Mais uma semana volátil com o Março-25 trabalhando com uma amplitude ao redor dos 4.500 pontos. A “briga” entre os “comprados e vendidos” continua e a volatilidade diária está deixando “feridos” pelo caminho. O Março-25 encerrou @ 325,00 centavos de dólar por libra-peso (fechamento sexta-feira anterior / mínima / SEGUNDA MÁXIMA HISTÓRICA* / nova mínima / fechamento atual respectivamente @ 319,50 / 317,00 / 341,80* / 321,50 / 330 centavos de dólar por libra-peso). Apenas na quinta-feira o contrato oscilou 2,945 pontos (abriu @ 332,65 indo até os 341,80 para em seguida “despencar” com nova realização de lucros até os 321,50 e fechar o dia @ 323,75 centavos de dólar por libra-peso)!
Mesmo com a forte desvalorização do R$ o café segue firme e forte - tanto em NY quanto em Londres (o vencimento Março-25 em Londres encerrou @ 5.002 US$/tonelada – aproximadamente 1.830 R$/saca). O R$ novamente voltou a desvalorizar aproximadamente -5% na semana! Chegou a negociar na máxima @ 6,01 R$/US$ e na mínima histórica @ 6,31* R$/US$! O banco central chegou a realizar leilões da moeda para “acalmar” o mercado vendendo aproximadamente -20 bilhões de dólares! Mesmo assim o R$ encerrou a @ 6,06 R$/US$.
Aparentemente o mercado realizou na quinta-feira com a divulgação dos números do USDA* para a safra mundial 24/25 projetando uma produção global em 181,80 milhões de sacas (previsão anterior estava em 174,90 milhões de sacas). E um consumo mundial em apenas 173,20 milhões de sacas. Com essa última previsão então, segundo o USDA*, o mercado teria um superavit em +8 milhões de sacas!
Realmente difícil acreditar nesses números do USDA* pois considerando os números das produções do Brasil / Vietnam e Colômbia (já revistos e “aceitos” pelo “mercado”) respectivamente em +58 / +27 / +13,50 milhões de sacas então as “outras origens” terão que ter produzido +82,70 milhões de sacas.
Se essa estimativa do USDA* estivesse “correta”, então com esse novo “superavit” em +8 milhões de sacas e um consumo em “apenas” 173,20 milhões de sacas os preços do café deveriam estar negociando abaixo dos 200 centavos de dólar por libra-peso e não acima dos 300 centavos de dólar por libra-peso. Ou seja, o “mercado” não “comprou” esses números!
Como mencionado anteriormente, cada um é livre para analisar e publicar sua estimativa. O trabalho do analista / trader é estudar, analisar, filtrar e tomar suas decisões após colocar “tudo no liquidificador”...
Os números do USDA* são utilizados por muitos bancos / corretoras / analistas do mercado como “corretos” para parametrizar suas decisões e recomendações para seus clientes. Com base nas projeções iniciais do USDA* muitos erraram (e feio) pois o USDA* estava projetando a safra brasileira 24/25 em 69,9 milhões de sacas e muitos agora acreditam que deverá ser inferior a 60 milhões de sacas. Da mesma forma, alguns bancos sinalizaram NY encerrando o ano ao redor dos 240 centavos de dólar por libra-peso e está encerrando acima dos 320 centavos de dólar por libra-peso. Depois fica fácil justificar o erro internamente: “Ah, o USDA* nos induziu ao erro”!
Como pode a estimativa do consumo mundial do USDA* (em 173,20 milhões de sacas) ser tão diferente da estimativa da OIC* ( 180,54 milhões de sacas para a safra 24/25 e estimativa para 184,15 milhões de sacas para a safra 25/26)?
Considerando os dados do USDA* como “um cenário “normal e correto”, então novamente, por que o mercado do café subiu em 2.024 +96,58% em US$ (saiu dos 177,20 até 348,35 centavos de dólar por libra-peso) mesmo com o valor da moeda do maior produtor do mundo – Brasil – ter desvalorizado no mesmo período -26% (iniciou o ano @ 4,80 R$/US$ e está finalizando o ano @ 6,10 R$/US$)?
No “mundo normal” então, NY deveria estar negociando ao redor dos 160 centavos de dólar por libra-peso e não acima dos 300 centavos de dólar por libra-peso (considerando uma “safra brasileira e global grande resultando em um superavit global” junto com a desvalorização acentuada do R$).
