O mercado futuro de açúcar em Nova York apresentou uma semana de relativa estabilidade. O contrato com vencimento em março/25 encerrou a 21.37 centavos de dólar por libra-peso, registrando uma leve queda de 25 pontos (aproximadamente 5,50 dólares por tonelada) em relação à semana anterior. Os vencimentos subsequentes, de maio/25 até julho/27, mantiveram-se praticamente inalterados, sem oscilações significativas.
A baixa movimentação no mercado foi amplificada pelos feriados no Brasil — primeiro na sexta-feira passada e novamente nesta quarta-feira —, com muitas pessoas aproveitando para emendar. O resultado foi um volume de negócios excepcionalmente fraco, especialmente a partir de terça-feira. Minha solidariedade vai aos analistas que enfrentam o desafio de produzir relatórios diários sobre um mercado tão sonolento. Para se ter uma ideia, 52% do volume negociado foi composto por spreads; ou seja, os negócios direcionais somaram, em média, menos de 45.000 lotes por dia. Com o feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos na próxima semana, é esperado que os volumes continuem reduzidos, impactando a liquidez e abrindo espaço para possíveis movimentações dos fundos especulativos.
Sobre os fundos, de acordo com o relatório COT (Commitment of Traders), publicado pela CFTC (Commodity Futures Trading Commission), eles estavam vendidos em apenas 270 lotes na terça-feira passada, o que representa uma recompra de 7.000 lotes na semana (de terça a terça), com o mercado oscilando apenas 70 pontos no período.
Um ponto digno de atenção foi o estreitamento do spread entre os contratos de março e maio, que caiu de 185 pontos há quatro semanas para 132 pontos atualmente. Esse movimento sugere uma redução na preocupação do mercado quanto à disponibilidade de açúcar no início da próxima safra. Contudo, vale ressaltar que ainda é prematuro tirar conclusões definitivas sobre o tamanho da próxima colheita.
Falando em números da safra atual, os dados acumulados de moagem até 1º de novembro, divulgados pela UNICA, apontam para um recorde de 566 milhões de toneladas de cana. A expectativa é que a safra alcance cerca de 605 milhões de toneladas até o final do ciclo. Esse número já está refletido nos preços e nos spreads. O mercado chegou a atingir 23.64 centavos de dólar por libra-peso em setembro, precificando os impactos de incêndios, seca e morte súbita da cana. No entanto, as chuvas de novembro trouxeram alívio às preocupações, e os temores sobre a morte súbita não se concretizaram.
No cenário macroeconômico, o marasmo do mercado de açúcar contrasta com a ansiedade do mercado financeiro em relação ao ajuste fiscal brasileiro. A lentidão do governo em apresentar definições claras assemelha-se ao ritmo de um bicho-preguiça subindo uma árvore. Na semana, o dólar encerrou cotado a R$ 5,7995, valorizando apenas 0.07% em relação à semana anterior. No mercado de energia, os preços registraram variações positivas moderadas, acumulando cerca de 3% no mês, influenciados pela intensificação dos conflitos entre Rússia e Ucrânia.
O relatório semestral de açúcar divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe atualizações significativas sobre a safra global 2023/24. A produção mundial foi revisada para baixo, de 187,881 milhões de toneladas em maio para 183,461 milhões de toneladas em novembro. Apesar dessa redução, a nova estimativa ainda supera em 8,154 milhões de toneladas a produção da safra anterior (2022/23), que foi de 175,307 milhões de toneladas. O crescimento na produção foi liderado por Brasil e Índia, que adicionaram 4 milhões de toneladas cada, além da China, com um aumento de 1 milhão de toneladas.
No lado do consumo, houve ajustes importantes. A nova projeção aponta para 178,431 milhões de toneladas, um aumento em relação à safra anterior (176,380 milhões de toneladas), mas inferior à estimativa de maio (180,045 milhões de toneladas). O crescimento no consumo, de 2,1 milhões de toneladas, foi impulsionado principalmente pela Índia, com um incremento de quase 1 milhão de toneladas, e pelos mercados asiáticos, como Indonésia, Paquistão e Bangladesh, que juntos adicionaram cerca de 400 mil toneladas. O Brasil, por outro lado, segundo o próprio USDA, apresentou uma redução significativa no consumo, de 700 mil toneladas.
Esses números evidenciam uma dinâmica interessante no mercado global de açúcar. Enquanto o crescimento da produção está concentrado em poucos países, o consumo apresenta variações regionais relevantes, com destaque para o aumento na Ásia e a queda no Brasil. Esses fatores reforçam o caráter volátil e complexo do mercado, que continua a desafiar analistas e investidores.
Análise técnica (Marcelo Moreira): Açúcar: o vencimento Março-25, após negociar na máxima da semana a 22.42 centavos de dólar por libra-peso) encerrou a 21.36 centavos de dólar por libra-peso (fechamento anterior/máxima/mínima/fechamento respectivamente a 21.62/22.42/21.26/21.36 centavos de dólar por libra-peso). O mercado continua enfrentando forte suporte na “convergência” do piso da Banda de Bollinger dos 50 dias (20.73 centavos de dólar por libra-peso) e das médias móveis dos 200 e 100 200 dias (entre 20.90/20.62 centavos de dólar por libra-peso). Resistências a 21.59/22.11 e 23.49 centavos de dólar por libra-peso. Atenção no spread Julho-25/Out-25 e no spread Out-25/Março-26 - pode ser uma excelente oportunidade para as usinas se protegerem contra eventual alta do mercado.
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Tenham todos um excelente final de semana
rnaldo Luiz Corrêa