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Café

SAFRA GRANDE SEM CAFÉ??*
05/02/2011

A situação no Egito continua delicada mesmo após o presidente Hosni Mubarak ter dito que deixará o governo até o final do ano. Nos protestos apareceram agora os que estão ao favor da situação, enfrentando os que estão contra – sabe-se lá se isto não foi orquestrado pelo governo para eventualmente tumultuar ainda mais o cenário e então ter “motivos” para usar suas forças militares (ainda que estas demonstrem não serem unanimes ao regime). Segundo alguns estudiosos, outros 21 países também estariam sob o risco de revoltas similares, dado serem em maior parte compostos por governos autoritários e pelas condições da economia estarem frágeis para a maioria da população – que ultimamente tem sofrido com as novas altas dos preços dos alimentos.

O efeito prático, e mundano (o que é natural), sentido nos mercados foi a retirada de cerca de US$ 7 bilhões de dólares dos países emergentes na última semana, com o destino em sua maior parte para os países desenvolvidos.

Na Europa esta semanas os juros foram mantidos nas mínimas históricas, opção escolhida pelo banco central por entender que é melhor manter a política monetária frouxa em um panorama de recuperação de crescimento frágil, do que se preocupar com a pressão inflacionária na região.

Nos Estados Unidos a criação de 36 mil postos de trabalhos em janeiro veio bem abaixo das esperadas 146 mil novas vagas, embora a taxa de desemprego tenha caído de 9.4% para 9.0%.

No frigir dos ovos, o que deu o tom mais forte para o mercado acionário foi a turbulência geopolítica, que mesmo provocando uma alta no dólar-americano não impediu com que os índices das commodities subissem mais, liderados pelos grãos e os metais. O petróleo do tipo Brent também negocia acima de US$ 100.00 o barril, o maior nível desde setembro de 2008.

O café teve uma semana rara, com o destaque para o contrato de março da BM&F que negociou a um prêmio de US$ 5 centavos/libra (US$ 6.61/saca) acima do contrato de março de Nova Iorque, algo que não acontecia há mais de 13 anos. O spread entre março e setembro (os dois primeiros contratos mais líquidos em São Paulo) explodiu, negociando a mais de US$ 26 por saca, com o março mais caro do que o setembro, uma inversão bem forte.

Vale lembrar que os diferenciais FOB de cafés-naturais brasileiros, tem uma forte relação com a arbitragem entre Sao Paulo e Nova Iorque, que historicamente negocia com desconto entre US$ 15 a US$ 20 centavos por libra (entre 20 e 27 de dólares por saca). A grande surpresa não é apenas da arbitragem estar negociando a prêmio, mas principalmente estar fazendo isto exatamente em um ano em que o Brasil colheu a sua safra recorde (ao menos percebida como tal pela maioria dos agentes).

A conclusão mais fácil (ou óbvia) é que este squeeze na BM&F é dada em função de exportadores e/ou produtores terem vendido mais café do que tivessem comprado ou produzido, algo que poucos imaginariam acontecer em um ano de farta colheita. A conversa de default aumenta, mas mesmo assim isto nos faz questionar: “cadê o café da safra grande?”

Em um rápido exercício, o Brasil exportou desde julho de 2010 (início oficial do ano-safra) 21.5 milhões de sacas de café, e normalizando o consumo usou no mercado interno mais de 11 milhões de sacas, ou seja um desaparecimento total de cerca de 33 milhões de sacas. Assumindo que outras 6 milhões de sacas já foram vendidas na exportação, e que a indústria local tem uma cobertura de 3 milhões de sacas (2 meses), o número de sacas comprometidas/usadas pula para 42 milhões de sacas. Desta forma para aqueles que crêem que a safra 10/11 foi de 58 milhões de sacas, teríamos em torno de 16 milhões de sacas disponíveis para comercializar, enquanto para os que trabalham com a estimativa de uma safra de 50 milhões de sacas, há 8 milhões de sacas nos armazéns (a diferença é enorme, sabemos). Tudo isto desconsiderando o estoque de passagem, que parece ter sido entre 3 e 5 milhões de sacas. Com um mercado físico com preços tão altos, diferenciais caros e arbitragem em prêmio, talvez não seja uma má idéia visitar os armazéns no interior e eventualmente revisar as planilhas de S&D (disponibilidade e demanda).

Os altistas dizem que a safra é pequena e por isso não há tanto café. Já os baixistas dizem que há café, só que os produtores não querem vender. Quem acreditava que com a saca negociando a R$ 500.00 haveria uma maior disponibilidade, se decepcionou um pouco. O problema é que a distância da próxima safra, 4 a 5 meses a frente, não dá senso algum de urgência para os que tem café para vender. E de novo, por mais cara que esteja uma saca de café (aos olhos dos compradores é claro), o ciclo de produção do café não vai trazer uma safra tão maior em 1 ano, portanto a dor é grande para quem está vendido sem cobertura.

Curioso notar por outro lado, que os diferenciais de cafés-lavados, inclusive os colombianos, enfraqueceram bem durante a última semana. Se estes foram um dos principais responsáveis para a puxada dos preços da bolsa de Nova Iorque e agora estão barateando um pouco, podemos ler então como uma indicação de estarmos próximos to teto (temporário) dos preços, com a América Central e seus vizinhos estando mais animados com o valor do café.

Os Commitments of Traders (relatório de participantes) mostrou que os fundos voltaram as compras, e que os comerciais estão aproveitando para comprar (indústria) e vender (origens).

O rally na bolsa brasileira, assim como a greve dos caminhoneiros na Colômbia, serviram de motivos para que a bolsa de café de Nova Iorque fizesse uma nova alta, atingindo US$ 253.60 cts/lb na última quinta-feira e fechando a semana firme. Porém com os fundos mais comprados, o dólar firmando, e os preços mais fracos em várias origens, creio que podemos ver o mercado futuro cair no curto prazo, com uma tomada de lucros que pode fazer o contrato “C” escorregar para abaixo de US$ 240.00 centavos – mesmo com o squeeze que está acontecendo no Brasil.

Isto em nada muda minha visão altista para o médio/longo-prazo.

Uma ótima semana e muito bons negócios para todos,
Rodrigo Costa*
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

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