Infelizmente as previsões do USDA* estão perdendo a credibilidade tanto quanto as da Conab*.
Em 2.024 poucos imaginaram que o mercado seria tão explosivo como foi (dentre eles a Archer Consulting).
Infelizmente muitos produtores se anteciparam e realizaram vendas quando o mercado estava iniciando o seu movimento de alta. Muitos negócios foram realizados entre os 1.000 - 1.500 R$/saca e muitas travas futuras para a próxima safra 25/26 e 26/27 nesse mesmo patamar.
Por outro lado, a confirmação da quebra da próxima safra 25/26 vai afetar muito produtor e cooperativa pois o produtor não vai ter o produto para entregar e a cooperativa não vai ter produto para honrar seus compromissos das vendas já assumidas.
Como mencionado, algumas das principais cooperativas brasileiras continuam “fora do mercado” evitando “abrir” novas posições, evitando comprar café do produtor cooperado, por falta de linha de crédito para cobrir eventual chamada de margem. Cada “5.000” pontos de oscilação em NY representa 66,16 US$/saca em “ajuste positivo ou negativo” na conta da cooperativa, da empresa que estiver realizando o hedge.
Considerando, por exemplo, uma grande cooperativa brasileira, com um movimento ao redor dos 5.000.000 sacas de café, e com uma conta média de vendas na bolsa de NY ao redor dos 220 centavos de dólar por libra-peso contra um mercado atual @ 320 centavos de dólar por libra-peso, então essa cooperativa está tendo uma chamada de margem ao redor dos 132,32 US$/saca ou 661.600.000 US$ (com o cambio agora @ 6,10 R$/US$ representa aproximadamente 4,035 bilhões de reais).
Se o mercado continuar subindo para os 400 / 450 centavos de dólar por libra-peso esse valor poderá atingir o 1 bilhão de US$ em “dinheiro / caixa” necessário para apenas “cobrir” a chamada de margem e apenas para essa “cooperativa X” (6 bilhões de reais!).
Imaginem agora se essa cooperativa quebrar, pedir recuperação judicial (como está virando moda no Brasil)...
Será que o produtor membro da “cooperativa X” tem consciência do risco envolvido nessa operação? O produtor tem recebido da sua cooperativa os balanços / demonstrativos semanais / mensais da posição financeira / ativos / passivos / compromissos assumidos pela cooperativa / posição do hedge / disponibilidade financeira / riscos envolvidos? O produtor - membro da cooperativa - tem consciência que, caso a cooperativa vier a quebrar, o produtor será co-responsabilizado com seu patrimônio?
O que a cooperativa vêm fazendo para mitigar esse “risco de cauda” para proteger o seu cooperado?
Da mesma forma, a cooperativa vêm realmente trabalhando em prol do produtor, do seu associado?
Quando a cooperativa vai começar a negociar com o produtor “garantindo” um piso mínimo para o seu cooperado deixando eventual “alta do mercado” em aberto? Oferecer linhas de financiamento para investimento em irrigação como uma “condição obrigatória” para seus sócios poderem negociar com a cooperativa?
Daqui para a frente o mundo tem visto mudanças climáticas significativas e fazendas sem irrigação terão grandes probabilidades em ter problemas nas próximas décadas.
A forma atual de comercialização entre cooperativas / tradings com o produtor deverão passar por uma grande reestruturação. Creio que a cooperativa / trading que sair na frente irá se beneficiar e muito!
Infelizmente não tenho visto o cuidado de muitas cooperativas procurando ensinar, “pegar pela mão” o produtor e ensiná-lo a utilizar as ferramentas de hedge para maximizar tanto a receita do cooperado quanto da cooperativa. Em mitigar riscos tanto para todos os envolvidos na cadeia!
Da mesma forma, muitas cooperativas - agora com os “problemas de caixa” - não tomaram as medidas de gestão de risco corretas (por não acreditarem no cenário altista do mercado) para mitigar o stress do “risco de cauda” (como explicado no comentário semanal anterior). Poderiam sim, quando o mercado ainda estava negociando ao redor dos 200 centavos de dólar por libra-peso (praticamente durante os meses janeiro-maio-2024) ter comprado uma opção de compra “call*” com strike @ 250 centavos de dólar por libra-peso para limitar o seu risco potencial “de quebrar” caso o mercado viesse a explodir (como de fato ocorreu).
