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Açúcar

COBERTOR CURTO
07/05/2011

O mercado futuro de açúcar em NY continua sua queda livre. A baixa da semana foi de 40 dólares por tonelada no vencimento julho de 2011 que encerrou a sexta-feira cotado a 20,44 centavos de dólar por libra-peso, a menor cotação dos últimos oito meses. A semana foi desastrosa para as commodities e – acredite – para o açúcar até que não foi tão ruim assim. Por exemplo, a prata derreteu 28%, o petróleo caiu 14%, milho 9,3% e o açúcar 8,2%. No acumulado do ano, no entanto, o açúcar lidera com incríveis 36,4% de queda. Nos 25 pregões ocorridos desde 1º de abril, o açúcar só conseguiu fechar positivo em 5 dias, uma performance negativa não vista desde julho de 2006.

Os fundamentos já estão refletidos no preço: falta de demanda no mercado físico, a enorme entrega física de maio, com o recebedor de março sendo o maior entregador de maio, a Tailândia surpreendendo com mais açúcar disponível do que originalmente pensado, os spreads se enfraquecendo (uma clara percepção de que a oferta demanda mundial retorna ao equilíbrio) e os fundos liquidando suas posições compradas. Outros fatores influenciaram como o sentimento de que a economia mundial vai demorar em se recuperar, o dólar tendo um respiro em função da morte do terrorista Osama bin Laden e o medo de represálias por parte da organização terrorista Al Qaeda.

Paradoxalmente, apesar da entrega de maio, existem ofertas de compra de açúcar para embarque imediato a “módicos” 200 pontos de prêmio sobre julho. Isso faz algum sentido? Por que alguém entrega na bolsa se o mercado está pagando prêmio? Bem, é que o açúcar da entrega não está disponível. Segundo um conceituado operador do mercado, o entregador apostava que não haveria nomeação de navio no curto prazo e não foi o que aconteceu. Então vai ao mercado cobrir o que não tem e os prêmios firmam-se. Simples assim.

Acreditamos que esse pânico em cima das commodities vai passar. O açúcar está muito barato e abaixo do custo de produção se levar em consideração o custo financeiro de grande parte das usinas. Nada mudou em termos de perspectiva de produção e potencial de consumo para os próximos anos, nem mesmo a perspectiva de investimentos que, ao que tudo indica, está com um atraso de duas safras. O bicho vai pegar. Quando a produção dessa safra 2011/2012 começar a delinear o quadro e projetarmos as necessidades adiante, a conta não vai fechar novamente. Poderá haver falta de etanol bem antes do que ocorreu esse ano e, se o dólar se enfraquecer, vai-se priorizar a produção de etanol (resolvendo o problema), mas vai reduzir sobremaneira a oferta de açúcar no mercado internacional. Ou seja, o cobertor está curto, ou a cabeça ou os pés vão ficar descobertos.

O governo não se entende sobre um possível aumento do preço da gasolina. Cada um fala uma coisa. Tudo jogo de cena engendrado pelos velhacos da política brasileira, que jogaram lama no setor como se ele fosse o culpado pela falta do etanol e pela falta de planejamento do próprio governo. Parte da mídia ainda não consegue entender o que aconteceu e embarca na estória da carochinha contada pelos atores de Brasília. Acreditam que os produtores esconderam o etanol.

Na semana passada lançamos aqui a pergunta sobre quais países do G-20 possuem preços controlados para os combustíveis. Bem, a resposta é a seguinte, baseado num trabalho do competente consultor Adriano Pires que a Archer Consulting teve acesso, poderíamos dizer que existem basicamente três mecanismos de fixação de preços: a) decisões ad hoc, ou seja, preços são fixados para um fim específico, em função de questões políticas ou macroeconômicas; b) ajustes automáticos por meio de fórmulas, mas que seguem o mercado internacional ainda que com alguma defasagem, mostrando transparência e previsibilidade; e c) preços de mercado. Ou seja, o Brasil faz parte do grupo a) junto com a Indonésia, a China e a Índia. A grande maioria dos outros 16 países está na c).

A interpretação esdrúxula emitida pela Advocacia Geral da União no ano passado sobre o Estatuto da Terra (lei 5709 de 1971) que veio a restringir que empresas estrangeiras sejam proprietárias de terras rurais é mais um tiro no pé que o governo dá pra cima do setor sucro-alcooleiro. Estamos todos cansados de saber que para chegar a produção de 1 bilhão de toneladas de cana necessárias para atender à demanda interna de etanol hidratado para os veículos flex, cujo percentual de participação na frota de veículos leves no Brasil vai passar dos atuais 43% para 65%, do etanol anidro para a mistura com gasolina, do açúcar no mercado internacional de quem o Brasil é o principal fornecedor e de mercado interno que consome a bagatela de 13 milhões de toneladas por ano, vamos precisar de investimentos da ordem de US$ 50 bilhões até 2017/2018.

Ou seja, o setor tem um potencial de crescimento de 8% ao ano até lá. Pois bem, as empresas multinacionais aqui estabelecidas para atenderem a essa demanda pantagruélica precisam comprar terras ou aumentar o arrendamento para expandir o seu canavial, porém estas operações agora dependem da boa vontade dos órgãos públicos. O entendimento anterior considerava que qualquer empresa estabelecida no Brasil, mesmo que constituída com capital estrangeiro, era tratada como empresa brasileira, a partir deste parecer, empresas com controle estrangeiro são obrigadas a ter aprovação previa do INCRA, do MDI ou até do Congresso Nacional, dependendo do caso. Num país cujo índice de corrupção medido pela World Audit é pior do que Butão, Namíbia, Turquia, Croácia, Macedônia, Gana e Botswana, por exemplo, levantam-se as suspeitas se essas dificuldades todas não existem para que as facilidades sejam depois criadas e cobradas. Damos um passo para frente e dois para trás.

No Fundo Fictício da Archer Consulting, alguns leitores reclamaram que não ficou claro qual seria a nossa estratégia com o spread março/maio. Assim, decidimos esclarecer esta semana antes de fazer a operação. Pelas razões fundamentalistas já apresentadas aqui, entendemos que o spread março/maio deverá ficar positivo, ou seja, o março deverá negociar acima do maio. Portanto, para replicar essa compra do spread (comprando o março e vendendo o maio), vamos fazer 1.000 lotes de venda da put (opção de venda) de março com a venda simultânea de 1.000 lotes da call (opção de compra) de maio, usando o preço de exercício mais próximo do mercado de ambos na próxima segunda-feira. Desculpem a confusão.

Feliz dia das mães…

Arnaldo Luiz Corrêa

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