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Açúcar

CUSTO BRASIL ÀS AVESSAS
31/07/2010

O mercado internacional de açúcar continua surpreendendo a todos com sua trajetória de alta. O contrato de NY com vencimento para outubro fechou a semana cotado em 19,56 centavos de dólar por libra-peso uma alta de pouco menos de 600 pontos (130 dólares por tonelada) desde a mais recente baixa no inicio de maio que foi de 13,67 centavos de dólar por libra-peso. Na semana, a variação positiva foi próxima de 28 dólares por tonelada para aquele vencimento, 13 dólares por tonelada para o março/2011 e 9 dólares por tonelada para o maio/2011. Os demais vencimentos fecharam praticamente inalterados (média de pouco mais de 1,25 dólares por tonelada).

O mês de julho foi excelente para aqueles que ainda não haviam vendido nem fixado seus açúcares. Neste mês encerrado na sexta-feira a variação foi de 350 pontos para o outubro (77 dólares por tonelada) e uma média de 95 pontos (21 dólares por tonelada) para os vencimentos da safra 2011/2012 e 34 pontos (7 dólares por tonelada) para os vencimentos da safra 2012/2013. Açúcar deu mais retorno que o Bovespa.

Essa alta no outubro, mês que normalmente sofreria a pressão da safra brasileira, tem várias explicações. Uma delas é que a tão famigerada falta de demanda anunciada aos quatro cantos no final de abril/começo de maio, que explicava (ou pelo menos, tentava explicar) o derretimento do mercado depois de 1º de fevereiro, em verdade foi apenas um adiamento de novas compras. Os importadores assustados com a queda vertiginosa de preços foram empurrando com a barriga as novas compras enquanto utilizavam até a exaustão os estoques que tinham em mãos. Muitos leilões de compra por parte de países importadores foram sistematicamente cancelados ou prorrogados.

Todos sabem que a apreciação dos preços no mercado internacional não se deve à falta de açúcar, mas da impossibilidade desse açúcar chegar às mãos dos consumidores em tempo hábil. O acúmulo de novos negócios (postergados até onde puderam) num curto espaço de tempo gerou estrangulação no escoamento e armazenamento, estendidos em seus efeitos por questões climáticas e logísticas, uma espécie de custo Brasil às avessas. Ou seja, nossa incapacidade logística de embarcar o produto no tempo desejado pelo comprador gera incerteza e estimula os especuladores a comprarem contratos futuros, empurrando o mercado para cima, ainda que essa subida seja destoante, em toda sua magnitude, do quadro fundamentalista. Por outro lado, onde mais no mundo existe açúcar para vender? Só aqui. Assim, os prêmios no mercado físico essa semana foram de 100 pontos sobre o outubro para embarque em agosto e de 65 para embarque em setembro. Para outubro/novembro/dezembro estão em 10 pontos.

O fato é que o mercado, onde está, antecipou a nossa previsão de onde ele deveria estar em outubro. Ou seja, esperávamos que houvesse uma recuperação de preços no inicio do último quadrimestre deste ano. Essa onda veio antes. As questões logísticas serão resolvidas (muito embora a média hoje entre a chegada e saída de um navio é estimada em 17 dias, que por si só gera um custo para o importador entre 30-50 pontos), os prêmios se acomodam e os preços esfriam, mas o que ocorre a partir daí?

Vamos tentar juntar as peças. A previsão de safra no Centro Sul já sofreu uma redução pelo mercado devido ao tempo seco. No entanto, a ATR está bem acima do que se esperava. Quando outubro chegar, poderemos ter uma idéia mais clara sobre o que vai efetivamente ocorrer na Índia, muito embora, a percepção dos traders é de que ninguém sabe o que vai ocorrer e está definitivamente descartada a consulta ao polvo Paul que não é bobo nem nada e não vai querer entrar numa furada dessas. Mas, falando sério, um país que tem 50 milhões de produtores de cana, torna impraticável e impossível um monitoramento que propicie uma estimativa com margem de erro razoável, igual a essas que fazem pesquisa eleitoral (ooops, talvez não).

Além disso, e aqui é o ponto crucial, o ano que vem precisaremos moer 730 milhões de toneladas de cana para atender a uma exportação de açúcar estimada em 25 milhões de toneladas e um consumo doméstico de etanol de 32,6 bilhões de litros (embora existam relatórios no mercado que apontam essa necessidade entre 33 e 34,9 bilhões de litros) além do mercado interno de açúcar. Moer 730 milhões de toneladas significa um crescimento de 10%, sem um grama de açúcar nem um pingo de etanol de estoque de passagem. Uma injeção de pelo menos 10 bilhões de dólares. Você, caro leitor, acredita nisso? Façam suas apostas.

Continuo com a opinião de que o mercado é construtivo em termos de preços para a próxima safra. Estamos falando dos meses de maio/2011 até março/2012 que devem negociar na média próximos de 18-20 centavos de dólar por libra-peso. Não esqueça que o custo de produção estimado de açúcar é de 18 centavos de dólar por libra-peso FOB Santos, considerando o custo financeiro, o aumento no frete até o porto e o fortalecimento do real. Portanto, factível.

Produtores devem aproveitar os preços altos e fixar seus açúcares para embarque contra outubro e março. Existem muitas operações interessantes. Uma delas seria a combinação de um put spread (na ponta da venda use o preço de exercício perto do seu custo de produção) com venda de call (opção de compra) a custo inicial zero. Quem dorme no ponto é motorista de taxi.

Falamos aqui sobre os consumidores industriais aproveitarem ESALQ a R$ 40,00 (fechou a semana acima de R$ 43,00). E também acendemos a luz amarela para a enorme posição em aberto nas calls com vencimento para outubro que elevaria os preços. Nossa meta é quebrar o recorde do Paul.

Uma importante refinaria do Oriente prevê falta de açúcar branco na região durante o Ramadan, que se inicia dia 12 de agosto.

No Fundo Fictício da Archer Consulting, conforme anunciado, compramos 1.000 lotes futuros para zerar a nossa posição caso o outubro chegasse em 18,57 centavos de dólar por libra-peso. Assim, compramos 1.000 lotes a 18,59 na segunda-feira passada. Encerramos a semana ainda vendidos no delta o equivalente a 587 lotes. Vamos diminuir essa exposição rolando as puts que estamos vendidos no preço de exercício de 16 centavos de dólar por libra-peso para 17 centavos de dólar por libra-peso, na próxima segunda-feira. Perdemos US$ 249.575,23 na semana, colocando nosso acumulado em US$ 4.440.742,54, com ganho anualizado de 193,29% nos 575 dias de existência do Fundo.

Boa semana para todos.

Arnaldo Luiz Corrêa

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