Olhar agora pelo retrovisor e criticar é fácil, mas a Archer Consulting vêm nos últimos 5 anos – e desde março deste ano - sinalizando a possibilidade do mercado negociar acima dos 300 centavos de dólar por libra-peso e a necessidade da compra de uma opção de compra “call*” “fora” do mercado como uma proteção contra eventual alta nos preços em função da quebra da safra / risco climáticos envolvendo geadas e seca / aumento nos preços.
Para 2.025 o cenário segue muito positivo. O Brasil continua embarcando grande volume na safra atual 24/25 devendo exportar no mês de Dez-24 ao redor dos 4,50 milhões de sacas.
Como mencionado anteriormente, essa aceleração nas exportações ocorreu em função do risco da implementação das novas regras anti-desmatamento que seriam aplicadas pela Comunidade Europeia a partir do dia 01 de janeiro de 2025 (e agora prorrogadas para 01 jan 2026). Novos embarques deverão reduzir drasticamente durante os primeiros 4 meses do próximo ano 2.025 (até o início da colheita do café tipo robusta em abril/maio-25).
Considerando que a produção do Brasil em 2.024 foi de 58 milhões de sacas com um consumo interno em 21,50 milhões de sacas (mantendo o estoque de passagem estável em +15 milhões de sacas), então o Brasil poderá exportar 37 milhões de sacas durante julho-24/junho-25. Nos primeiros 6 meses do próximo ano (considerando que em dezembro-24 o Brasil irá exportar 4,50 milhões de sacas), então o Brasil já terá exportado 26,046 milhões de sacas deixando apenas +11 milhões de sacas para exportar durante os próximos 6 meses (janeiro-junho-25)!
Novamente - se os dados do USDA* estivessem corretos com novo superavit mundial entre “produção x consumo” em +8 milhões de sacas - por que os preços estão onde estão?
Creio que o cenário segue muito positivo, principalmente com o próximo vencimento das opções do contrato Março-25 - no dia 12 de fevereiro 2.025. A posição de opções de compra “call*” ainda em aberto nos “strikes” 350 e 400 centavos de dólar por libra-peso podem adicionar novo “combustível na fogueira” (respectivamente 5.140 e 5.600 lotes em aberto).
Como sempre, Proteja-se!
Produtor: aproveite essas altas e possível novo “rallie” nas próximas semanas para se proteger garantindo preço “mínimo” para sua produção para os próximos 1-2 anos (para a safra 25/26 e 26/27 comprando proteção contra o vencimento set-25 e/ou dez-25). Nesse momento de alta o prêmio das opções de venda “put*” estão bem “baratas” uma vez que o mercado segue acreditando na alta cobrando “caro” pelas opções de compra “call*”.
Esse é o nosso último “comentário semanal” de 2024 e estaremos de volta para mais uma jornada juntos a partir do dia 08 de fevereiro de 2.025.
Gostaría de desejar a todos nossos parceiros um “FELIZ NATAL e um 2.025 repleto de bençãos, saúde e realizações”.
Não se esqueçam do ANIVERSARIANTE do dia: Jesus!
" Vai meu Filho, vai ser um bebe indefeso, um menino brincalhão, um jovem trabalhador, um aprendiz de carpinteiro, um profissional respeitável, um filho amado, um irmão exemplar, um amigo, um rabi, o Messias. Vai meu filho, vai ser o melhor ser humano que o universo conheceu.
Vai meu Filho ser a esperança deles.
Vai ser o Redentor deles.
Vai ser o Salvador deles.
Vai meu Filho, vai e traga-os todos de volta pra mim, para o meu coração.
Vai meu Filho, vai e prepara-os pra que sejam a minha morada, a nossa morada.
Vai meu Filho, meu Amado, o Pão do Céu, sim, vai, pois eu os amo apaixonadamente. ( O Eterno ) "
Feliz Natal a todos
Marcelo Fraga Moreira*
*Marcelo Fraga Moreira é um profissional há mais de 30 anos atuando no mercado de commodities agrícolas, escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.
