vitória traz incertezas quanto às políticas comerciais e econômicas que serão implementadas, o que pode afetar o mercado de açúcar e outras commodities agrícolas. Os investidores estão atentos às possíveis mudanças nas relações comerciais e às políticas de subsídios que podem influenciar a oferta e a demanda globais. O Brasil deve ganhar fatia de mercado na soja e milho. O biodiesel e o etanol de milho podem ser afetados positivamente? É a pergunta que muitos fazem. Vamos aguardar a posse de Trump em 20 de janeiro.
Análise técnica (Marcelo Moreira): O vencimento Março-25, após negociar na máxima da semana a 22.49 centavos de dólar por libra-peso, encerrou a 21.78 centavos de dólar por libra-peso. Próximas resistências a 22.11/23.00/24.30 centavos de dólar por libra-peso e suportes a 21.67/20.83/20.47 centavos de dólar por libra-peso. Atenção ao spread Out-25 x Março-26 – encerrou a semana com apenas 12 pontos de carrego!
Enquanto o ajuste fiscal a ser produzido pelo governo não chegar ao mercado, continuaremos a atravessar esse período de turbulência no câmbio, com variações semanais que deixam os nervos à flor da pele. Naturalmente, com uma pitada de drama exagerado fornecida pela turma da Faria Lima, que não perde a chance de apostar contra o real. O mercado financeiro é uma máquina de exploração de oportunidades, e quem pode culpá-los por isso? Mas, claro, a culpa de verdade recai sobre o presidente Lula que – completamente à deriva na condução do governo – ainda não conseguiu implementar nem o mínimo de austeridade no trato com o dinheiro público. Como se alguém esperasse algo diferente.
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Tenham todos um excelente final de semana
Arnaldo Luiz Corrêa