** “Call” = opção de Compra
** “Put” = opção de Venda
** “Compra Call-Spread” = compra e venda simultânea de 2 Opções de Compra comprando a Opção com preço de exercício mais baixo vendendo a Opção com preço de exercício mais alto);
** “Venda Call-Spread” = venda e compra simultânea 2 Opções de Compra vendendo a Opção com preço de exercício mais baixo e comprando a Opção com preço de exercício mais alto);
** “Compra Put-Spread” = compra e venda simultânea 2 Opções de Venda comprando a Opção com preço de exercício mais alto e vendendo a Opção com preço de exercício mais baixo);
** “Venda Put-Spread” = venda e compra simultânea 2 Opções de Venda vendendo a Opção com preço de exercício mais alto e comprando a Opção com preço de exercício mais baixo);
** “CFTC” = Commodity Futures Trading Commission – agência independente do governo dos Estados Unidos que regula os mercados de futuros e opções das commodities;
** “IBGE” = Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
** “Cecafé” = Conselho dos Exportadores de Café do Brasil
** “SECEX” = Secretaria comércio exterior
** “CNC” = Conselho Nacional do Café
** “USDA” = Departamento da Agricultura dos Estados Unidos
** “FNC” = Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia
** “FAS” = Serviço Agrícola Estrangeiro do USDA*
** “OIC” = Organização Internacional do Café
** “GCA” = Green Coffee Association
** “ABIC” = Associação Brasileira da Indústria de Café
** “Sincal” = Associação dos Produtores do Brasil
** “NDF” = (Non-Deliverable Forward), um contrato a termo de moeda com liquidação financeira, com vencimento para aquele mês
** “Pib” = Produto Interno Bruto
** “FED” = Banco Central Americano
** “NOAA” = Departamento Nacional da Atmosfera e Oceanos dos Estados Unidos
** “EUROSTAT” = Serviço de Estatística da União Europeia responsável pela publicação de estatísticas e indicadores de elevada qualidade a nível europeu que permite a comparação entre países e regiões
** “OPEP” = A Organização dos Países Exportadores de Petróleo
** “FOMO” = É caracterizada pela necessidade constante que uma pessoa tem de saber o que outras estão fazendo. FOMO, sigla que vem da expressão em inglês “fear of missing out”, que traduzida para o português significa “medo de ficar de fora”.
o investidor fica com receio em perder uma oportunidade no mercado e sai “comprando ou vendendo” para não ficar de fora da “oportunidade” divulgada na mídia (FOMO = Free of missing out A Organização dos Países Exportadores de Petróleo
** “COOXUPÉ” = Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé
** “Coccamig” = Cooperativa Central de Cafeicultores e Agropecuaristas de Minas Gerais
** “PIB” = Produto interno Bruto de um país
** “COPOM” = Comitê de Política Monetária, é um órgão do Banco Central. Ele foi criado em 1996 com o objetivo de traçar e acompanhar a política monetária do país. Esse é o órgão responsável pelo estabelecimento de diretrizes a respeito da taxa de juros
** “BASIS” = O basis é a disparidade de preço causada pela diferença geográfica entre os pontos de entrega da commodity. Ele é calculado subtraindo o valor da commodity no mercado físico em determinada praça, pelo preço do mesmo produto no mercado futuro.
** “Bandas de bollinger” = do inglês bollinger bands, é um indicador de volatilidade bastante utilizado para prever se um ativo está sobre-comprado, estável ou sobre-vendido. Ele é formado por duas médias móveis, uma superior e outra inferior que indicam tal informação. São alguns atributos desse indicador:
Antever os níveis de preço de um ativo
Antecipar topos e fundos de preço no gráfico
Mostrar a intensidade de valorização ou desvalorização de um ativo
Portanto, este indicador tenta mostrar se uma ação está barata ou cara, em um determinado período de tempo.
Desse modo, ele é indicado para operações de curto prazo, day trade ou swing trade.
O autor da técnica é o americano John Bollinger (nascido em 1950), analista financeiro e colaborador da área de análise técnica. John lançou o seu livro Bollinger on Bollinger Bands em 2001, mas essa técnica começou a ser desenvolvida por ele ainda na década de 1980. As bandas são derivadas das médias móveis e mostram que, independente de qualquer movimento que o preço faça, ele tende a voltar a um equilíbrio. Portanto, temos aí um “estreitamento das bandas” no gráfico de candlestick.
** “PMI” = A sigla PMI significa, em inglês, Purchasing Manager’s Index e é um indicador que mede a atividade econômica de um país a partir de pesquisas mensais realizadas por uma empresa privada.
Assim, o PMI também é conhecido como Índice de Gerentes de Compra e seu principal objetivo é fornecer informações sobre a temperatura de alguns setores da economia e orientar os diversos profissionais do mercado.
** Vicofa: Associação do Café e Cacau do Vietnam